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Universidade Federal de Goiás
Cientistas UFG

Cientistas da UFG recebem menção honrosa no Prêmio Capes de Tese 2020

Em 09/10/20 10:30. Atualizada em 09/10/20 10:30.

Premiação reconhece as melhores teses de doutorado defendidas em 2019 nas pós-graduações brasileiras

 

Talita Prudente (Comunicação PRPG)

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) anunciou no dia 1° de outubro os vencedores do 15° Prêmio Capes de Tese. A UFG se destacou nas linhas Biodiversidade e Matemática/Probabilidade, com menção honrosa aos pesquisadores Maurício Silva Louzeiro, do Programa de Pós-Graduação em Matemática, e Raísa Romênia Silva Vieira, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução.

A premiação é fruto de parceria entre a Capes, a Fundação Carlos Chagas, a Comissão Fulbright e o Instituto Serrapilheira. Em edição recorde de inscrições, 1.421 trabalhos foram avaliados, 49 teses premiadas e 94 homenageadas sob os critérios de originalidade e relevância para o desenvolvimento científico, cultural, tecnológico, industrial, social e de inovação.

Mauricio Louzeiro

Para Maurício Louzeiro, a menção é significativa para a UFG, principalmente para o IME, uma vez que diversos departamentos de pós-graduação de matemática do Brasil concorreram. “Esse tipo de reconhecimento me motiva a continuar trabalhando forte para produzir uma pesquisa que seja relevante. Além disso, creio que a comunidade científica da UFG passará a ver esse tipo de prêmio como algo mais acessível e planejará voos mais altos. Com certeza mais prêmios virão no futuro para a comunidade acadêmica da UFG. ”, destaca.

Maurício foi homenageado com a tese “Métodos de otimização sobre variedades Riemannianas com curvatura limitada inferiormente: gradiente para funções escalares e multiobjetivas e subgradiente para funções escalares", orientada pelo professor Orizon Pereira Ferreira e coorientada pelo professor Leandro Da Fonseca Prudente, ambos do Instituto de Matemática e Estatística (IME-UFG).

O título pode parecer impenetrável para quem não domina o assunto, mas o pesquisador explica que o projeto contribui diretamente para um tema relevante da matemática, conhecido como otimização sobre variedades, o qual vem ganhando evidência nos últimos anos.

Segundo Maurício, o estudo pode ser aplicado nos trabalhos de recuperação de imagens, ajudando a tornar possível a obtenção de uma imagem nítida a partir de outra distorcida. A aplicação da pesquisa também favorece a resolução de problemas de calibração de mãos de robôs.

Atualmente, Louzeiro integra o grupo de pesquisa sobre matemática numérica da universidade TU Chemnitz, na Alemanha, onde realiza pós-doutorado desde abril de 2019. O doutor em Matemática conta que a análise de sua tese foi uma das etapas para adquirir a vaga internacional, na qual foi recomendado pelo seu orientador. “A experiência aqui na Alemanha tem sido muito enriquecedora. Conviver com uma nova cultura e uma nova metodologia de trabalho é um desafio. No início, não é fácil, mas à medida que o tempo passa tudo que parecia estranho passa a ser aceitável e as coisas passam a fluir naturalmente. Venho me dedicando bastante e, matematicamente falando, acho que estou causando uma boa impressão aqui”.

Conservação do meio ambiente

Já a tese da doutora em Ecologia e Evolução Raísa Romênia Silva Vieira, “Avaliação de resultados em pesquisa e políticas públicas para conservação no Brasil“, foi elaborada com orientação dos professores Rafael Loyola, da UFG, e Robert Pressey, da James Cook University (JCU), na Austrália.

O projeto é um suporte científico para a tomada de decisões no âmbito do desenvolvimento sustentável do país. A tese avalia a eficiência e propõe planos de gerenciamento para duas das principais políticas públicas ambientais do Brasil: o Novo Código Florestal e o Sistema Nacional de Unidades de Conservação, com foco nos resultados para biodiversidade e serviços ecossistêmicos.

Raísa Romênia

“Quando entrei no doutorado queria trabalhar com conservação da natureza, mas entendia que, para conservar, é preciso não só entender como os diferentes elementos da biodiversidade se comportam, mas também como incorporar as pessoas nessa equação. A conservação do meio ambiente é um papel do estado e da sociedade ”, reflete Raísa.

A pesquisadora chegou à conclusão de que, apesar do crescente número de publicações científicas, ainda há uma lacuna entre teoria e prática, e isso pode implicar em programas de conservação ineficazes. Ela ressalta que a legislação ambiental brasileira é forte, mas existem problemas em sua execução que levam a desastres ambientais. O rompimento da barragem de Brumadinho, o derramamento de óleo na costa brasileira e as diversas queimadas na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal, são alguns exemplos.

Raísa lembra que, até 2015, o Brasil era uma liderança ambiental e referência para outros países em relação ao combate do desmatamento, a redução das emissões de carbono e a criação de unidades de conservação e áreas protegidas. Hoje, no entanto, o país segue o exemplo contrário.

Sobre a atuação do poder público e da sociedade frente às recentes queimadas no Norte e no Centro-Oeste, Raísa observa que “o governo brasileiro está sendo omisso e um grande combustível para essa tragédia”. A pesquisadora analisa que o presidente Jair Bolsonaro e o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, podem não apoiar explicitamente os incêndios nos bioma, mas o desmonte e a negação das políticas ambientais, aliados com a certeza da impunidade, favorecem queimadas e outras ameaças, a exemplo da mineração ilegal e da invasão de terras indígenas e quilombolas. “Todas essas atividades ilegais estão tendo um aval do governo por não estarem sendo devidamente fiscalizadas, punidas e mitigadas”.

A pesquisadora enfatiza que a menção honrosa na premiação da CAPES, além de reforçar a qualidade da pesquisa realizada, contribui também para o fortalecimento da luta ambiental, pois coloca o assunto em destaque e incentiva a produção de mais conhecimento e informações confiáveis sobre a proteção da natureza.

Raísa ainda ressalta que o Brasil possui diversas assimetrias regionais tanto em relação à distribuição de recursos quanto em relação ao número de universidades e centros de pesquisa, que se concentram no eixo Sul-Sudeste. Para ela, a menção honrosa reforça a importância de descentralizar esses centros de conhecimento e pulverizar os incentivos em pesquisa. “O Brasil é imenso e temos um potencial científico gigantesco em todos os estados e regiões. Não é a primeira vez que uma pessoa do meu programa ganha uma menção honrosa e isso sinaliza a qualidade do trabalho e da formação que acontece na UFG. Se forem dadas as condições para os pesquisadores e instituições públicas, conseguimos produzir grandes resultados”, finaliza.

 

Fonte: Secom-UFG

Categorias: Institucional PRPG