Guia eletrônico identifica espécies vegetais por meio das sementes
Projeto inédito desenvolvido pela UFG e UFRB produz sistema de busca a um acervo de 300 espécies
Luiz Felipe Fernandes
Imagine ter à disposição apenas a semente de uma planta e precisar identificar a espécie à qual ela pertence. O Guia Eletrônico de Identificação de Sementes e Propágulos, desenvolvido pelas Universidades Federais de Goiás
(UFG) e do Recôncavo Bahia (UFRB), facilita esse processo ao disponibilizar um catálogo com imagens e características de sementes de 300 espécies vegetais.
A ferramenta inova ao oferecer um sistema de busca simples e intuitivo, podendo ser utilizada mesmo por quem não é especialista na área. As opções de pesquisa incluem nome científico ou popular da espécie, além de características aparentes, como cor, brilho, tamanho, forma e consistência da semente ou propágulo (sementes acompanhadas de
partes do fruto que permitem sua reprodução).
O professor Edson Ferreira Duarte, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), que coordena o projeto pela UFG, explica que, tradicionalmente, a identificação de sementes é feita com base em mostruários com exemplares para comparação ou com o auxílio de guias impressos. Com o guia eletrônico, esse trabalho torna-se mais fácil e rápido. A ferramenta foi feita em linguagem Java, compatível com qualquer sistema operacional, e que em breve, ganhará uma versão online.
Comércio de sementes
Além do registro para fins de sistematização do conhecimento, o guia eletrônico possui uma importante aplicação comercial e no trabalho de fiscalização. “Em todo o mundo, sob o ponto de vista legal, só se pode vender sementes com a identificação da espécie”, esclarece o professor. Isso inclui tanto o fornecimento em grande escala quanto o comércio de varejo, feito em casas agropecuárias, por exemplo.
Para a comercialização de sementes também é feita uma análise de sua qualidade física. Para se atestar a pureza de um lote, os laboratórios credenciados pelo Ministério da Agricultura verificam se há contaminação por outras sementes consideradas nocivas ou mesmo proibidas. Dependendo da espécie e da proporção encontrada, o lote não pode ser vendido como semente, o que aumenta a importância da identificação para a certificação desses produtos em todo o Brasil.
Parceria
O projeto que culminou no Guia Eletrônico de Identificação de Sementes e Propágulos existe desde 2010. O professor Edson Ferreira Duarte comenta que o trabalho é demorado por incluir várias etapas: colher a semente,
identificar a espécie, depositar o material no herbário e registrar no Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado (SisGen). Só depois disso é que as imagens são selecionadas para que as características sejam diagnosticadas e descritas.
Além do professor da UFG, o projeto é coordenado na UFRB pelo Dr. Grênivel Mota da Costa. Também integram a equipe do projeto os professores Camila Bezerra da Silva, João Soares de Oliveira Neto e Lidyanne Yuriko Saleme Aona, da UFRB.
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