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Universidade Federal de Goiás

Ao analisar o prato, é preciso precaução

Em 16/06/10 08:03. Atualizada em 21/08/14 11:45.
Em palestra sobre antropologia da alimentação, professora da UnB diz que é preciso enxergar os hábitos alimentares por uma perspectiva crítica

Patrícia da Veiga

 

O arroz com feijão da mesa do brasileiro, para a antropologia, é um traço da memória popular que permanece na cultura. Mas pode não ter sido sempre assim. A professora Ellen Woortmann, do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília, em palestra ministrada no mês de maio, explicou que em todas as organizações sociais há costumes “prescritos” e “proscritos”, ou seja, aceitos e negados, reforçados e apagados da memória coletiva. Essa noção dá uma flexibilidade à mesa posta e orienta para que tenhamos uma compreensão crítica e complexa sobre a alimentação. Nada “foi sempre assim”, o que há são construções históricas e culturais.

 

“Em Goiás, por exemplo, se come tudo com arroz. Memória dos tempos em que o estado era o maior produtor de arroz do Brasil”, lembra a professora Ellen, narrando o que observou em um restaurante de Goiânia. “Certa vez, vi um senhor comendo lasanha com arroz, mas no cardápio não estava escrito em nenhum prato que o arroz era acompanhamento. Sequer havia risoto. Ou seja, é um alimento tão comum que está onipresente”, analisa.

 

As afirmações sociais vêm dos grupos e também das instituições, conforme ensina Ellen. E é isso que nos revela, também, que o oposto da alimentação, a fome, traz igualmente várias concepções. De modo que o discurso público sobre o que é uma alimentação saudável não deve desconsiderar a fala e a história das pessoas. É preciso muita cautela “para não humilhar a família, o pai de família, a dona de casa”, reforça a antropóloga.


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Fonte: Ascom/UFG