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Universidade Federal de Goiás
OBR Centro de Eventos

Olimpíada de Robótica: tecnologia e aprendizagem a serviço da comunidade

Em 23/09/19 16:48. Atualizada em 25/09/19 09:25.

Competição estadual propôs uso de robôs em simulações de salvamento

Gustavo Motta

Máquinas que parecem pensar sozinhas, que caminham, desviam de obstáculos e podem salvar vidas - tudo isso foi pensando com a criatividade e a curiosidade encantadora de crianças e jovens que participaram da Etapa Estadual da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR). O evento, que começou na última sexta (20) e encerrou no sábado (21), contou com a participação de equipes formadas por estudantes de escolas públicas e privadas - do primeiro ano do Ensino Fundamental à terceira série do Ensino Médio.

“Tudo isso aqui é UFG, até aqueles prédios lá fora”, contava uma professora, apontando para a Escola de Música e Artes Cênicas (Emac/UFG) e deslumbrando os pequenos com o tamanho da Universidade Federal de Goiás (UFG) e a dimensão do Centro de Cultura e Eventos Professor Ricardo Freua Bufáiçal, local que recebeu os dois dias de competição no Câmpus Samambaia. “Eu nunca tinha vindo aqui antes, e estou achando muito legal porque é enorme”, admitiu o estudante Daniel Danas, com apenas 10 anos de idade, que participou da OBR pela primeira vez.

Na etapa estadual da olimpíada, as equipes foram divididas em três níveis. Os estudantes do ensino fundamental podem participar em dois níveis: o chamado “nível zero”, que contempla crianças até o terceiro ano, sem chances de acesso à OBR Nacional, e o Nível 1, que aceita equipes até o oitavo ano e possibilita chegar à edição brasileira do evento. O Nível 2 permite a formação de equipes com faixa escolar a partir do oitavo ano, o que inclui todas as séries do ensino médio e técnico, sendo o único que permite aos grupos participar da Robocup 2019, competição internacional.

OBR competição
Etapa Goiana da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR) contou com competições em três níveis, para diferentes faixas escolares (Fotos: Carlos Siqueira)

Disputa

A programação de sexta contou com provas que foram realizadas por equipes do Nível 1. No total, 41 grupos participaram das atividades em 12 arenas para testes. A ideia é desenvolver robôs de resgate, que possam seguir um caminho, desviar de obstáculos, subir terrenos inclinados e transportar bolinhas que representam vítimas de desastres ou acidentes. Entre os obstáculos, estão caixas de leite, objetos cilíndricos atados ao chão (semelhantes a quebra-molas), e portais que precisam ser atravessados sem cair.

Os robôs precisam seguir uma linha preta em direção às bolinhas, mas devem se desviar dos obstáculos. “Inclusive remover qualquer objeto do meio do caminho retira pontos, por isso projetamos nosso robô para realizar um desvio com formato triangular, contornando o objeto e retornando à faixa preta”, contou Júlia Malaspina, 14 anos, que veio de Anápolis com sua equipe para participar da etapa goiana. “É difícil realizar essas provas, mas o desafio de montar um robô e participar da competição é muito legal”, avaliou.

Robo Júlia Malaspina
Júlia, 14, exibe o robô que construiu em equipe com colegas de Anápolis, sob supervisão do professor Marcos Vinícius

O chefe de arbitragem da competição, Lucas Simões, explicou que existem duas cores de bolinhas -  pretas e cinzas, sendo que as primeiras representam vítimas fatais, enquanto as segundas equivalem às pessoas feridas que, por isso, têm prioridade no resgate simulado. “Elas precisam ser transportadas até uma área segura, representada na arena por um triângulo”, acrescentou. Para cada um dos três níveis existe um campeão, que é definido pelos juízes após a realização de todas as provas em níveis fácil, intermediário e difícil.

Para a realização de cada prova, existem tentativas. “Nós entregamos dois marcadores aos participantes, para que sejam dispostos em pontos da prova (na superfície do chão), sendo que o robô tem três chances para chegar até o primeiro marcador”. O mesmo se repete até o segundo, e novamente, para alcançar a rampa que dá acesso à área de salvamentos. “Para subir, existem outras três chances, e o mesmo se repete com o resgate das bolinhas”, completa Lucas, que também é membro do Núcleo de Robótica da UFG, Pequi Mecânico.

O chefe de arbitragem avalia que a participação das equipes é muito importante para o desenvolvimento da criatividade, da inovação, do trabalho em equipe e aprimoramento de responsabilidades. “Para muitos, criar um robô e participar de um evento como esse é sair da zona de conforto, pois tira a criança do ambiente escolar e a coloca em um evento que faz ter contato com a competitividade e a prepara para o futuro”. O evento é gratuito. Por isso, todos os estudantes de escolas públicas ou privadas podem participar.

Rampa OBR
Equipe comemora chegada de robô à rampa, após ter passado por obstáculos em pista

Equipes

Daniel, citado no começo da matéria, faz parte de uma das cinco equipes do Sesi Vila Canaã e estuda no quinto ano do Ensino Fundamental. “Nós criamos um robô feito em material de Lego, e isso foi muito legal pra aprender um pouco sobre programação”, conta. O pequeno ficou orgulhoso em explicar o funcionamento da máquina: “ele é acionado por um botão, e se movimenta por meio de dois sensores que identificam o caminho a ser seguido”.

Além disso, existe outro sensor, chamado ultrassônico que serve para identificar a claridade no espaço e detectar obstáculos, que fazem o robô parar e calcular uma rota de desvio. “Nós estamos desenvolvendo esse robô faz cerca de uma semana apenas”, contou, com muito orgulho pela criação e pela possibilidade de participar, pela primeira vez, do evento. O professor de Robótica do Sesi, José Júnior, destacou que a instituição oferece a disciplina no currículo escolar e atividades em contraturno, que permitiram a criação desse robô.

“Nós percebemos que à medida que o estudante participa dessa atividades, ele cresce como indivíduo, desenvolve sua criatividade, responsabilidade, organização, comunicação e trabalho em equipe”. Conforme o professor, esse é o quinto ano consecutivo em que o Sesi Vila Canaã participa da OBR em Goiás. “Temos uma preparação muito intensa com nossas crianças, que têm acesso a salas equipadas para receber testes com robôs”, destacou o educador, representante de uma escola que é tricampeã em Goiás pelo Nível 1.

SME

Essa é a primeira vez em que equipes de escolas mantidas pela Secretaria Municipal de Educação de Goiânia (SME) participam da OBR. “Em 2018, estivemos aqui assistindo ao evento, com cinco escolas, e nos preparamos para a olimpíada nesse ano, trazendo 14 equipes”, conta a Gerente de Tecnologia Educacional da SME, Luciana Barbosa. Ao longo do ano, a Rede Municipal realizou um projeto intitulado Makers, com objetivo de capacitar educadores para o ensino de robótica nas escolas.

“Realizamos uma simulação da olimpíada em agosto desse ano, como uma prévia do evento, com objetivo de preparar nossas crianças”, conta. Entre os grupos da SME, está a Equipe P1, formada por Raíssa Cristina e Palhares Eduardo, ambos com 13 anos, e Felipe Rodrigues, 14 - todos estudantes da Escola Municipal Alice Coutinho, localizada na Vila Moraes, região leste de Goiânia. “O nosso robô começou a ser desenvolvido no ano passado e foi programado para seguir uma linha, além de subir inclinações como rampas”, afirmou Raíssa, justificando a utilização de quatro motores no robô de transporte. 

Além disso, o equipamento conta com um sensor ultrassônico que detecta obstáculos a três centímetros de distância, o que permite ao robô desviar de objetos no meio do caminho e criar uma rota de contorno - esse sistema é similar aos sensores dos carros mais atuais, que possibilitam maior segurança ao deslocamento de passageiros. “Nós ainda temos o que melhorar nesse projeto”, explica, adicionando que um projeto futuro de incremento ao aparelho é a aplicação de uma garra frontal.

Equipe SME1
Equipe P1: da esquerda à direita, Felipe Rodrigues, Palhares Eduardo e Raíssa Cristina, com seu robô em desenvolvimento ao centro

Formada por jovens da mesma escola, a Equipe Cecília, que conta com Emiliano Rodrigues, 12, e Gabriel Jeová, 13, chegou ao evento com um robô que se locomove por meio de esteiras ao invés de rodas - como um tanque de guerra. “No início trabalhamos com rodas, mas percebemos que a tração era baixa e o robô derrapava muito na superfície, por isso fizemos essa substituição”, explicou Gabriel. Outro adicional é o sensor que permite ao robô desviar de obstáculos que estejam a dez centímetros de distância, além de outro para detecção de trajeto.

Equipe Cecilia
Equipe Cecília: da esquerda à direita, Gabriel Jeová e Emiliano Rodrigues tomam alguns cuidados com robô que se movimenta por meio de esteiras

Evento

A OBR é considerada um dos maiores eventos de robótica na América Latina - em 2018, reuniu cerca de 160 mil participantes de escolas brasileiras, públicas e privadas. Nos dois dias de evento, a UFG recebeu 190 equipes, sendo que três são premiadas como campeãs - uma para cada nível da competição. 

O evento tem apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Ministério da Educação (MEC) e Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), com suporte da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) e RoboCup Federation, responsável pelo evento internacional.

A coordenação do evento na UFG é de responsabilidade da professora do Instituto de Informática (INF) Telma Woerle, que destacou a importância de se adequar o ensino das tecnologias à grade curricular das escolas: “não dá mais para limitar o ensino à estrutura do quadro, sala e carteiras”.

Espaço de mesas OBR
Centro de Eventos recebeu etapa goiana da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), com espaço de mesas que funcionaram como bases para as equipes

Fonte: Secom/UFG

Categorias: Tecnologia