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Universidade Federal de Goiás

Moradores de rua recebem atendimento e serviços

Em 23/11/15 09:08. Atualizada em 25/11/15 08:12.

 

 

Moradores de rua recebem atendimento e serviços

Núcleo de Estudos realiza pesquisa sobre doenças infectocontagiosas e promove ações de bem-estar e acolhida para população em situação de rua

Texto: Lorena de Sousa | Fotos: Adriana Silva

Há cerca de um ano e meio, o Núcleo de Estudos em Epidemiologia e Cuidados em Agravos Infecciosos, com ênfase em Hepatites Virais (Necaih) da Faculdade de Enfermagem da UFG realiza trabalhos de pesquisa com moradores de rua em Goiânia. A ação teve início quando os pesquisadores foram escolhidos para atuarem como parceiros em um levantamento nacional sobre o uso de drogas, comandado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Após a parceria, as atividades se desdobraram em projetos de pesquisas e extensão, envolvendo a população em situação de rua.

 

“Por meio do levantamento da Fiocruz, percebemos que a maioria dos usuários de crack são moradores de rua e, por isso, decidimos realizar um trabalho envolvendo doenças infectocontagiosas”, conta Marcos André de Matos, coordenador do Necaih. As ações são feitas em parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) e a Secretaria da Saúde do Estado de Goiás em albergues, abrigos e nas ruas de Goiânia. Os indivíduos passam por testes para apontar a presença das hepatites B e C, HIV e sífilis.

 

 Casa de Acolhida

Professor Marcos André coordena ações em parceria com a Semas e a Secretaria da Saúde do Estado de Goiás

 

Casa de Acolhida

Integrantes do projeto, Haysa Nadinne de Faria, Jéssyca Pereira, Andressa Cunha e Wilian Santana comentam sobre as ações realizadas na Casa de Acolhida Cidadã, em Goiânia. Segundo eles, ao chegar ao local, o indivíduo responde a um questionário com cerca de 100 perguntas sobre detalhes de sua vida. Entre outras coisas, são contempladas questões sobre o uso de drogas, existência de doenças sexualmente transmissíveis e de fatores de risco. Os estudantes, por sua vez, recebem treinamento adequado para realizarem suas funções no projeto.

 

Para os alunos, cria-se uma relação afetiva que vai além do lado profissional, já que é possível perceber as carências e dificuldades das pessoas atendidas. “Esse contato com eles não é só enfermeiro-paciente. O questionário tem perguntas bem íntimas, o que faz com que eles nos enxerguem como um amigo”, conta Wilian Santana. Para Haysa Nadinne, o projeto proporciona um benefício para ambos os lados: “Fazemos nossa pesquisa e oferecemos esse serviço a eles. É muito gratificante pessoalmente, pois lidamos com histórias bem diversas”.

 

Depois desse primeiro momento, chamado de pré-aconselhamento, é realizada a coleta de sangue. “Coletamos o sangue e fazemos um teste rápido, que dá o resultado em 15 minutos”, explica Marcos André de Matos. Assim, as pessoas atendidas têm uma resposta imediata em relação à testagem. O passo seguinte é uma consulta de pós-aconselhamento em que são realizadas ações de promoção da saúde, prevenção de doenças e sensibilização da vulnerabilidade a essas infecções.

 

 Kit Necaih

Kit é fornecido aos atendidos pelo Necaih. Eles também recebem bilhetes de ônibus para que possam frequentar o tratamento

 

Balanço positivo

Adalberto da Silva, morador da Casa de Acolhida Cidadã há mais de um ano, já foi atendido pelo projeto e faz um balanço positivo da ação. Ele destacou o kit que recebeu, contendo uma mochila; itens para cuidado da higiene corporal e bucal; preservativos; folders educativos; e um chinelo. Além do kit, fornecido a todos os que participam do projeto, os indivíduos positivos para HIV são encaminhados para o Centro de Testagem e Acompanhamento (CTA) de Goiânia e recebem um bilhete de ônibus, para que possam receber tratamento.

  

Até outubro de 2015, em todas as ações realizadas, já foram coletadas amostras de sangue de 319 pessoas, sendo que dez delas apresentaram resultado positivo para HIV, onze para hepatite C, três para hepatite B e 55 para sífilis. O estudo confirmou a hipótese dos pesquisadores: 60% a 80% dos indivíduos testados são usuários de crack.

 

Com base nas informações coletadas, foi constatado ainda que os indivíduos em situação de rua possuem grande necessidade de atendimento odontológico. Por isso, o Núcleo realizou uma parceria com a Faculdade de Odontologia para oferecer tratamento adequado a essa população. O Laboratório de Virologia do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da UFG (Iptsp) também entrou como parceiro para trabalhar na redução de danos, estratégias de adesão ao tratamento e avaliar as características dos agentes infecciosos identificados.

 

Os desafios enfrentados pelos integrantes do Núcleo envolvem a sensibilização da população em geral sobre o atual descaso com os moradores de rua e a capacitação dos profissionais de saúde que atuam junto a essas pessoas. Além disso, o objetivo é fazer com que a população de rua busque atendimento de saúde, tenha condições de aderir ao tratamento e seja assistida de forma integral e humanizada.

 

Necaih
Endereço: Rua 227, quadra 68 Setor Leste Universitário Telefone: 3209-6280

 

Para ler o arquivo completo em PDF clique aqui

 

Fonte: Ascom UFG

Categorias: Moradores de rua NECAIH Extensão