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Universidade Federal de Goiás
Maria Tereza

"Sala de aula deve ser uma comunidade de investigação"

Em 13/11/20 14:50. Atualizada em 13/11/20 14:50.

Maria Teresa Ribeiro enumera variáveis de pesquisa para coreografias mais eficazes de ensino durante o ESUD/CIESUD 2020

Fotografia dos professores Maria Teresa Ribeiro e Wagner Bandeira
Professores Maria Teresa Ribeiro (centro) e Wagner Bandeira (direita)

Texto: Raniê Solarevisky - CIAR/UFG

Imagem: ESUD/CIESUD 2020

Em live realizada na última quinta (12) como parte da programação do ESUD/CIESUD 2020, a pesquisadora portuguesa Maria Teresa Ribeiro argumentou que o caminho para a criação de práticas inovadoras na educação digital e presencial passa pelo esforço de pesquisa. "É evidente que uma parte criativa mais importante é [não] transformar o ato de ensinar em uma aula meramente expositiva. Uma parte criativa é que a própria aula seja uma comunidade, uma conversa, uma comunidade de prática de aprendizagem. Treinar a escuta é importante, mas uma aula deverá ser, antes disso, uma comunidade de investigação onde os próprios alunos tenham um papel ativo", defendeu.

Para a cientista da Universidade de Coimbra, a velocidade e facilidade de conexão em nossos dias, antecipada em numerosas obras de ficção, formata novas tipologias de conexão entre pessoas que estão distantes fisicamente.

“Todos sabemos que na docência online -- e mesmo a docência presencial tem elementos online --, o mais importante são as atividades que o professor cria ou imagina. É diferente da situação de sala de aula presencial, onde o corpo, a voz, a entonação do professor é o coração da sala de aula. Que tipologias de aprendizagem posso imaginar para trabalhar com essa dimensão da matéria que ministro? O desafio nesse cenário é criar métodos inovadores”, afirma.
A palestra Relações entre TPACK, design, criatividade e ensino foi mediada pelo Prof. Wagner Bandeira, coordenador de inovação do CIAR/UFG.

Presença e Distância

Questionada pelo mediador quanto às tentativas correntes de docentes em emular a "coreografia" das aulas presenciais no ensino remoto, a professora apontou diversas variáveis que devem ser pesquisadas para fazer uma avaliação consistente e propor práticas criativas.

“Em Portugal, principalmente, os professores universitários são pessoas com mais de 50 anos", lembra, apontando o problema geracional desses profissionais não terem crescido próximos aos desenvolvimentos recentes das tecnologias de comunicação, além de dificuldade em transformar seus métodos tradicionais para atender a essa nova situação. "Esse medo, essa resistência, eu diria que é um pouco natural. O professor faz isso [transpor métodos do presencial para o digital]? Faz, porque não sabe fazer de outra forma", explica.

Segundo a docente, há diversas variáveis que devem ser investigadas nesse processo: a administração do conteúdo de diferentes matérias ministradas, competências digitais dos professores, como funciona a escola em que o docente trabalha, o contexto cultural em que está integrado (com uma cultura mais aprendente ou mais tradicional), além do apoio tecnológico, que pode ajudar a identificar caminhos para a superação dessa dificuldade.

"Se eu, que trabalho com EaD, tentar incorporar muitas coisas diferentes a minhas aulas presenciais, a universidade vai criar alguns obstáculos por conta da tradição de como faz as coisas. Então, essa cultura da escola é uma variável que não é muito falada. [Com a pandemia e o ensino remoto emergencial] podemos perder ou não essa possibilidade para melhorar nossas práticas, mas precisamos pesquisar essas variáveis", explica.

O ESUD/CIESUD 2020 segue com extensa programação científica e cultural até a próxima sexta (13).

 

Fonte: Ciar UFG

Categorias: Humanidades Ciar