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Universidade Federal de Goiás
medicando sob medida

Medicando sob medida

Em 30/08/17 14:06. Atualizada em 30/08/17 16:09.

Farmacogenética pode auxiliar no tratamento personalizado indicando o fármaco de acordo com o perfil de cada paciente

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Texto: Angélica Queiroz, com informações da TV UFG

Imagens: Freepick

Um medicamento indicado para uma pessoa nem sempre é eficaz para outra que sofra da mesma doença. Uma droga que tem efeito positivo em um paciente é capaz de desencadear efeitos indesejáveis em outro. Outras vezes, uma pequena dose poucas vezes por dia resulta em boa resposta, enquanto para outra pessoa uma dose muito maior é necessária para se obter algum efeito. Já se perguntaram por que isso acontece? Entre os diversos fatores que podem explicar essas variações está o genético. Um ramo da ciência se dedica a estudar as variações associadas ao fator genético auxiliar na escolha do tratamento com características mais apropriadas ao perfil de cada indivíduo: é a farmacogenética, que é uma das áres em pesquisas para desenvolvimento de medicamentos e tem sido estudada por diversos pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG).

Não somos iguais

O mestre em Ciências Farmacêuticas, Lucas Pereira, explica de uma maneira simples sobre essas variações genéticas: cada pessoa responde de um jeito à cada fármaco porque não somos iguais. “Cada pessoa tem uma impressão digital que é só sua. O DNA é assim também”. Um conjunto de fatores pode provocar uma resposta individual diferente a um determinado medicamento, como sexo, idade e massa  corporal do paciente, além de doenças concomitantes, interação com outros fármacos e também as variações genéticas, conforme explica o professor do Departamento de Farmacologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFG, Paulo César Ghedini. “As variações genéticas existem nos genes que codificam determinadas proteínas que são alvos dos fármacos”, afirma.

Os pacientes que possuem essas variações não respondem aos tratamentos conforme o padrão estipulado pela indústria farmacêutica. E medicamentos inadequados podem gerar efeitos colaterais ou tornar o tratamento menos eficaz. Segundo os pesquisadores da área, a farmacogenética pode reduzir os custos e o tempo de internação, melhorando a resposta dos tratamentos. “A farmacogenética pode diminuir o desperdício de medicamentos fazendo que a pessoa receba o medicamento certo para aquele grupo de pacientes com características genéticas parecidas desde o início”, completa Lucas Pereira.

Isso já está sendo feito no Brasil?

Elisângela Lacerda, doutora em Genética e Bioquímica e professora do Departamento de Genética  da UFG, explica que a farmacogenética tem sido bem promissora em algumas áreas da Medicina como oncologia, cardiologia e hematologia. Segundo ela, há testes genéticos específicos para verificar se o paciente vai responder bem ao medicamento antes de começar o tratamento. “Temos o sequenciamento do DNA, por exemplo, que é de alto custo. Mas há testes mais simples com a técnica de amplificação do DNA que podem ser usa- dos em algumas áreas, como neurologia ou quimioterapia”, detalha.

No entanto, a farmacogenética ainda não é aplicada na maioria dos hospitais brasileiros, especialmente por conta do alto custo da maior parte dos exames. “Existe a pesquisa, mas ainda falta uma transição para o dia a dia do profissional. Nos hospitais brasileiros só temos tratamentos em nível particular e na rede pública só temos em nível de pesquisa”, lamenta Elisângela Lacerda. Para a pesquisadora, o que falta é mais informação sobre o assunto, especialmente na formação dos profissionais de saúde. “Ainda estamos falando de uma área nova, que só foi introduzida nas graduações aqui no Brasil a partir de 2005. Então, o principal ponto é a formação de especialistas, de médicos geneticistas que possam solicitar esse tipo de diagnóstico. Nosso grupo de pesquisa aqui na UFG pretende contribuir com trabalhos para alavancar a farmacogenética”.

Confira programa completo da TV UFG sobre o assunto.

Fonte: Ascom UFG

Categorias: pesquisa Edição 90