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Universidade Federal de Goiás
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PANORAMA

Em 20/10/20 11:04. Atualizada em 30/10/20 17:10.

Ocupar, demarcar, resistir: a presença indígena na universidade

Vanessa Hãtxu De Moura Karajá*

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Após os anos de 1980, começaram o ingresso dos primeiros indígenas no ensino superior. Neste período o movimento indígena brasileiro se fortalece e teve participação ativa e importante na aprovação da Constituição Federal de 1988. Em relação a Educação conseguiram o Direito a uma educação escolar, diferenciada, especifica e bilíngue.

Nesta perspectiva em 2012, com aprovação da lei nº12.711, de 29 de agosto, estabelece então um marco histórico, pois com a aprovação da lei de cotas, as universidades no território nacional começam a ter no corpo discente, estudantes pertencentes de povos originários. Dessa forma, nós estudantes indígenas estamos ocupando e demarcando o Território Universidade com nossos corpos, pintando a cara da Universidade com Jenipapo e Urucum!

Tarefa que não está sendo fácil, na verdade nunca foi! Frequentemente sofremos com o preconceito e com o racismo estrutural, muitos nos negam espaço, dizem que não somos capazes, e que lugar de “índio” é na aldeia. Afirmamos que não! Somos, sim, capazes, temos que ter oportunidade e direito de estar em qualquer lugar que queremos!

A luta por demarcar e resistir no Território Universidade prossegue, temos um pé na aldeia e o outro na Universidade. Nesta luta dura, os estudantes indígenas com coragem e determinação estão abrindo caminhos para outros grupos da sociedade que são silenciados e marginalizados.

Que nossas vozes sejam ouvidas e demandas atendidas. É necessário que a Universidade abra as portas, faça aberturas epistemológicas, para que ocorra a interculturalidade, só assim iremos construir uma Universidade mais inclusiva, justa, democrática e igualitária. Para que ocorra descolonização de mentes e corpos. Consideramos fundamental que reconheça nossos conhecimentos originários, pois o não reconhecimento entra na lógica do epistemicídio.

Basta! Nós povos indígenas não queremos ser objeto de estudo e pesquisas, queremos ser protagonistas de nossas histórias, história essa que foi invisibilizada.

*Vanessa Hãtxu De Moura Karajá é estudante de Pedagogia da Universidade Federal de Goiás

 

O Jornal UFG não endossa as opiniões dos artigos, de inteira responsabilidade de seus autores

Fonte: Secom UFG

Categorias: colunistas Panorama