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Universidade Federal de Goiás
Magno

Mutações e vantagens do jornalismo digital

Em 12/12/18 13:43.

Secretário de Comunicação da UFG, Magno Medeiros, apresenta as discussões em torno da mudança do Jornal UFG

Magno Medeiros*

Diante de profundas mutações no ambiente digital, o Jornal UFG repensa a si mesmo como produto de comunicação da Universidade. Esse pensar – exercício crítico e criativo – aponta para a necessidade de reformulações, que compreendem o formato gráfico, o conteúdo jornalístico, os públicos-alvo, as funcionalidades e os serviços advindos de avançados recursos tecnológicos. Sendo assim, decidimos investir em um projeto de construção de um portal multiplataforma para o Jornal UFG.

É importante esclarecer que não se trata de extinguir definitivamente as edições impressas do Jornal UFG. A versão impressa poderá ocorrer em edições especiais. O suporte digital, porém, passa a constituir o cotidiano laboral das edições, que deixam de ser mensais e passam a ocorrer em fluxo contínuo. O digital, portanto, transforma-se no fazer jornalístico regular. Assim, você poderá ler o jornal em diferentes telas, do desktop aos diferentes dispositivos mobile (computadores, tablets, celulares, etc.).

Há vantagens e desvantagens em cada um dos suportes. A versão impressa tem a vantagem de facilitar a leitura, uma vez que o formato em papel possui maior legibilidade e se apresenta como visualmente mais acolhedor aos olhos, sobretudo dos leitores mais tradicionais. E, ao acionar os sentidos do leitor – visão, olfato, tato – transparece bastante sedutor, estabelecendo laços afetivos com o produto o qual se relaciona. Mas há desvantagens: 1) o uso do papel, cuja matéria-prima depende da extração de madeira, acaba impactando na ecologia ambiental com sérias consequências na sustentabilidade do planeta; 2) o custo financeiro de se produzir o impresso e de fazê-lo circular fisicamente (impressão, papel, sacos plásticos, correios, transporte, combustíveis); 3) os processos da rotina produtiva (newsmaking), que frequentemente são realizados artesanalmente em nosso ambiente de trabalho, sobretudo no que diz respeito ao acondicionamento e à logística de distribuição de milhares de exemplares.

A versão digital tem as vantagens próprias das tecnologias cibernéticas. O Jornal da USP, por exemplo, extinguiu a versão impressa e aprimorou a versão digital. Contudo, há pelo menos duas grandes desvantagens: o formato digital perde em afetividade e acaba não alcançando os públicos resistentes às novas tecnologias ou que ainda não possuem acesso à internet. Por outro lado, de maneira geral, o jornalismo digital possui pelo menos dez grandes vantagens, sintetizadas a seguir:

  1. Sustentabilidade: A versão digital dispensa papel, tornando o processo produtivo ecologicamente  sustentável. Trata-se de uma questão fundamental para o equilíbrio ecológico, contribuindo para a preservação dos recursos naturais do planeta e para a redução de poluição ambiental.
  2. Alcance: O conteúdo do jornal eletrônico tem alcance muito mais abrangente, uma vez que pode ser acessado por internautas do mundo inteiro. O acesso via internet potencializa o alcance de leitores muito além da tiragem física do jornal impresso.
  3. Velocidade: A difusão de informações pela internet ocorre em tempo real, o que traz ganhos enormes em termos de velocidade. A atual cultura da velocidade pressupõe rapidez na difusão, compartilhamento e no consumo de notícias, imagens e dados informacionais.
  4. Logística: A circularidade on-line é mais eficiente, já que requer apenas conexão à internet. Dessa forma, o digital permite substituir com êxito o modo obsoleto de distribuição física do jornal impresso, cujo transporte ponto a ponto ocorre normalmente de forma lenta e precária.
  5. Economia: Os custos financeiros do jornalismo digital são menores que os do jornalismo impresso. É notório que a produção digital requer grandes investimentos para instalar e manter parques tecnológicos e mão-de-obra qualificada. Entretanto, se compararmos o alcance do impresso e do digital, veremos que o custo/benefício do digital é mais vantajoso pois alcança um número muito maior de leitores.
  6. Pesquisa e memória: O digital permite, ainda, acesso on-line às edições e ao banco de dados e de imagens do jornal, o que viabiliza a pesquisa e contribui para o resgate da memória histórica acerca do tempo/espaço reportados.
  7. Convergência de mídias: Além de texto e imagens, o jornalismo digital permite trabalhar de forma multimídia, contemplando a convergências de plataformas, linguagens e tecnologias. Assim, podemos conciliar e gerenciar conteúdos de rádio, TV, vídeos, viodeocast, podcast, animações e efeitos digitais. Em outros termos, aproveita melhor os diversos recursos disponibilizados pela tecnologia digital.
  8. Novos hábitos de leitura: Pesquisas recentes demonstram que é crescente o número de pessoas que tem a internet como principal fonte de informação. E mais: o acesso ocorre principalmente pelo celular. Assim, com novos hábitos de leitura, sobretudo dos leitores jovens, surge o leitor-navegador e até o internauta pesquisador.
  9. Interatividade: Outra grande vantagem é possibilidade de interatividade. O digital potencializa vários recursos de interação, como chats, canais de atendimento ao consumidor, espaços para comentários, integração com redes sociais, etc. Com efeito, desloca-se do monólogo, típico da comunicação unilateral (brodcasting), para a interatividade on-line.
  10. Usabilidade: O conteúdo do jornal pode ser acessado em diversos dispositivos desktop e mobile, facilitando a navegabilidade por meio de hiperlinks e diversas funcionalidades do mundo digital. Os recursos digitais, portanto, favorecem a acessibilidade e a usabilidade.

Com essas vantagens, o Jornal UFG migra para uma plataforma digital mais robusta, mais interativa e com modernos recursos de navegabilidade, usabilidade e funcionalidades, dentro de um layout e um design inovadores. Assim, insere-se em nova ecologia digital garantindo uma evolução pautada pela divulgação científica e cultural e pela qualidade dos serviços prestados. Afinal, a meta é acompanhar a nova ambiência comunicacional, mantendo-se a qualidade jornalística, a pluralidade de ideias, o respeito aos direitos humanos, a defesa da democracia e da plena cidadania.

* Magno Medeiros é secretário de Comunicação da UFG e professor da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC/UFG)

Categorias: Artigo