Icone Instagram
Icone Linkedin
Icone YouTube
Universidade Federal de Goiás
Álvaro Prata_Conpeex.png

Políticas públicas e a redução de desigualdades no Brasil

Em 15/01/19 10:01.

Professor Álvaro Prata falou ao Jornal UFG sobre os avanços e desafios da área de Ciência e Tecnologia no Brasil

A Universidade Federal de Goiás (UFG) recebeu Álvaro Prata durante o Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão, realizado em outubro de 2018. O professor é ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e membro titular da Acadêmica Brasileira de Ciências (ABC).

 

Quais são os principais gargalos para redução de desigualdades na Ciência e Tecnologia?

Sem dúvida os principais entraves são a necessidade de mais políticas públicas que possam permitir igualdade de oportunidade, criação de instrumento para a redução de desigualdades regionais e o investimento em educação que é um aspecto fundamental. Hoje o Brasil possui instituições de Ciência e Tecnologia muito fortes e relevantes e precisamos levar essa ciência mais a serviço da população, em todos os aspectos. Incentivando o desenvolvimento social, econômico, mas principalmente a oferta de oportunidades, entendendo que as regiões são diferentes e que as pessoas fazem parte de contextos diferenciados.

 

As instituições do Sul e Sudeste são privilegiadas em termos de recursos para a produção científica e tecnológica. O que pode ser feito para mudar isso?

Fortalecer as políticas regionais. O Brasil é muito rico regionalmente, e um dos aspectos que vem com a regionalidade, são as diferentes oportunidades. Precisamos reconhecer essa diversidade, e entender que uma coisa é desigualdade e outra é diversidade. Queremos que o país valorize a sua diversidade regional, social e cultural, mas queremos também que se use isso em benefício da sociedade. As políticas públicas devem fortalecer o empoderamento regional para legitimar as políticas locais, onde o desenvolvimento econômico e social é estimulado a partir da região.

 

Quais são os motivos da desigualdade diminuir no Brasil, mas crescer no mundo?

O mundo tem sofrido grandes transformações tecnológicas, mas elas muitas das vezes não atingem toda a população. Elas mudam o contexto da sociedade, mas excluem, por exemplo, pessoas que não estão habilitadas para determinados trabalhos ou não tem renda apropriada. Então, se você fizer uma política de saúde sem considerar que essa política tem que estar a serviço de toda uma população, inclusive as que não dispõe de mecanismo de arcar com essa situação, a desigualdade é estimulada. No Brasil, as tecnologias têm aumentado a igualdade, porque temos usado essas tecnologias em mecanismos ampliados para a população, seja através da educação a distância, que tem levado a possibilidade de ensino e aprendizagem a uma população que não tinha condições. São as políticas públicas que garantem o desenvolvimento tecnológico e o desenvolvimento científico serão colocados amplamente a serviço da população.

 

Sabemos da aproximação de universidades, empresas privadas e investimento externo. Em fevereiro de 2019 o Marco Legal da Ciência fará um ano de regulamentação. Quais são os benefícios e potencialidades que ele propõe?

No contexto das ações e das políticas públicas, é importante que possamos reforçar o desenvolvimento industrial. A indústria e a empresa brasileira, assim como a atividade empreendedora movimentam a economia. Nesse sentido, precisamos fazer um empoderamento específico de jovens, empreendedores, empresários que queriam avançar nessa atividade. O Brasil tem um forte conhecimento científico, mas de uma maneira geral, o conhecimento não é amplamente utilizado no setor industrial. Se nós olharmos na classificação mundial, percebemos que do ponto de vista de geração de conhecimento nós estamos bem, mas do ponto de vista de competitividade global nós não estamos, tampouco no de inovação tecnológica.

Ainda é difícil a relação entre universidade e empresa, isso porque o empresário sofre com as dificuldades de infraestrutura e burocracia. Mas de toda forma, o Marco Legal da Ciência, é um instrumento jurídico-administrativo que vem para simplificar e facilitar a vida daqueles que querem usar a ciência e tecnologia sobretudo para a inovação, assim como o desenvolvimento econômico e social. Foi um grande passo que nós demos e começaremos a ver os resultados dessa iniciativa. Hoje muitas instituições já se adequam para os novos tempos, onde se reduz a distância entre o público e privado, sobretudo do ambiente acadêmico e científico. Devemos estimular esse convívio entre público e privado sobre todos os aspectos, inclusive no aspecto de formação das pessoas. Eu penso que o Marco Legal foi um grande passo que nós demos e vai melhorar muito o cenário da ciência, tecnologia e principalmente inovação.

 

Categorias: Tecnologia