Fernando Cardoso

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) é caracterizado pelo envolvimento dos agricultores familiares em sua proposta. Para discutir o fortalecimento do programa em Goiás, a Universidade Federal de Goiás (UFG) sediou o Encontro Goiano de Alimentação Escolar (Egae 2025) nos dias 15, 16 e 17 de setembro. O evento reuniu gestores, nutricionistas, professores, agricultores familiares e profissionais da área. O encontro é promovido pelo Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar (Cecane/UFG) em parceria com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

A mesa-redonda de abertura abordou o funcionamento do Pnae. O professor Daniel Henrique Bandoni explicou que o Brasil é um dos poucos países que oferecem alimentação gratuita em toda a educação básica. Isso ocorre por meio do Pnae, que repassa recursos para estados e municípios para a alimentação escolar, com objetivos de formar hábitos alimentares, melhorar o rendimento dos estudantes e promover a educação alimentar e nutricional.

Daniel menciona que boa parte dos alimentos fornecidos pelo programa vem da agricultura familiar. "Hoje o maior comprador institucional da agricultura familiar é o Pnae. Para se ter uma ideia, estimamos que no ano passado compramos R$ 2,2 bilhões em alimentos da agricultura familiar".

O nutricionista do Cecane/UFG, Luiz Gustavo Alves Monteiro, enfatizou que o Pnae deve contribuir para o crescimento e desenvolvimento do estudante, a aprendizagem e o rendimento escolar, e a formação de hábitos alimentares saudáveis por meio da Educação Alimentar e Nutricional (EAN) e da oferta de refeições que cubram as necessidades nutricionais.

Evento foi transmitido pela canal oficial da UFG no YouTube (Imagem: Reprodução)

Alimentação e cultura

Luiz Gustavo ressaltou o potencial da agricultura familiar na preservação de tradições e raízes culturais locais ao oferecer alimentos típicos. "Ao trazer um alimento típico da região, ele acaba sendo de um valor também muito grande no aspecto cultural, no aspecto de manter viva essa tradição e preservação da cultura local. Além disso, com esses alimentos temos uma diversificação muito maior quando comparada à carga nutricional em relação a alimentos ultraprocessados".

A nutricionista da coordenação de apoio ao controle social do FNDE, Tainá Marchewicz, falou sobre o Conselho de Alimentação Escolar (CAE) e seu papel como um órgão autônomo e independente com conselheiros eleitos que fiscalizam, observam, analisam, fazem sugestões e acompanham a execução do Pnae.

Tainá também detalhou a composição do CAE, para o qual apenas um conselheiro é indicado (representante do poder executivo) e os demais são eleitos (pais de alunos, trabalhadores da educação e sociedade civil organizada). Além disso, estudantes de qualquer idade podem participar do conselho. Atualmente existem cerca de 80 mil conselheiros cadastrados no Brasil.