Projeto UFG Sustentável propõe agenda ambiental
Objetivo é gerar mudanças em comportamentos e padrões de consumo na administração pública
Kharen Stecca
Um dos papéis mais importantes das universidades é inovar e mostrar novos caminhos. Garantir meios de promover a sustentabilidade é um desses papéis. Para fomentar essa cultura e fazer que ideias tornem-se ações, foi lançado no início de junho o projeto UFG Sustentável. Baseado na Plano de Logística Sustentável (PLS), criado em 2014, o projeto quer continuar a propor ações para os sete eixos que compõem o plano: compras e contratações sustentáveis/material de consumo; energia elétrica; sustentabilidade em ambientes construídos; gerenciamento de resíduos; qualidade de vida no trabalho; deslocamento de pessoal/mobilidade; educação ambiental e comunicação.
Assista aqui ao Programa Conexões, da TV UFG, sobre o projeto UFG Sustentável.
Segundo o coordenador do projeto UFG Sustentável, Emiliano Lôbo de Godoi, muitas ações já estão programadas. Uma delas está no eixo de gerenciamento de resíduos com a instalação de ecopontos para recolhimento de lixo eletrônico. O projeto, que tem parceria da Enel Distribuição Goiás e da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma), prevê inicialmente a instalação de um ponto de recolhimento no Câmpus Samambaia e um no Câmpus Colemar. Também está prevista a realização da operação Câmpus limpo de forma rotineira, de dois em dois meses, tanto no Câmpus Samambaia quanto no Câmpus Colemar. A primeira foi realizada no início de junho, como parte da Semana do Meio Ambiente e objetiva fazer o recolhimento do lixo que é descartado de forma inadequada no espaço da universidade e também conscientizar a comunidade da necessidade de fazer o descarte correto dos resíduos.
Outro eixo com ações em execução é o de compras sustentáveis. A UFG já adota critérios na escolha de fornecedores. Eles precisam apresentar licença ambiental (quando pertinente) e fazer destinação adequada dos resíduos. Caso contrário, não é possível ser um dos fornecedores da instituição.
Reitor Edward Madureira Brasil e vice-reitora Sandramara Matias assinam projeto UFG Sustentável (Carlos Siqueira)
Plano de Eficiência Energética
O principal foco da instituição no projeto de sustentabilidade é o plano de eficiência energética. O projeto, que tem parceria com a Enel Distribuição Goiás, prevê a substituição de 24.993 lâmpadas por outras de tecnologia LED, muito mais eficiente, e instalação de 2.522 placas solares em unidades da Regional Goiânia. Ao todo o projeto deve ter recursos na ordem de 10 milhões de reais entre o plano de eficiência energética e ações de pesquisa e desenvolvimento oriundos da Enel.
Contemplado por chamada pública, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), intitulada Eficiência Energética e Minigeração em Instituições Públicas de Educação Superior, o projeto tem como objetivo contribuir para a redução dos gastos, bem como orientar a implantação de sistemas alternativos de geração própria. Às distribuidoras que atuam no país coube encabeçar esse processo, uma vez que são obrigadas por lei a aplicar, anualmente, um percentual mínimo de sua receita operacional líquida em projetos de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do Setor de Energia Elétrica (P&D).
Das 80 candidaturas concorrente do edital, apenas 11 foram aprovadas, entre elas a postulada pela Enel em parceria com a UFG. "Queremos servir de exemplo para o país. De nossa parte, o envolvimento será absoluto e total. Esse projeto tem tudo a ver com o que defendemos e acreditamos", afirma o reitor da UFG, Edward Madureira Brasil.
Com essa operação toda, a UFG poderá economizar, por ano, o equivalente a uma fatura mensal, de acordo com Adriano Faria, responsável técnico da Enel e também doutorando pela UFG. Outra ação que será implementada é o monitoramento do consumo de energia em 120 pontos estratégicos da universidade e também ações educativas e de pesquisa sobre o plano.
Os sistemas fotovoltaicos serão instalados no Centro de Eventos, na Escola de Música e Artes Cênicas (EMAC), na Biblioteca Central e no Centro de Aulas das Engenharias. Juntos eles devem gerar mais de 820 kWp. Já as lâmpadas devem gerar uma economia de 2.592,47 MWH/ano. Com esse projeto pretende-se economizar cerca de 10% na fatura de energia consumida na instituição.
Conscientização
Outra vertente do trabalho é a educação e conscientização da comunidade universitária com relação a necessidade de preservar o recurso da energia elétrica. Segundo o professor Antônio Melo de Oliveira, que coordena o plano de eficiência energética por parte da UFG, mais importante do que pensar no valor da energia economizada é pensar na preservação do recurso. "As pessoas precisam compreender que o gesto de desligar uma lâmpada ou computador, ou de manter o ar-condicionado em uma temperatura entre 23 oC e 24 oC é um gesto ecológico e que contribui para todo o sistema elétrico e para a natureza", afirma.
Para se ter uma ideia, cerca de 70% do gasto com energia hoje na UFG é com o uso do ar-condicionado. "Se as pessoas ligassem o ar apenas após às 10 horas da manhã economizaríamos uma quantidade ainda maior do que com a troca de lâmpadas e as placas solares. E é apenas um gesto, mas que precisa partir de uma maior conscientização das pessoas", afirma.
Ele também destaca a criação, em 2018, do Comitê Gestor de Energia Elétrica da UFG que vai criar uma política para o uso consciente de energia elétrica e atuar na gestão de contratos de compra de energia na UFG. "Hoje possuímos mais de 50 pontos de compras de energia na UFG. O inventário em elaboração irá redefinir os usos de cada ponto de suprimento de energia, redimensionando os gastos e também estudando substituição de equipamentos com o objetivo de redução do consumo de energia elétrica", explica.
Árvore solar funciona como uma pequena usina solar e integra paisagem do Câmpus Samambaia (Carlos Siqueira)
Árvore Solar é instalada no Câmpus Samambaia
Como ressalta o professor Emiliano Godoi, a cereja do bolo do plano de eficiência energética é a árvore solar. A árvore é uma palmeira metálica de 11 metros composta por uma estrutura tubular e dez folhas, sobre as quais estão instalados dez painéis fotovoltaicos. "Ela funciona como uma pequena usina solar, aproveitando ao máximo a incidência da luz solar para gerar energia", afirma o responsável por Eficiência Energética da Enel Brasil, Odailton Arruda.
Cada estrutura tem potência de 2.6 kWp e uma geração estimada média de 300 KWh/mês, o equivalente ao consumo médio mensal de energia de duas famílias com cerca de quatro pessoas. "A árvore, no entanto, tem um papel muito mais importante do que apenas gerar energia, ela gera visibilidade para a necessidade de buscarmos maneiras de reduzir o consumo e para o plano de eficiência energética. Para que ela jogue luz no futuro sustentável da UFG e no nosso compromisso com a sustentabilidade".
Rede ODS Universidades
A UFG tomou mais uma iniciativa rumo à sustentabilidade. Nos próximos meses, torna-se membro da Rede ODS Universidades Brasil. A rede é uma iniciativa de instituições acadêmicas e de pesquisa que atuam de forma articulada e coordenada a fim de contribuir para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) no Brasil. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são uma agenda mundial aprovada por unanimidade pelos países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) no ano de 2015, durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável. A agenda é composta por 17 objetivos e 169 metas a ser atingidos até 2030.
Fonte: Secom/UFG
Categorias: universidade Edição 96