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Universidade Federal de Goiás
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A crítica de cinema adquire um novo formato nos tempos da internet

Em 14/07/10 08:14. Atualizada em 21/08/14 11:45.
Entrevista com o crítico de cinema Inácio Araújo, realizada durante o XII Festival de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA) na cidade de Goiás

Por Angélica Queiroz, Carolina Soares, Marcela Guimarães e Renato Joseph

Inácio Araújo é crítico de cinema do jornal Folha de S. Paulo desde 1983. Em sua longa relação com o cinema atuou como roteirista, assistente de direção e montador. Autor das obras Hitchcock, o mestre do medo e Cinema, o mundo em movimento, também dedicou-se ao romance, publicou o premiado Casa de meninas e o juvenil Uma chance na vida.

O crítico foi convidado para compor o júri do XII Festival de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica) na cidade de Goiás. Na ocasião, recebeu o Jornal UFG para falar sobre a crítica de cinema no atual contexto do jornalismo. Nessa edição do Jornal UFG On-line você confere um trecho especial da entrevista em que o jornalista aborda a crítica de cinema nos tempos da internet.

O senhor está no jornal Folha de S. Paulo há quase três décadas e, com certeza, acompanhou diversas mudanças no curso desses anos. Que transformações o senhor destacaria?

Inácio Araújo – Quando eu entrei na Folha, era um jornal relativamente pequeno e que atendia a um público sintonizado com as necessidades de mudança no país, então, havia um sentimento de vanguarda. A Folha cresce e, em determinado momento, chega a tirar 1 milhão de exemplares. Evidentemente, vai se dirigir a outro tipo de público. Então o problema que apareceu foi: “Como ganhar novos públicos sem perder o anterior?” Devo dizer que esse foi um problema do jornal e não meu. Mas claro que percebi que utilizava alguns termos técnicos que deixo de usar a partir de determinado momento. Isso porque observei que o público que nos lê transformou-se. Existe uma demanda do jornal por didatismo, então alguns termos complicados exigem a substituição por termos mais acessíveis.

Essas modificações se refletiram também na crítica de cinema?

Inácio Araújo – A relação dos leitores com o cinema também passou por mudanças. Nos anos 60 ou 70, estávamos no apogeu do moderno e o cinema era visto como a grande arte do século. Por isso, havia interesse e grandes colunas para discutir o cinema. Mas, quando se entra no regime do blockbuster, isso começa a diminuir e, atualmente, tenho a impressão de que diminuiu sensivelmente. Ou seja, o público não tem mais esse tipo de interesse e os filmes não requerem, na maioria das vezes, que se façam grandes análises. Os filmes tendem a obedecer a um certo padrão. Como diz Alain Resnais, “ninguém faz revolução sozinho”.

Como a crítica se encaixa no novo espaço do blog?

Inácio Araújo – O cinema ganhou um espaço muito grande com a internet. O melhor que se faz em crítica de cinema hoje está na internet. Pessoalmente, o blog é como uma conversa. Aliás, se parece muito com a maneira como eu escrevia crítica no início da carreira, só que no jornal sempre é mais formalizado. No meu blog (http://inacio-a.blog.uol.com.br/), eu não sinto a menor obrigação de seguir regras jornalísticas.  É a minha maneira de me relacionar com o blog. É como se eu estivesse conversando com amigos e isso me dá muito prazer. Por muitas vezes, isso não cabe no jornal. O espaço é restrito e você não pode se dar ao luxo de informalidades. Tem de obedecer a determinado fluxo de informação. Não dá para escapar disso. No blog me sinto mais livre. Eu não preciso informar o público de nada, porque suponho que o leitor já se informou, na própria internet ou no jornal.

 

 
Veja o conteúdo impresso no Jornal UFG, aqui.

Fonte: Ascom/UFG