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Universidade Federal de Goiás
Lisbeth

Porque curricularizar a Extensão Universitária?

Em 04/11/19 13:52. Atualizada em 10/03/20 12:03.

Professora comenta a regulamentação e integralização curricular da Extensão

Lisbeth Oliveira*

No fundo admitir a Extensão como indissociável do Ensino e da Pesquisa em nossas universidades implica admitirmos que ensinar tem a ver com a unidade dialética prática-teoria, algo que não aprendemos ainda a fazer, pois comumente fazemos oposição entre prática e teoria. Paulo Freire, um dos mais destacados pedagogos do Século XX, ao caracterizar esse processo dialógico o reconhece muito além de uma simples conversação, mas como um "processo entre sujeitos",
promotor de uma relação teórico-prática que é crítica, problematizadora e instigadora. Esta relação não é desprovida de "rigorosidade e respeito", o que demanda posicionamento afirmativo, uma "disposição para escutar e para confrontar", como comenta Oscar Jara em seu recente curso de Educação Popular Latino-Americana, ofertado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul por ocasião da realização do 20º Salão de Extensão daquela Universidade.


Ano passado a formação universitária no Brasil recebeu um desafio: a aprovação da Resolução n° 07 de 18 de dezembro de 2018, que estabelece as Diretrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira e regimenta o disposto na Meta 12.7 da Lei no 13.005/2014, que aprova o Plano Nacional de Educação - PNE 2014-2024. Desde então regulamentar a integralização curricular da Extensão nos projetos pedagógicos e nos currículos dos cursos de graduação de nossas universidades se caracteriza como uma tarefa a ser cumprida no prazo de três anos. Com esta proposta o debate em torno da Educação Popular ganha destaque nos últimos meses, não apenas porque em setembro 2019 se comemorou o aniversário de nascimento de Paulo Freire, mas "porque a vivência de estudantes na extensão universitária reforça a ideia de que é preciso ter uma formação mais diálogica e horizontal“, afirmou Sandra de Deus, Pró-Reitora de Extensão da UFRGS.


Em tempos em que o legado do educador Paulo Freire vem sendo reiteradamente desqualificado no debate público brasileiro desde a recente ascensão de setores conservadores, aproximar o valioso repositório da Extensão Universitária com o aporte teórico da Educação Popular, fortalece a formação para uma Educação transformadora e emancipadora, onde, como disse Freire "nem teoria só, nem prática só (...) mas prática e teoria iluminando-se mutuamente“.

Lisbeth Oliveira é integrante do corpo docente, de extensão e de pesquisa da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da Universidade Federal de Goiás

 O Jornal UFG não endossa as opiniões dos artigos, de inteira responsabilidade de seus autores.

Fonte: Secom UFG

Categorias: Artigo