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Universidade Federal de Goiás
Painel Econômico

PAINEL ECONÔMICO

Em 26/06/19 14:27.

Cenário atual tem apontado para um eventual corte na Selic nos próximos meses, reduzindo taxas de empréstimos para consumo e investimento

Boletim de Conjuntura Econômica de Goiás – No 110, junho de 2019 

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 - IPCA-15, do IBGE registrou, em junho/2019, o menor patamar para os meses de junho desde 2006. O IPCA-15 é considerado pelo mercado uma prévia da inflação oficial, medida pelo IPCA. Ambos os índices são calculados pelo IBGE e abrangem as famílias que recebem de 1 a 40 salários mínimos. A principal diferença entre eles assenta-se no período em que os preços são coletados: o IPCA leva em conta os preços coletados no mês cheio (do dia 1º ao dia 30 do mês de referência) e o IPCA-15 levanta os preços do dia 16 do mês anterior até o dia 15 do mês de referência. 

O resultado do mês de junho deste ano acaba ganhando maior relevância porque substituirá o do mês de junho/2018 no índice acumulado dos últimos 12 meses. Naquele mês, o IPCA bateu em 1,26% e o IPCA-15 em 1,11%, influenciados fundamentalmente pela greve dos caminhoneiros. Em maio/2019, o IPCA está em 4,66% no acumulado dos últimos 12 meses, portanto, acima da meta de 4,25% perseguida pelo Banco Central, mas as empresas estão tendo pouco espaço para aumentar seus preços no país. A julgar pela inflação apurada pelo IPCA-15, quando o IBGE divulgar os próximos resultados do IPCA no início do mês de julho, tudo indica que a inflação acumulada nos últimos 12 meses medida por este índice será menor. 

Se isso acontecer, pode ser acionado o gatilho para que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduza a taxa básica de juros da economia brasileira, Selic. Esta taxa está em sua mínima histórica, mas o Copom não a altera desde março/2018, quando a reduziu de 6,75% para os atuais 6,5%. Na ata da sua última reunião, o Copom acentuou que houve interrupção do processo de recuperação da economia brasileira, que vem operando com elevados índices de ociosidade nos últimos trimestres. Mesmo assim, a Selic foi mantida em 6,5% ao ano. 

A demanda interna continua comprimida pela elevada taxa de desemprego e este permanece sem reação por conta do desempenho pífio da economia. Não é por acaso que o Relatório Focus, fruto do levantamento semanal feito pelo próprio BC, tem retratado quedas consecutivas da expectativa de crescimento da economia brasileira para este ano de 2019. O último desses relatórios anotou a 17a queda consecutiva nessas expectativas, que agora apontam para um crescimento de 0,87% do PIB doméstico. 

Este cenário tem estimulado os debates sobre um eventual corte na Selic nos próximos meses. Este corte pode reduzir as taxas para os tomadores finais de empréstimos para consumo e investimento no Brasil, uma vez que a taxa Selic define o custo básico de captação de recursos para os bancos que operam no país. Já parece haver entre os principais analistas certa convicção da necessidade de que sejam tomadas medidas efetivas de estímulo à economia brasileira. Sem isso, dificilmente o PIB deixará de andar de lado e o nível de desemprego continuará gerando desgastes para o Governo e sofrimento para a população. 

É neste contexto que se inserem os últimos indicadores da economia goiana divulgados pelo IBGE, relativos ao mês de abril/2019. A produção industrial caiu 1,4%, as vendas do comércio varejista recuaram 1,3% e o volume de serviços teve queda de 0,8%. Parece um balde de água fria nas expectativas dos agentes econômicos, que esperavam reversão das quedas que esses setores apresentam em Goiás desde 2015. Do ponto de vista do Governo local, medidas de política fiscal poderiam contribuir para alterar este cenário, mas isso esbarra no desequilíbrio financeiro que o estado se encontra. 

Boletim de Conjuntura Econômica de Goiás – N. 110/junho de 2019. Equipe Responsável: Prof. Dr. Edson Roberto Vieira, Prof. Dr. Antônio Marcos de Queiroz

Fonte: Secom UFG

Categorias: colunistas