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Universidade Federal de Goiás
hepatite viral

HC-UFG é referência no tratamento de hepatites virais em Goiás

Em 27/07/20 14:15. Atualizada em 28/07/20 14:54.

28 de julho é o Dia Mundial de Luta contra as hepatites virais

Para entender sobre as hepatities virais, leia os esclarecimentos dados pela médica gastroenterologista do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), mestra em Clínica Médica e preceptora da Residência de Clínica Médica do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), Beatriz Lins Galvão de Lima.

gastroenterologista

O que são as hepatites virais?

São inflamações no fígado causadas por vírus hepatotrópicos, isto é, que apresentam atração pela célula hepática ou hepatócito. A despeito dos avanços da terapia antiviral e da efetividade das vacinas, as hepatites virais permanecem um problema de saúde pública mundial. De acordo com o tipo de vírus, as hepatites podem ser classificadas em A, B, C, D e E. As hepatites por vírus A, B ou C são as mais comuns.

As características clínicas da hepatite viral variam consideravelmente e são vírus-específicas, incluindo insuficiência hepática aguda, risco de progressão para infecção crônica, com desenvolvimento de cirrose e câncer, e óbito. A prevenção, o diagnóstico e o tratamento precoces podem minimizar as complicações associadas a essas hepatites.

Cenário atual no Brasil e no mundo

Segundo a Organização Mundial da Saúde, estima-se que 325 milhões de pessoas em todo o mundo são portadores dos vírus das hepatites B e/ou C e, para a maioria, os testes diagnósticos e o tratamento não estão disponíveis. As hepatites virais resultam em cerca de 1,4 milhão de mortes por ano, um número comparável às mortes causadas por tuberculose e superior às causadas pelo HIV. Os vírus das hepatites B e C são responsáveis por cerca de 90% dessas mortes.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, de 1999 a 2018, 632.814 casos de hepatites virais foram notificados no Brasil, a maioria representados pelas hepatites B e C. De 2000 e 2017, houve 70.671 óbitos por causas associadas às hepatites virais. Destes, 21,3% relacionados à hepatite B e 76,0% à hepatite C.

De 2014 a 2018, conforme dados da Secretária de Estado da Saúde de Goiás, o Estado registrou 7.114 casos de hepatites virais, dos quais 3.787 foram em homens e 3.326 em mulheres. Há predomínio de casos na faixa etária de 35 a 49 anos. Esses dados permitem contextualizar a relevância do tema para a saúde pública e demonstram a elevada mortalidade associada às hepatites com destaque para os tipos B e C.

Doenças silenciosas

As hepatites virais são doenças consideradas silenciosas, uma vez que a grande maioria dos casos (mais de 70%) não apresenta sintomas e geralmente são diagnosticados em estágios avançados. O quadro clínico, quando presente, pode manifestar-se com queixas inespecíficas tais como fadiga, desconforto ou dor abdominal, prurido, febre e vômitos. Além disso, pode cursar com queixas mais sugestivas de comprometimento hepático, como, por exemplo, icterícia, urina de cor escura e fezes mais claras.

Transmissão

A hepatite A apresenta transmissão fecal-oral, principalmente por meio da água e dos alimentos contaminados. Está relacionada às más condições sanitárias, de higiene pessoal, da qualidade da água e dos alimentos. Não evolui para cirrose, mas pode complicar com insuficiência hepática fulminante e óbito. À semelhança do que vem sendo amplamente orientado atualmente para a prevenção da Covid-19, recomenda-se para hepatite A, melhoria das condições de higiene e do saneamento básico. Superada a pandemia da Covid-19, os hábitos de higiene deverão permanecer como estratégia de prevenção de diversas outras doenças. Além disso, para a hepatite A orienta-se a administração da vacina em 2 doses.

As hepatites B e C podem evoluir para a forma crônica e complicações como a cirrose e o câncer de fígado. Essas hepatites são causas importantes de transplante hepático em nosso meio. A principal forma de transmissão da hepatite B é através do sangue, relação sexual desprotegida e transmissão materno-fetal no momento do parto. A hepatite C é transmitida principalmente através do sangue. Recomenda-se como prevenção evitar o compartilhamento e cuidado com objetos perfurocortantes (agulhas, seringas, material de manicure, lâminas de barbear) e relação sexual com o uso de preservativos.

Em virtude do controle rígido dos bancos de sangue, a transmissão via transfusão sanguínea é condição rara. A vacina contra a hepatite B é administrada em 4 doses na infância e em 3 doses no adulto. Recomenda-se que a primeira dose seja feita na maternidade. As vacinas contra as hepatites A e B fazem parte do calendário de vacinação e estão disponíveis no sistema único de saúde (SUS). Não há vacina contra a hepatite C.

Fake News e vacinas

No cenário atual em que, devido às fake news, verifica-se a discussão de temas considerados superados pela civilização moderna com destaque para aqueles relacionados às conquistas científicas e, mais especificamente, contra as vacinas, vale ressaltar alguns aspectos. À luz das melhores evidências científicas disponíveis, as vacinas contra as hepatites A e B são eficazes, seguras e sem efeitos colaterais. Aqueles que divulgam informações falsas sobre as vacinas prestam um desserviço à humanidade. Elas são o resultado de muitos anos de pesquisa e são as melhores estratégias para a erradicação das hepatites A e B e das complicações a elas associadas. Nesse contexto, merece destaque a vacina contra a hepatite B, que permite a prevenção da elevada morbimortalidade relacionada à cirrose e câncer hepático.

Principais grupos de riscos

Os principais grupos de risco para as hepatites B e C incluem profissionais da área de saúde, usuários de drogas injetáveis, heterossexuais e homossexuais com vida sexual promíscua, profissionais do sexo, vítimas de abuso sexual, recém-nascidos de mães com o vírus B pois eles têm grande risco de adquirir a infecção ao nascer, indivíduos com exposição percutânea (tatuagem, piercing, acupuntura), portadores de leucemia ou hemofilia (politransfundidos), residentes de asilos, hospitais psiquiátricos, diabéticos, HIV positivos, pessoas que vivem em regime de carceragem, pacientes em hemodiálise e pessoas que receberam transfusão de sangue antes de 1993.

Diagnóstico

Atualmente existem testes rápidos para a detecção dos vírus das hepatites B e C, cujos resultados estão disponíveis em menos de 1h. Esses testes são realizados gratuitamente nas unidades de saúde. O diagnóstico também pode ser feito por exames mais específicos que detectam o vírus ou anticorpos no sangue. Além disso, há exames laboratoriais para quantificar a carga viral.

Tratamento e principais desafios

Com relação ao tratamento, vale destacar o grande avanço na terapêutica da hepatite C cuja taxa de cura é superior a 90%. Dispomos de tratamentos eficazes, com pouquíssimos efeitos colaterais, administrados por via oral e fornecidos gratuitamente no SUS. Nosso maior desafio atual é diagnosticar e tratar os pacientes com hepatite C.

Em relação à hepatite B, os tratamentos atuais possibilitam o controle da doença na maioria dos pacientes, reduzindo os casos de progressão para cirrose, bem como evolução para câncer de fígado. O tratamento está disponível no SUS.

A Organização Mundial da Saúde anunciou, recentemente, uma meta de eliminar a hepatite viral como grande ameaça à saúde pública até 2030. Para alcançar a meta da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde do Brasil de eliminar a hepatite C até 2030, é necessário testar o máximo de pessoas possível, simplificar o processo de diagnóstico e, por fim, garantir o acesso ao tratamento. Para a hepatite B, a principal meta é atingir uma cobertura vacinal superior a 90% da população.

Os maiores desafios para a erradicação das hepatites virais são garantir o acesso aos testes diagnósticos, tratamento e às vacinas (hepatites A e B).

Acreditamos que, com esforço conjunto da sociedade, instituições médicas e governamentais, seremos exitosos na luta contra as hepatites virais.

Ambulatório de Hepatites virais do HC-UFG

O Ambulatório de Hepatites Virais do Serviço de Gastroenterologia do HC-UFG é um dos centros de referência para o tratamento de hepatites virais no estado de Goiás. Os pacientes atendidos no ambulatório são provenientes das unidades básicas de saúde do município de Goiânia e demais municípios do estado de Goiás. No ambulatório realiza-se o tratamento das diversas formas de apresentação das hepatites virais e suas complicações.

 

 

Fonte: Ebserh UFG

Categorias: Saúde HC