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Universidade Federal de Goiás
Belo Monte

Encontro discute políticas ambientais e de infraestrutura

Em 27/12/18 11:38.

Núcleo de Estudos Globais e o Grupo de Extensão de Análise de Políticas Públicas e Relações Internacionais da UFG promoveram a atividade

Bruno Roque

As capacidades estatais no reconhecimento de demandas de grupos vulneráveis, vinculados às grandes obras de infraestrutura, foram analisadas pela professora da Faculdade de Ciências Sociais (FCS) da UFG, Ana Karine Pereira. O encontro, organizado pelo curso de Relações Internacionais no início do mês de dezembro, também promoveu o compartilhamento da experiência de três acadêmicas no programa Youth Climate Leaders (YCL), que visa capacitar jovens líderes e empreendedores para lidar com as mudanças climáticas.

A professora Ana Karine Pereira, da Faculdade de Ciências Sociais da UFG, apresentou a sua pesquisa de doutorado “A Construção de Capacidades Estatais por Redes Transversais: o caso de Belo Monte”.  Segundo ela, há um consenso no campo de análise de políticas públicas de que, para promover o desenvolvimento econômico e social, é importante aumentar o investimento em infraestrutura. Nesse caminho, a pesquisadora buscou entender como as grandes obras de infraestrutura, especificamente a hidrelétrica de Belo Monte, na bacia do Rio Xingu, em Altamira (PA), têm impactado ribeirinhos, pescadores, pequenos agricultores e a população dessas cidades em que as obras são estabelecidas. Ela buscou compreender como os grupos vulneráveis acessam o processo decisório para inserir suas demandas.

Ana Karine tentou lançar um olhar diferente para o problema central da pesquisa: sua ideia foi analisar as capacidades estatais necessárias para que as burocracias consigam conhecer e incorporar as demandas desses grupos ao processo decisório. Nesse caso, o estudo contrapõe a literatura tradicional. Ela realizou um mapeamento das demandas sociais dos grupos impactados pela usina de Belo Monte e verificou como foram encaminhadas as demandas para o governo federal. De acordo com a pesquisadora, foram criados diversos mecanismos de interlocução entre o Estado e os grupos marginalizados. O comitê gestor identificado - o Ibama - realizou reuniões informais com os grupos afetados. O Ministério Público e a Defensoria Pública da Secretaria Geral da Presidência da República estabeleceram meios de acesso para os grupos sociais se comunicarem sobre seus anseios.

Ainda segundo a professora, no caso de Belo Monte, foram obtidas conquistas parciais. “Poucas demandas foram incorporadas ao processo decisório”. Um dos motivos apontados por Ana Karine foi a falta de articulação e estratégias dos grupos vulneráveis contrários à usina e a sua baixa capacidade de se organizar em prol de um objetivo específico. “Existiam diversos grupos, mas cada um defendia o seu interesse, enquanto os grupos favoráveis à construção, além de se relacionar com atores poderosos, se articularam, usaram do seu poder de influência e organização para conseguir atingir seus objetivos”, explicou.

 

Formação de lideranças

As alunas de graduação do curso de Relações Internacionais, Jakeline de Oliveira, Larissa Duarte e Beatriz Altoé, compartilharam suas experiências no programa Youth Climate Leaders (YCL), que tem como principal objetivo capacitar jovens de todo o mundo, desenvolvendo as habilidades de liderança e empreendedorismo para lidar com as mudanças climáticas. O projeto YCL foi vencedor do concurso Climate CoLab, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). 

“Participar do Youth Climate Leaders foi uma experiência incrível. Por meio do YCL, pude aprender e me conectar às pessoas que buscam realizar ações que transformam o meio em que vivem”, afirmou Jakeline de Oliveira.  Segundo a estudante, o YCL capacita agentes de transformação frente às questões climáticas. “Temos um papel importante na luta pela preservação ambiental e, sobretudo,  temos que ser líderes para enfrentarmos os desafios que são decorrentes das mudanças climáticas”. Assim como explicou, o Youth Climate Leaders incentiva o desenvolvimento de projetos para ações de enfrentamento aos desafios ambientais que afetam as pessoas, a fauna e a flora.

Para Larissa Duarte, participar do programa representou um período de conexão com o meio ambiente, com as pessoas a sua volta e com a fluidez das energias da natureza. De acordo com ela, foi um momento de aprendizado sobre as questões climáticas, a relação entre os problemas sociais e o meio ambiente e sobre o autoconhecimento, em um meio composto por jovens que trabalham ou têm interesse em trabalhar com a preservação do ecossistema terrestre de uma maneira prática e empreendedora. “O YCL nos mostra como podemos fazer a diferença, por menor que seja, em qualquer círculo que estejamos inseridos com atitudes simples e simbólicas e, principalmente, traz a jovialidade, engajamento e esperança necessários para a luta pela sobrevivência e proteção do planeta Terra. Foi um prazer imenso conhecer os palestrantes e o que tinham a ensinar e ver, ainda que de longe, o quão ricas eram as atividades práticas proporcionadas aos participantes pelo curso”.

Beatriz Altoé reforçou o enriquecimento da experiência em seu autoconhecimento. “Adquiri a capacidade de me reconhecer como líder e fui estimulada a iniciar projetos que conversem com a minha ideologia”. O curso exalta características de empreendedorismo e independência atreladas à consciência ambiental, fornecendo o know how e demais ferramentas  para o início de projetos. “O YCL possui uma network  composta  por diferentes nichos da sociedade em diferentes ramos da economia, instituições internacionais e acadêmicas e empresas. Foi uma experiência incrível e, sem dúvidas, acompanharei as atividades em 2019 e participarei de novos cursos” afirmou.

Categorias: Meio ambiente Ciências Naturais