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Universidade Federal de Goiás
Presidente da Fapeg

Gestão da Fapeg quer foco na inovação

Em 11/03/19 18:41. Atualizada em 12/03/19 16:29.

Novo presidente pretende equalizar fomento às pesquisas e transferência de tecnologia

 

Por Michele Martins

 

Com perfil mais empresarial do que acadêmico, o novo presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg),  Robson Domingos Vieira, inicia sua gestão em 2019. Engenheiro elétrico, graduado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), com mestrado e doutorado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC RJ), nos últimos anos ele tem atuado na gestão de empresas de tecnologia e, em 2016, fundou a empresa Ektrum, a qual desenvolve pesquisa aplicada, produtos e consultoria em diversos tópicos relacionados a sistemas 4G/5G.

Para Robson Vieira, o fato de não ter vínculo direto com instituição de ensino ou pesquisa e sua experiência em gestão na área tecnológica permitirão o equilíbrio entre o fomento às pesquisas e a transferência de tecnologia. Confira abaixo a entrevista que ele concedeu ao Jornal UFG.

 

 

Presidente da Fapeg

Como o senhor recebeu o convite para assumir a FAPEG?

O meu ano começou normal, na administração da minha empresa em Brasília. Em final de janeiro tive um contato com o secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação (SEDI), Adriano da Rocha Lima, e começamos a conversar. Ele estava procurando um gestor técnico que tivesse um perfil combinado com indústria e academia. Discutimos algumas opções e a principal era esta da Fapeg, por causa da minha experiência de academia e pesquisa. E também porque o governo está muito focado nesta questão de gestão técnica. Tinha de ter a habilidade de ter trabalhado em gestão focada em pesquisa. Eu já trabalhei em um Instituto de pesquisa focado em gestão e pesquisa aplicada.

 

Qual será o perfil da sua gestão?

Tenho dito em reuniões com entidades parceiras e aqui no Conselho da Fapeg que a gestão da professora Maria Zaíra Turchi foi bem rica, fez a Fapeg crescer bastante em torno das áreas científica e acadêmica, com o estabelecimento de convênios com Capes e CNPq e parceiros internacionais. Temos de aproveitar este caminho e tentar expandir isso. E tem o lado da inovação. Precisamos trabalhar a aproximação da Fapeg e integrar estes dois atores importantes: as universidades, que produzem o conhecimento, com a indústria. Para fazer com que o estado de Goiás possa crescer em inovação.

 

Qual é o atual orçamento da Fapeg? Como esse orçamento é dividido?

O orçamento foi aprovado agora. Não conseguimos fazer nenhum empenho. Há uma decisão da Secretaria de Economia para que o planejamento do orçamento seja feito depois do carnaval. Temos R$ 53 milhões vinculados a 2019. Não podemos esquecer o orçamento vinculado a 2018 com uma série de projetos já empenhados para executar neste ano. Como comentei, temos também várias parcerias estabelecidas e precisamos executar os acordos neste ano. O orçamento de 2019 já possui um destino previamente definido por meio de acordos estabelecidos. Temos outros lados que desejamos atacar como a inovação e o fortalecimento dos parques tecnológicos, com um orçamento grande vinculado ao Parque Tecnológico Samambaia e o Parque Tecnológico de Jataí, ambos da UFG, além de outros parques do estado. Estaremos focados a ajudá-los a criar um ambiente para que as empresas possam se estabelecer nesses parques. O ano de 2019 vai ser um desafio para executar o orçamento vinculado.

 

Então, para os projetos já aprovados, os recursos estão garantidos?

Os recursos estão empenhados. O grande desafio que temos aqui, e dos últimos oitos anos é o relacionamento com a Secretaria da Fazenda (Sefaz) para garantir e negociar a liberação do dinheiro para execução dos projetos. Estamos com uma série de reuniões agendadas com a secretaria para garantir os nossos acordos com os grandes parceiros que são a comunidade científica e os polos. Precisamos trabalhar bem com o pessoal da Sefaz para conseguirmos honrar nossos acordos. Pode sair atrasado, pode demorar um pouco, mas sempre conseguimos cumprir todos os compromissos. Eu diria que este é um ponto importante que precisamos considerar.

 

Qual seria o impacto financeiro na instituição caso seja aprovada a emenda aditiva ao artigo 158 da constituição estadual que retira a obrigatoriedade do investimento de 3,25% das receitas líquidas do Estado em Ciência, Tecnologia e Inovação?

As últimas notícias que temos é que isso não vai para frente. Isso vai totalmente contra o que a comunidade quer e o que temos trabalhado junto com a secretaria de Desenvolvimento Econômico e Inovação para o futuro da Fapeg. Temos várias estratégias, inclusive trabalhando junto às universidades e junto ao secretário de Desenvolvimento Econômico e Inovação para levar uma proposta ao Governador de aumento do percentual destinado à pesquisa. Queremos chegar até 1% como ocorre com a Fundação de Amparo à pesquisa do estado de São Paulo (Fapesp). O que foi mencionado para mim, por todos estes atores do sistema de pesquisa e inovação em Goiás é o quanto a Fapeg afetou o Estado de Goiás positivamente em termos de oportunidades para a pesquisa e de quanto somos importantes para as instituições deles. Então, se a gente reduz esse percentual, isso afetaria as perspectivas dos jovens e estudantes em termos de crescimento de pesquisa em Goiás. Ontem, por exemplo, tive uma reunião no IFGoiano e me falaram o quanto a Fapeg alterou a região na qual se instalaram. A aprovação dessa emenda causaria um impacto muito negativo e vai contra o desejo do próprio Governo de ter um Estado moderno e preparado para as demandas do futuro em termos de tecnologia. Está vindo muita coisa nova, se não nos prepararmos, Goiás vai ficar defasado.

Presidente da Fapeg

 

A Fapeg é um das grandes parceiras da UFG quanto ao fomento de pesquisas. Uma das preocupações da comunidade acadêmica da UFG é em relação à continuidade dos projetos e programas de apoio à pesquisa. Como ficará esse apoio?

Ao chegar de Brasília, um dos primeiros contatos que fiz foi com a UFG por saber o quanto são ativos e importantes no Conselho da Fapeg. Conversei com o Reitor Edward Madureira Brasil e com a vice-reitora, Sandramara Matias Chaves, um pouco sobre propostas de melhorias e utilização dos recursos. Estamos bem alinhados quanto a isso. Se olharmos para os projetos, eu diria que a UFG está participando de 50% deles. Como nos Parques Tecnológicos onde foram aplicados R$ 10 milhões. Investimentos importantes para melhorarmos sua estrutura. Outro projeto interessante é que vamos conseguir mapear o perfil dos pesquisadores a partir da plataforma do currículo lattes e outras plataformas vinculadas à educação. Imagina a riqueza dessa informação ao elaborarmos os editais e atrair as empresas. Esse são alguns dos projetos que ainda vamos lançar em parceria com a UFG que é muito rica em seus recursos humanos. Na última reunião do Conselho da Fapeg conseguimos a aprovação de seis editais. Alguns desses já são regulares. Estamos recuperando o (edital) de iniciação científica para apoiar a base da pesquisa. No edital de bolsas buscaremos valorizar o jovem cientista. Para o pesquisador que está acabando o mestrado ou começando a fazer o doutorado, ou precisa de fomento para apresentar seu trabalho em eventos científicos, vamos lançar um edital atendendo essa demanda, para que possam crescer como pesquisadores. Vamos lançar também um edital específico para enfatizar e estabelecer um vínculo com a indústria com o objetivo de contemplar os estudantes que estão no mestrado ou no doutorado pesquisando sobre a indústria. Esses estudantes ganhariam uma espécie de bônus. A ideia é ser criativo para nos aproximarmos das indústrias que são muito importantes para ajudar a trazer mais recursos e agregar maior valor ao que exportamos, indo além dos commodities.

 

A área das humanidades estará contemplada também com estes novos editais?

Eu diria que estamos preocupados com isso. Podem se sentir contemplados sim. Vamos olhar para estas outras áreas que não sejam apenas tecnológicas, mas que são de fomento e que possam agregar para o Estado. Temos a intenção de dar atenção maior ao nordeste do estado. Queremos trabalhar junto com as instituições parceiras para termos novas ideias.

 

Em relação popularização da Ciência, como a Fapeg tem incentivado ações nessa área?

Essa é uma de nossas vontades, incentivarmos a massificação do conhecimento. que seria preparar a população comum para as tecnologias que estão vindo e dessa forma as pessoas começarem a perceber qual o impacto disso na vida delas. De alguma forma precisamos criar uma metodologia para passar esse conhecimento à população Deveríamos começar na base, no ensino básico de uma forma didática. Temos conversado sobre isso com o Senai. Claro que precisamos estruturar isso bem e consultar a comunidade científica e nosso conselho científico, para lançar um edital ou convênio que possa, de alguma forma, alcançar esses objetivos.

Fonte: Secom UFG

Categorias: Entrevista Humanidades