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Universidade Federal de Goiás
BaianaSystem (1) Foto: Pedro Gabriel

BaianaSystem traz som contestador e dançante ao câmpus

Em 24/04/19 10:11. Atualizada em 25/04/19 09:17.

Banda apresenta pela primeira vez a Goiânia seu novo álbum "O futuro não demora” e marca estreia da temporada 2019 do Projeto Música no Câmpus

Texto: Mariza Fernandes

Fotos: Pedro Gabriel

BaianaSystem (1) Foto: Pedro Gabriel

BaianaSystem: 10 anos de carreira nos 10 anos do Música no Câmpus

 

A temporada 2019 do projeto Música no Câmpus estreou na noite desta terça-feira (23/04) recebendo a banda BaianaSystem. O grupo, que é conhecido por não deixar o público ficar parado e pelas composições com um forte engajamento social, fez valer o reconhecimento, alcançado durante sua última turnê, como a banda que apresenta o melhor show do país. O Centro de Cultura e Eventos da Universidade Federal de Goiás (UFG) foi tomado pela energia contestadora do BaianaSystem, que trouxe pela primeira vez a Goiânia o show da turnê de seu terceiro e recém-lançado disco: O futuro não demora.

BaianaSystem (2) Foto: Pedro Gabriel

Russo Passapusso e banda atendem à imprensa após o show 

Formada por Russo Passapusso (voz), Roberto Barreto (guitarra) e Seko Bass (baixo), a banda é um dos maiores fenômenos da música baiana, reconhecida pela autenticidade, por não procurar se encaixar em nenhuma definição de estilo musical e pela forte mistura de ritmos brasileiros e afro-brasileiros em suas produções. Após o show, o vocalista Russo Passapusso transformou a entrevista coletiva em um diálogo com o guitarrista Roberto Barreto e com os jornalistas. Ele destacou que tem feito muitas pesquisas com o objetivo de compreender as heranças afro-latino-americanas do Brasil e lançou algumas questões para o colega: “Eu quero saber o que é sul-americano. Eu estou com essa dúvida na cabeça. Como é o brasileiro sul-americano? Com um mercado que tanto prega os norte-americanos, a gente quer ser Beyoncé… será que a gente é esse tipo de negro norte-americano? Será que a gente se encaixa nessas doutrinas norte-americanas?”.

BaianaSystem (3) Foto: Pedro Gabriel

Saci: música do novo álbum "O Futuro não demora"

A resposta de Roberto demonstrou o alinhamento entre os integrantes da banda com um pensamento crítico sobre a formação da identidade brasileira. “Às vezes é difícil para nós, brasileiros, nos entendermos como sul-americanos, como país que sofreu colonização, que foi formado nessa coisa basicamente mestiça. Todos os países da América Latina têm esse início em comum, e às vezes é difícil para a gente entender porque temos essa sombra de uma coisa externa influenciando, seja na língua, na forma como pensamos e economicamente”, explicou o guitarrista. O diálogo entre os dois remete à música “Sul-americano”, que faz parte do novo álbum e foi uma das mais celebradas durante o show, quando o público pulou aos gritos de “justiça é cega”, trecho da canção que resulta de uma parceria com o músico Manu Chao e teve, como uma de suas fontes de inspiração, o livro “As veias abertas da América Latina”, do uruguaio Eduardo Galeano.

A letra de  “Sulamericano” é bastante atual em relação ao momento político no Brasil e na América Latina e chama a atenção para a necessidade de acreditarmos menos em Obama e mais em Guevara, apontando para o histórico de imperialismo norte-americano e as influências estadunidenses na política da região. “A gente acabou de passar por uma situação muito grave, a doutrina de choque, que é esse envolvimento norte-americano em todos os países da América do Sul. Antes disso que está acontecendo agora já teve um. Esse é o processo que eles fazem pra instalar não uma economia de mercado, porque já passa disso, é uma sociedade de mercado”, explicou Russo Passapusso.

Uma década de Música no Câmpus

Com o show da turnê que marca os 10 anos da BaianaSystem, a banda abriu a temporada que também comemora uma década do projeto Música no Câmpus, realizado em parceria entre a Unimed e a Universidade Federal de Goiás. De acordo com a curadora do projeto e pró-reitora adjunta de Extensão e Cultura da UFG, Flávia Cruvinel, o desejo de convidar a banda para se apresentar no Música no Câmpus é antigo, mas só agora se concretizou. “O projeto surgiu com a ideia de dar uma destinação cultural a esse espaço do Centro de Cultura e Eventos da UFG. Ao pensarmos nas características do Música no Câmpus, compreendemos que deve ser um evento de música popular, que traga a diversidade musical brasileira”, explicou a pró-reitora adjunta.

Ao longo de 10 anos, o projeto teve o cuidado de trabalhar com grandes nomes da música e também com artistas que estão fora da grande mídia. “Já trouxemos Filipe Catto, Marcelo Jeneci, Ná Ozzetti, Tom Zé, Criolo, Jorge Mautner, então nós fazemos um balanço para trazer bastante diversidade em cada temporada”, destacou Flávia, que revelou ainda quais serão as próximas atrações do Música no Câmpus: Vanessa da Mata se apresenta em junho, durante a Semana de Arte e Cultura da UFG, e Paulinho da Viola vai comandar o show de aniversário do projeto, em setembro.

Diferente de outras temporadas, que chegaram a receber cinco artistas em um ano, O Música no Câmpus 2019 contará com apenas três apresentações. De acordo com Flávia Cruvinel, diante do corte de gastos que atinge as universidades públicas, a opção foi reduzir o número de shows para garantir a qualidade dos eventos, trazendo grandes artistas e mantendo os preços populares dos ingressos para receber um público diverso. “Nós aprendemos muito ao longo desse tempo. Por exemplo, no show do Criolo não colocamos cadeiras para a plateia, mas depois percebemos a importância de manter as cadeiras, pois recebemos pessoas de todas as idades” afirmou. A curadora do projeto destacou ainda que o Música no Câmpus, além de fomentar a cultura, movimenta a economia local, tendo em vista que os estabelecimentos comerciais do entorno do Câmpus Samambaia recebem o público antes e depois do show.

BaianaSystem (5) Foto: Pedro Gabriel

Música no Câmpus 2019 começa em grande estilo e com engajamento social

 

BaianaSystem (6) Foto: Pedro Gabriel

BaianaSystem na UFG trouxe pela primeira vez a Goiânia o show do terceiro e recém-lançado disco

BaianaSystem (4) Foto: Pedro Gabriel

A plateia curtiu no Centro de Cultura e Eventos da UFG "o melhor show do país"

A apresentação no Centro de Cultura e Eventos da UFG agradou ao público. Uma das características da BaianaSystem é a diversidade no formato dos shows, que variam de acordo com a plateia. Para quem já esteve em outras apresentações da banda, o evento em ambiente fechado proporcionou uma experiência diferente. “Achei que o show teve um caráter mais político que o outro que vi no ano passado. Acho que isso ocorreu por o show acontecer dentro da universidade, e estar dentro de uma proposta de possibilitar acesso à cultura. Não tinha necessariamente um caráter comercial, como tem em um festival. Acho que até por isso, a banda se permitiu fazer mais experimentações sonoras, fazer um show com uma pegada política e de resistência mais clara. Mesmo com tudo isso, queria que eles tivessem tocando mais algumas músicas do CD novo deles, elas são maravilhosas!”, afirmou a estudante de psicologia Helena Barbosa.

Fonte: Secom / UFG

Categorias: Arte e Cultura