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Universidade Federal de Goiás
reator

Método trata resíduos da indústria cosmética com materiais de baixo custo

Em 09/11/20 16:06. Atualizada em 10/11/20 13:52.

Tratamento químico desenvolvido na UFG usa resíduo metalúrgico e técnica de filtragem com sobras de cascas de arroz, vermiculita e sabugo de milho

Mariza Fernandes

O Brasil é o quarto país no ranking mundial de maiores consumidores de produtos de beleza e higiene. Do ponto de vista comercial, esse dado é positivo, mas do ponto de vista ambiental, gera preocupação. A produção de cosméticos envolve o uso de substâncias que não se degradam facilmente com os métodos utilizados nas estações de tratamento de esgoto, e que podem permanecer no ambiente ou se acumular no organismo humano, causando problemas de saúde. Com o objetivo de encontrar uma solução para o problema sem aumentar os custos de produção, pesquisadoras da Universidade Federal de Goiás (UFG) desenvolveram um método para tratar os resíduos utilizando materiais de baixo custo, como sobras de ferro da indústria metalúrgica, casca de arroz, vermiculita e sabugo de milho carbonizado. O estudo foi realizado no laboratório de tratamento de águas residuárias (labtar) do Instituto de Química (IQ-UFG), laboratório este, que está sob coordenação da professora Núbia Natália de Brito e professor Elias Yuki Ionashiro.

De acordo com o estudo realizado por Pryscilla Martins de Andrade durante o mestrado em Química na UFG, diversas pesquisas verificam a presença de substâncias com características tóxicas nos efluentes, que são os resíduos lançados pelas indústrias no meio ambiente. “O contato com essas substâncias pode ocorrer através da exposição, por inalação ou simplesmente pelo contato com a pele. Para cada tipo de contato, há diferentes ações resultantes, que vão depender da suscetibilidade de cada indivíduo e de sua genética”, explica a pesquisadora.

equipe labtar
Pesquisadores do Labtar (Foto de 2019): Pryscilla Martins de Andrade, professora Núbia Natália de Brito (orientadora),
Wendly Cristiny da Silva (graduação), Carlos Rafael Dufrayer (pesquisador) e Vanessa Costa Batalha (graduação)



Tratamento

O método desenvolvido pela equipe de pesquisa do Labtar consiste em duas etapas. Na primeira, é realizado um tratamento químico do efluente. Para isso, foi necessária a construção de um reator onde ocorre a transformação química das substâncias poluentes. Nesse processo, foram utilizados os resíduos de ferro doados por uma indústria metalúrgica. Na segunda etapa do tratamento, Pryscilla desenvolveu um filtro utilizando cascas de arroz, sabugo de milho carbonizado e um mineral chamado vermiculita, todos reaproveitados da agroindústria. Além de promover o reuso de diversos materiais sólidos, a técnica proposta pela pesquisadora permite o aproveitamento de energia solar.

pesquisa efluentes
Primeira etapa do tratamento com resíduos de ferro dentro de um reator (Fotos: arquivo pesquisadores)

 

reator
Reator utilizado

 

 

filtro lento
Na segunda etapa é utilizado um filtro lento com cascas de arroz, sabugo de milho carbonizado e um mineral chamado vermiculita 



Ao final do processo executado por Pryscilla, foi observada uma considerável redução das substâncias tóxicas no efluente. A turbidez do material analisado, que indica a presença de partículas suspensas no líquido, foi reduzida em 99,73% e o teor de matéria orgânica na ordem de 99,48%. Segundo a pesquisadora, o desafio agora é conscientizar os gestores da indústria cosmética, sobre a necessidade da adoção de tecnologias como as propostas por ela, pois a construção da estrutura para tratamento dos resíduos demanda investimento. A pesquisa foi orientada pela professora Doutora Núbia Natália de Brito, do Instituto de Química da UFG.

efluentes
Da esquerda para a direita: 1)Efluente bruto 2) Efluente pós processo oxidativo (reator) 3) Efluente pós sedimentação e 4) Efluente final

Fonte: Secom UFG

Categorias: Tecnologia destaque IQ