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Universidade Federal de Goiás
Vercilene

UFG forma primeira mulher quilombola mestra em Direito no Brasil

Em 22/02/19 16:55. Atualizada em 25/02/19 14:44.

Pesquisadora ingressou na Instituição em 2011, pelo programa UFGInclui, na graduação, e agora atua como advogada popular, representando os interesses da comunidade Kalunga

Texto: Letícia Santos

Fotos: Carlos Siqueira

A advogada Vercilene Francisco Dias tornou-se, nesta quinta-feira (22/02), a primeira quilombola mestra em Direito no Brasil. Com a dissertação intitulada “Terra versus Território: Uma Análise Jurídica dos Conflitos Agrários Internos na Comunidade Quilombola Kalunga de Goiás”, a pesquisadora aborda a temática da regularização fundiária na comunidade Quilombola Kalunga, localizada nos municípios de Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte Alegre.

Aprovada no curso de Direito da Universidade Federal de Goiás em 2011, após ingressar por meio do programa UFGInclui, Vercilene terminou a graduação no ano de 2016 , em seguida, foi a primeira mulher quilombola aprovada no exame da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Goiás (OAB-GO). Emocionada, ela relembra sua trajetória até o mestrado. “Um dos momentos mais felizes foi quando minha irmã, que não sabia ler, soletrou meu nome na lista de aprovados para a UFG”.

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Para a escrita da dissertação, a pesquisadora procurou compreender as relações socioculturais da comunidade Kalunga e os temas jurídicos que buscam respaldar questões territoriais. O intuito foi analisar a relação de discrepância entre a compreensão original de território por parte do povo quilombola e aquela dada pelo Estado. “Comecei a refletir sobre o tema da minha dissertação em 2015, quando pessoas da comunidade me relataram os conflitos que viviam, de como era difícil sustentar as famílias com o plantio, por falta de regularização das terras.” afirma Vercilene.

A banca examinadora foi composta pela orientadora Maria Cristina Vidotte Blanco Tarrega, da Faculdade de Direito (FD) da UFG, Isabelle Maria Campos Vasconcelos Chehab (FD) e Manuel Munhoz Caleiro, do Centro Universitário Autônomo do Brasil (UniBrasil), de Curitiba. Além da presença de amigos e familiares, o reitor da UFG, Edward Madureira, também esteve presente na defesa.

 

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Após apresentar a dissertação, Vercilene acompanhou as considerações da banca e foi muito elogiada por sua conquista e o que ela significa para a comunidade Kalunga. “É uma responsabilidade representar o meu povo, promover a oportunidade do diálogo na comunidade para que as famílias exponham os seus problemas e eu consiga de alguma maneira ajudá-las.” concluiu a pesquisadora.

A inspiração de levar a história de seu povo para o mestrado foi reconhecida pelas pessoas presentes. Manuel Munhoz, professor e membro da banca, destacou a importância da fala de Vercilene para a representação dos Kalungas, além de afirmar que os conceitos desenvolvidos pela pesquisadora são fascinantes no enriquecimento de estudos sobre a comunidade quilombola.

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Fonte: Secom UFG

Categorias: pesquisa Humanidades