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Universidade Federal de Goiás
Professora Denise edit

Estilo de vida saudável favorece controle da Esclerose Múltipla

Em 28/05/20 10:26. Atualizada em 29/05/20 11:58.

Próximo ao Dia Mundial da Esclerose Múltipla, professora Denise Sisterolli esclarece sobre a doença

Ascom do HC-UFG/Ebserh

O Dia Mundial da Esclerose Múltipla 2020 será celebrado no próximo sábado, dia 30 de maio, e a médica do Hospital das Clínicas da UFG e professora da Faculdade de Medicina, Denise Sisterolli Diniz, apresentou as características e esclareceu as principais dúvidas da doença. Ela é neurologista e coordena o Centro de Referência e Investigação em Esclerose Múltipla (Criem) do HC/UFG/Ebserh.

Professora Denise

O que é a Esclerose Múltipla e quais os principais sintomas?

A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença autoimune, ou seja, uma doença em que o próprio organismo cria células e substâncias inflamatórias que atacam alguma parte ou órgão do organismo. No caso da Esclerose Múltipla, é a bainha de mielina, a capa que recobre os nervos e que forma a substância branca do Sistema Nervoso Central (Encéfalo e Medula espinhal).

Acomete preferencialmente pessoas adultas Jovens (15-55 anos) e mulheres (2-3 Mulheres por um homem). Não tem causa definida, mas existem fatores genéticos, apesar de não ser de caráter hereditário, e fatores ambientais (latitude abaixo e acima de 30, deficiência de vitamina D, tabagismo, infecções virais na infância, entre elas o Epstein Baar, poluentes, obesidade, entre outros).

Países de clima frio, como países europeus, Estados Unidos, Canadá são os que possuem mais casos: acima de 100/ 100.000 habitantes. No Brasil, a incidência varia muito com a região. No Centro-Oeste, a incidência fica entre 5-27/100.000 habitantes. E por que estes países têm mais EM? Há várias explicações: clima frio predispõe a viroses, tem menos irradiação solar e, portanto, menos vitamina D no organismo.

Como é feito o diagnóstico da Esclerose Múltipla? Quais exames podem auxiliar o neurologista a confirmar o diagnóstico?

O diagnóstico é basicamente clínico e se caracteriza pela recorrência de sintomas neurológicos variáveis, ocasionados pelos locais de inflamação. Os sintomas mais frequentes são alteração visual, como borramento da visão, dor ocular e visão dupla. Sintomas motores, como fraqueza e incoordenação são comuns também.

Parestesia, formigamento e dor em faixa são os sintomas sensitivos mais comuns. Outros sintomas: vertigem, alterações no controle da urina e do intestino.

A confirmação é realizada basicamente por dois exames: Ressonância do neuroeixo (crânio e medula espinhal), que mostra as lesões inflamatórias e desmielinizantes, e pelo líquor, que mostra aumento das células inflamatórias e proteínas, formando as Bandas oligoclonais.

Quais os tipos de Esclerose Múltipla?

Chamamos o primeiro evento de CIS (Síndrome Clínica Isolada), ou seja, o primeiro evento clínico da doença. Podemos fechar o diagnóstico de EM se tivermos o que chamamos de disseminação no tempo e no espaço. O que significa Disseminação no tempo e no espaço? Significa que temos 2 ou mais lesões em lugares diferentes e que uma das lesões tem captação do contraste, significando que são lesões de idades diferentes.

Temos a forma Surto-Remissão (EMSR), que é a forma recorrente em 80% dos casos no início da doença, que se caracteriza pela ocorrência de surtos com períodos de acalmia, sendo que, entre os surtos, não há piora do paciente.

Forma Secundariamente progressiva (EMSP), que geralmente se deriva da forma Surto-Remissão em mais ou menos 40% e que se caracteriza por uma piora contínua e discreta a partir de uma fase da doença.

Finalmente temos a forma Primariamente Progressiva (EMPP), caracterizada por uma evolução progressiva desde o início, com ou sem surtos sobrepostos.

CLIQUE AQUI e veja os gráficos da evolução dos sintomas da EM no tempo por tipo.

Sabe-se que a EM não tem cura. Quais são os tratamentos existentes atualmente que podem proporcionar uma melhor qualidade de vida para a pessoa com EM?

Apesar de não ter cura, a Esclerose Múltipla tem diversos tratamentos. A melhor abordagem é a multiprofissional, com programas de Fisioterapia, Fonaudiologia, Psicoterapia, Neuropsicologia, Enfermagem, Farmácia e outros.

Quanto aos medicamentos, atualmente dispomos do tratamento do surto, que é o sintoma agudo, que preferencialmente é realizado em Pulsoterapia (altas doses de corticóides dadas endovenosamente) por 3 a 7 dias, ou corticoide oral, iplasmaferese e imunoglobulina.

Tratamentos modificadores da doença são dados para mudar a evolução da doença, ou seja, diminuir a frequência de surtos, progressão da doença e aumento das lesões na Ressonância. Atualmente existem medicamentos que não estão incorporados no SUS, mas todos são aprovados pela Anvisa.

O estilo de vida é muito importante: manter o emocional, manter o trabalho quando possível, fazer exercícios e alimentar-se bem, com um estilo de alimentação o mais natural possível, ou seja, evitar Fast-Food, enlatados, alimentos processados, refrigerantes, entre outros. Peso corporal saudável, não fumar e manter os níveis de Vitamina D dentro do normal ajudam no controle da doença.

Ainda existe muito preconceito na sociedade em relação às pessoas com EM?

Infelizmente sim, os preconceitos existem. Primeiro porque as pessoas acham que, por a doença se chamar Esclerose Múltipla, quem tem a doença vai ficar “esclerosada”, ou seja, demenciada, incapaz.

Segundo, como não existe muitas vezes uma incapacidade clara, parece que, para os familiares e até mesmo no trabalho e na sociedade, este paciente é visto como quem está “fingindo”, o que dificulta muito a vida destes pacientes.

Fale sobre o Centro de Referência e Investigação em Esclerose Múltipla do HC-UFG

O serviço de Neuroimunologia teve início no Hospital das Clínicas em 2000, já está com 20 anos. Neste caminho, agregamos vários profissionais que passaram por lá e contribuíram para o bom desempenho do ambulatório e tiveram a oportunidade também de agregar conhecimento, realização de teses e dissertações, formação de alunos de medicina da graduação e da residência médica.

Oferecemos aos pacientes grupo de acolhimento com diversos temas, aula de relaxamento, psicologia, fisioterapia, neuropsicologia, enfermagem e outros.

Também neste interim montamos um centro de pesquisa com desenvolvimento de pesquisas clínicas de fases 3 e 4 para vários destes medicamentos.

 

 

Fonte: Ascom do HC-UFG/Ebserh

Categorias: Entrevista Saúde