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Universidade Federal de Goiás
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Seminário discute o papel do psicólogo contra o autoritarismo

Em 15/03/19 15:55. Atualizada em 15/03/19 16:39.

Faculdade de Educação realiza debate sobre formação em Psicologia versus o autoritarismo

Por Letícia Santos

Fotos: Carlos Siqueira

As sociedades modernas refletem as consequências de um procedimento que ainda se fez muito presente: o autoritarismo. Na semana do calouro, a Faculdade de Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG) propôs um debate sobre a temática “Formação em Psicologia contra o autoritarismo”. O evento teve a participação de nomes importantes, como a da professora Susie Amâncio, do curso de Psicologia da UFG e o do renomado psicólogo político da América Latina, professor da Universidad Nacional de San Luis da Argentina, Elio Rodolfo Parisí.

"A formação em Psicologia está conectada a discursos que lutam contra o autoritarismo". Com essa fala, o professor iniciou a discussão sobre a relação dessa ciência contra as práticas autoritárias. Para ele, a democracia da psicologia vai além da transdisciplinaridade.

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Questionado por um dos ouvintes se toda psicologia é ideológica, o professor defendeu o caráter político presente na disciplina, a medida em que se observa o objeto de estudo dessa ciência: o sujeito homem. Cada indivíduo possui percepções diferentes do que é o mundo e de tudo o que contém nele. Para o professor, essa subjetividade é proveniente de três instituições fundamentais: a família, a escola e o trabalho. “Cada modelo psicológico tem uma ideia do que é o sujeito, a saúde, a felicidade e o amor, não é uma construção teórica que se separe do sistema ideológico”.

Elio Parasí conta que centrou seus estudos na Psicologia política, na qual o caráter ideológico do conhecimento e conceitos como o de saúde mental são defendidos. Para ele, a saúde mental possui vertentes científicas e políticas que precisam ser discutidas pois dependem de formulações de planejamentos públicos provenientes do governo. O papel do psicólogo seria trabalhar no cuidado e na prevenção de uma boa saúde mental. “Se nós pensarmos que a saúde só depende de ações políticas, responsabilizamos um campo muito vasto”.

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Discrepâncias

Em seu momento de fala, a professora de Psicologia da UFG, Susie Amâncio, defendeu a existência de contradições na ideia de autoritarismo. No âmbito da vida coletiva, são evidenciadas divergências entre a existência de regras nas quais os sujeitos precisam se submeter e condutas de autonomia e liberdade. “A vida coletiva implica a observância de normas de comportamento, o que significa a subordinação a alguma forma de autoridade. Por outro lado, as inserções sociais devem comportar os princípios da autonomia e da liberdade, tão caros ao pensamento liberal, e que muitas vezes, são concebidos como opostos à autoridade”.

Segundo Susie, a partir do Iluminismo as ciências humanas conquistaram autonomia. Segundo Susie, a Psicologia é uma ciência que nasceu de um berço democrático, mas, ao mesmo tempo, toma como objeto de estudo o homem em sua individualidade. Essa disciplina busca entender um indivíduo que se forja dentro da realidade de uma sociedade burguesa e que vai se tornando cada vez mais narcisista. A reflexão da sua fala é direcionada para o posicionamento em que a sociedade precisa aderir diante das discrepâncias existentes. “Eu me deparei com a contradição de autoridade, contradição essa que precisamos enfrentar no espaço de formação, para que de fato seja possível resistirmos a tempos difíceis”, relata a professora.

Susie também expressa sua preocupação com o atual cenário político no qual o Brasil se encontra e da maneira como essa condição se alastrou tão repentinamente. Para ela, “O autoritarismo tem sido a única possibilidade de exercício do poder no mundo atual, em que se perdeu as noções da coletividade, da universalidade e até mesmo da tradição”.

 

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Fonte: Secom UFG

Categorias: Humanidades