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Universidade Federal de Goiás
Constelação Familiar aplicada na Educação

Por um olhar mais atento à criança na escola

Em 26/02/19 09:18. Atualizada em 27/02/19 09:40.

Professora holandesa Bibi Schreuder compartilhou a sua experiência com Constelação Familiar aplicada à Educação

Caroline Pires

O auditório lotado acompanhava em silêncio cada movimento do palco. Nem um pio. O público, cada um em sua intensidade, sentia a dor do que se passava a poucos metros de distância. O sentimento de vida em comunidade ganha novos traços quando se está diante de uma Constelação Familiar. Essa foi a atmosfera que envolveu professores, estudantes e curiosos que lotaram o Teatro Asklepíos da Faculdade de Medicina da UFG neste sábado (23/2). Nada mais natural quando se parte do pressuposto de que todos somos parte um sistema maior e que o desejo de pertencimento a um grupo é algo natural, tanto em humanos quanto em animais.

Foi com essa afirmação que a holandesa, Bibi Schreuder, abriu as atividades do evento, compartilhando a experiência de 20 anos de sala de aula, com o trabalho com crianças e com Constelação Familiar. A professora iniciou sua fala tentando explicar o que é a consciência pessoal e como esse mecanismo nos ajuda a permanecer vivendo em grupo. Segundo ela, todos temos um instinto que nos faz viver em conjunto. Afinal, ao se afastar de um grupo, segundo ela, automaticamente se fica mais vulnerável. Isso porque para sobreviver precisamos uns dos outros. Haveria assim, em todos os seres humanos, o impulso de proteger os mais frágeis e inexperientes e um instinto que alerta quando esse círculo de proteção não funciona de forma adequada.

“Nós poderíamos dizer que os adultos protegem as crianças com um cordão mental de proteção. Mas quando os adultos não são adultos, as crianças não podem ser crianças”, afirmou. Ela exemplificou que uma ilusão infantil comum é adultos acharem que a sua missão é reparar o que não foi certo na vida dos pais ou avós, acarretando reflexos nas mais variadas áreas da vida. “Quando você não tem consciência que você vive sua vida em função de reparação do passado, as crianças e adultos se sentem como se o cordão de proteção não estivesse fechado. Daí vem inseguranças, medos, comportamentos agressivos e uma série de consequências”, explicou.

A professora afirmou ainda que os indivíduos têm várias formas de lidar com as dores da vida, alguns passam a ignorar o problema para fugir do próprio sofrimento. “As crianças, filhas dessas pessoas, sentem que existe algo que não deve ser falado. Então, quando você faz parte de um sistema, passa a perceber o que está acontecendo. E mesmo não verbalizando, o seu comportamento se altera, porque ele é a linguagem da consciência sistêmica”, explicou.

Segundo ela, por esse motivo os diversos comportamentos de uma criança em idade escolar devem ser observados por toda a rede de pessoas do seu convívio, incluindo os professores. É preciso dispensar sempre bastante atenção porque os comportamentos têm um significado que extrapola o que é dito. Bibi Schreuder concluiu que a Constelação Familiar não traz soluções, mas sim um pouco mais de lucidez sobre o passado, ajudando o indivíduo a passar por suas dores da melhor maneira que for possível.

A pedagoga Maria Helena Pereira trabalha em uma escola municipal com crianças de 7 a 8 anos e destacou que participa há vários anos das atividades sobre Constelação Familiar na UFG. “Ao longo deste tempo passei a ter um olhar mais apurado não só sobre a criança, mas sobre todo o sistema familiar em que ela está inserida”, afirmou. Já Luiza Medeiros já participou de várias experiências de Constelação Familiar, por conta de Dor Pélvica Crônica. “Sempre saio bem melhor, alguma coisa sempre muda dentro da gente”, afirmou.

13 anos de história

Na abertura do evento, José Miguel de Deus, professor titular da Faculdade de Medicina da UFG compartilhou a alegria de receber a professora Bibi Schreuder para compartilhar a sua experiência com Constelação Familiar aplicada aos temas educacionais. Com uma abordagem sistêmica fenomenológica, a constelação familiar é uma técnica de terapia integrativa que ajuda as pessoas a se reconciliarem com as suas culpas e com os seus destinos. Aliado ao tratamento de saúde, por exemplo, o método contribui para um atendimento holístico do indivíduo. 

“Nosso primeiro encontro aqui na UFG foi em uma sala com sete pessoas em 2006. Hoje temos o privilégio de ter o trabalho com Constelação Familiar se consolidando cada vez mais”, comemorou. A médica e discente da Pós-graduação em Ciências da Saúde, Vânia Meira e Siqueira Campos, que também é idealizadora do projeto de extensão Grupo de Constelações Familiares, destacou que o crescimento do trabalho é consequência da própria realização das constelações. “Não fazemos propaganda e ficamos muito emocionados ao ver como as pessoas são tocadas e convidam outras para participar”, afirmou.

A vice-reitora da UFG, Sandramara Matias Chaves, aproveitou a oportunidade para apresentar a UFG e lembrar que a universidade forma hoje uma comunidade de mais de 50 mil pessoas. Ela ressaltou que este projeto de extensão reflete o esforço permanente de aproximação e troca de experiências entre a universidade e a sociedade. “Todo projeto começa com uma ideia e um sonho, ficamos muito felizes em ver como essa semente cresceu”, concluiu.

Ainda estiveram presentes na abertura do evento, a pró-reitoria de Cultura e Extensão (Proec), Lucilene Maria de Sousa, o vice-diretor da Faculdade de Medicina (FM), Waldemar Neves do Amaral, e o diretor do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (Cepae), Alcir Horácio.

Categorias: Educacão Humanidades