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Universidade Federal de Goiás
Livros girinos

Dos cientistas para as crianças

Em 12/07/19 08:53. Atualizada em 16/07/19 08:47.

Livros infantojuvenis apresentam resultados do maior projeto de pesquisa sobre girinos do Brasil

Michele Martins

Você sabia que a vida de um girino rende muita história para ser contada? Esse é o mote da Coleção Girinos do Brasil, uma série de seis livros infantojuvenis produzidos a partir de dados de um grande projeto de pesquisa que envolveu pesquisadores de 17 universidades federais em todo o Brasil. A coleção foi publicada em 2018 pela Gráfica UFG.

Livros girinos(Foto: Carlos Siqueira)

O projeto de pesquisa intitulado Girinos de Anuros da Mata Atlântica, da Amazônia, do Pantanal, do Cerrado e de Zonas de Transição: Caracterização morfológica, distribuição espacial e padrões de diversidade teve início em 2011. Em três anos, pesquisadores encontraram mais de 400 espécies de girinos em mais de 1200 poças, que ampliou o conhecimento sobre a biodiversidade e os biomas brasileiros. Para o professor do Instituto de Ciências Biológicas da UFG, Fausto Nomura, o diferencial desse grande estudo, além de estabelecer um protocolo padronizado para as pesquisas de campo, que considerasse as diversas características de cinco biomas brasileiros, foi possibilitar que o conhecimento sobre a vida desses pequenos anfíbios chegue até crianças em idade escolar.

Em seis volumes da Coleção, podem ser encontrados, lado a lado, termos técnicos e nomes populares que damos aos animais, ilustrações, infográficos, joguinhos e fotos tiradas pelos próprios cientistas em ambiente natural que mostram em detalhes a vida e o desenvolvimento dos girinos. Há muita informação, além de curiosidades como a ardência apimentada da rã-pimenta (nome científico: Leptodactylus knudseni) e a pele rígida que se une aos ossos, como se fosse um capacete, da perereca-de-capacete (nome científico: Corythomantis greeningi). O trabalho de design e arte foi de Mauro Rodrigues de Melo, da e-Magine Design Gráfico. Com diagramação, projeto gráfico e linguagem atrativos, cada livro trouxe um tema associado a um bioma específico, como as características das espécies, predação, hábitos de vida e estratégias de sobrevivência desses aninais.

A iniciativa de reproduzir os resultados das pesquisas em uma linguagem acessível para o público infantojuvenil partiu da professora do Instituto de Ciências Biológicas, Flávia Pereira Lima, uma das pesquisadoras do projeto. Para ela, este trabalho de divulgação científica foi um dos maiores que já tinha participado, por envolver diversos autores. “No grupo de estudos na UFG, eu já trazia experiências em elaborar materiais de divulgação científica direcionados ao apoio pedagógico. Como não existem editais específicos de divulgação científica, pedimos dinheiro por meio dos projetos de pesquisa para realizarmos essa atividades”, explica a professora.

A coordenação do projeto em âmbito nacional foi a professora da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Denise de Cerqueira Rossa-Feres, que considera a coleção um dos principais e mais importantes produtos da Rede SISBIOTA: Girinos do Brasil. Para além da importância do desenvolvimento científico, ela defende que nos editais de financiamento e nos projetos de pesquisas deveriam incluir os recursos necessários para a divulgação científica. “Divulgar o conhecimento sempre foi muito importante e necessário. Entretanto, nesses tempos em que o valor do conhecimento vem sendo desconsiderado e desqualificado, e em que opiniões pessoais disputam credibilidade com fatos científicos comprovados, a divulgação científica se torna urgente”, defende.

A professora Denise Rossa-Feres valoriza a aproximação dos pesquisadores com um especialista em divulgação científica na hora de divulgar os resultados das pesquisas para melhor atingir os públicos desejados. Ela destacou que a divulgação da ciência para crianças e jovens pode ser estratégica para aproximar a ciência da sociedade. "Além de contribuir para a formação de cidadãos bem informados e conscientes, é um processo com grande capilaridade, pois as crianças transmitem a informação e valores associados aos parentes e às pessoas com quem tem contato”, lembra a professora.

O estudo fez parte do programa federal Sisbiota, cujo objetivo é ampliar o conhecimento da biodiversidade e recebeu o financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Coordenação de Apoio ao Pessoal de Ensino Superior (Capes) e Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Participaram da pesquisa as Universidades: UNESP, USP, UFABC, UNIFESP, UFG, UFMA, UFAM, UFC, UESC, UEFS, UFMS, UFMT, UFBA, UFMG, UFPR, UFAL, UNILA.

Confira as edições completas: 

Do girino ao adulto: muita história pra contar

Diferentes formas de nascer: Amazônia

Girino de todo jeito: Mata Atlântica

Girinos comilões: conhecendo os girinos do Pantanal e do Chaco

Histórias de Vida: conhecendo os girinos da Caatinga

Salvando a pele: conhecendo os girinos do Cerrado

Fonte: Secom UFG

Categorias: Ciências Naturais