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Universidade Federal de Goiás
Semana dos Povos Indígenas

Mesa-redonda discute produção de coletivos indígenas

Em 11/04/19 14:34. Atualizada em 17/04/19 15:05.

Intenção é promover diálogos sobre a construção de coletivos e seus direitos constitucionais

Fotos: Natália Cruz

Texto: Letícia Santos

As associações e organizações indígenas surgiram, em diferentes regiões do Brasil, na década de 1980. Se antes o Estado seguia uma política que visava integrar os povos indígenas na sociedade, por meio da adoção do português como idioma oficial nas escolas, o que consequentemente negava a cultura particular desses povos, no ano de 1988, o cenário começou a adquirir novos traços.

Após a promulgação da nova Constituição Federal, as organizações indígenas despontaram, devido à possibilidade desses povos se constituírem como pessoas jurídicas. Com o intuito de valorizar esses povos foi realizada em abril a semana dos povos indígenas, evento promovido em conjunto pelo Instituto Goiano de Pré-história e Antropologia da PUC Goiás, o Museu Antropológico da UFG (MA/UFG) e o Conselho Indigenista Missionário (CIMI/GOTO). No debate promovido na tarde de quarta-feira (10), especialistas, professores e indígenas puderam expressar suas opiniões sobre a “produção de coletivos indígenas”.

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Grandes lideres indígenas fizeram e fazem parte da história dos povos que lutam até hoje pelo devido reconhecimento e proteção. A indígena Suzana Xerente, considera a importância da liderança e da comunicação nas relações interpessoais da tribo. Os eventos realizados na comunidade são previamente avisados para que assim todos possam alcançar um consenso. “Antes de vir para o evento, comuniquei sobre a minha saída para o cacique e para os anciões, que são nossa fonte de conhecimento, de onde nós entendemos a importância da cultura”. Segundo ela, as lideranças devem buscar defender a tradição de seu povo acima de tudo. “Nossos antepassados lutaram pra defender o que é nosso, o território, a comunidade e a natureza, então também cabe a mim proteger os nossos costumes”.

Apesar das demarcações territoriais provenientes a partir da nova Constituição Federal de 1988, a resistência em reconhecer a população indígena como população atuante na sociedade é perpetuada. Suzana promove reflexões a respeito do preconceito com o seu povo. “Se nós estávamos nessa terra antes da chegada dos portugueses, por que não somos respeitados?”.

Camila Mainardi, professora da Faculdade de Ciências Sociais da UFG, defende que a ideia de pensar produção de coletivos está ligada com o esforço de pensar “produção de pessoas”, o que significa dizer que nem coletivos e nem pessoas existem por si só, espontaneamente, ambos precisam ser construídos. “Os sujeitos singulares como coletivos são entendidos como agregados de relações que precisam ser compostas e podem ser decompostas em processos que combinam movimentos de oscilação entre estados de retração, expansão e concentração de relações”.

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A partir da sua pesquisa de doutorado, Camila analisa a produção do coletivo Tupi Guarani, do litoral de São Paulo, no contexto das iniciativas culturais provenientes do governo. É preciso que as produções culturais assegurem a participação das comunidades indígenas para que assim a valorização do espaço de coletivo aconteça. “Se por um lado tal produção cultural garante de certa forma visibilidade para as famílias indígenas Tupi Guarani do litoral, por outro lado, ela não valoriza as relações do próprio regime do conhecimento”, afirma a professora.

Saberes coletivos. Para o professor e indígena Welligton Tapuia, esse é o termo mais adequado para denominar essa produção cultural coletiva. Um dos papéis mais importantes na configuração dos saberes de conhecimento é o da escola na comunidade indígena. Segundo a FUNAI, os povos Indígenas possuem direito a uma educação escolar específica, diferenciada, intercultural, bilíngue/multilíngue e comunitária, conforme define a legislação nacional que fundamenta a Educação Escolar Indígena. “A escola é considerada por nós o pilar base na produção do conhecimento”, concluiu Welligton.

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Fonte: Secom UFG

Categorias: Arte e Cultura