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Universidade Federal de Goiás
Palestra

Pela construção de espaços feministas e da pluralidade de gênero

Em 18/04/19 17:05.

Palestra aponta a importância de uma Universidade em que minorias possam transitar e da escrita de histórias voltadas para mulheres

 

Maryana Souza

Pela construção de espaços feministas e da pluralidade de gênero

Com o intuito de debater sobre feminismo, questões de gênero e apresentar as pesquisas das professoras Luciene Dias (FIC-UFG) e Ana Carolina Coelho (FH-UFG) o Ser-tão, Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero e Sexualidade, promoveu nesta quarta-feira (17/04) a palestra “Feminismo e gênero: Fronteiras e travessias transdisciplinares” na Sala de Defesas (AS-03) da Faculdade de Ciências Sociais, no Câmpus Samambaia. O evento foi aberto com uma performance musical, seguida por slam, um tipo de poesia para ser declamada. Ambas as apresentações trouxeram um cunho político à arte com letras sobre temas como violências de gênero, sistêmica e grupos socialmente marginalizados.

Palestra

 

A palestra debateu a importância da construção de uma academia plural,  conquista de novos espaços para as minorias e os perigos de uma literatura com discurso hegemônico e normatizador voltado para mulheres. O interesse por esses temas foi perceptível no espaço do evento: a Sala de Defesas (AS-03) que comporta 41 cadeiras ficou lotada, com participantes sentados no chão e até mesmo ouvindo apresentações do lado de fora do prédio.

Pela construção de espaços feministas e da pluralidade de gênero

Durante sua fala Luciene Dias contou sobre sua experiência ao lecionar a disciplina de Cidadania e Direitos Humanos, onde sentiu que “lidar com os estudos fronteiriços é reinventar-se a cada dia, recuar e avançar, estrategicamente, para dialogar com a conjuntura política contemporânea”. Além disso, a professora falou sobre o Pindoba, grupo de pesquisa e narrativas da diferença, criado em 2012 e que recebeu esse nome em referência ao coco do babaçu, que após ser queimado desponta novas palmeiras do fruto. Dias afirmou, emocionada, a importância da resiliência para as mulheres negras na Universidade e para que elas consigam “criar espaços de questionar e transformar contextos”.

Pela construção de espaços feministas e da pluralidade de gênero

A professora da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) também falou sobre a criação do Grupo de Trabalho e Ações Afirmativas (Gata) com enfoque em raça e gênero na FIC. Com a criação do Gata, os professores, técnicos administrativos e discentes desta unidade acadêmica passaram a desempenhar políticas de ações afirmativas para os cursos de comunicação.

A professora de História Ana Carolina Coelho abordou outro tema feminista ao apresentar sua pesquisa voltada para a construção de histórias escritas para mulheres, os chamados “chic-lit” ou “pornografia para mamãe”. O foco da historiadora foi na narrativa da trilogia de filmes e livros de “50 tons de cinza” e a tentativa de compreender os motivos do sucesso dessa história no Brasil, já que esse tipo de escrita não é novo. Coelho afirma que, nesse romance, os discursos de violência e prazer se misturam.

A pesquisadora defende que a narrativa de que a trilogia liberta a mulher para o viver o prazer como uma armadilha ao deturpar o conceito de sadomasoquismo, já que na narrativa a mulher tem uma submissão total da própria vida, e não somente nas relações sexuais. Coelho afirma que o perigo no discurso de “50 tons de cinza” está justamente em normativizar e padronizar “qual é a liberdade que você pode e deve almejar dentro das relações sexuais”. Ana Carolina Coelho também expõe que a escrita desse livro, apesar de considerada soft porn (pornografia leve), traz descrições que se assemelham às descrições de crimes de feminicídio.

Por fim, a historiadora afirmou que essa narrativa é construída para manter as mulheres na norma e nela não existe espaço para a diversidade. Além disso, esse tipo de história cria a ideia de que a mulher deve abrir mão da sua liberdade para viver esse tipo de romance, que essa é a fórmula da felicidade e Coelho explica que “isso vem de uma lógica da tentativa de amansar e docilizar corpos” criando regras de como falar de sexo, que mais prendem do que libertam.



Fonte: Secom UFG

Categorias: Humanidades