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Universidade Federal de Goiás
morcego

Espécies de morcegos são fundamentais para o meio ambiente

Em 14/08/19 13:13. Atualizada em 14/08/19 16:16.

Minicurso foi realizado durante o III Encontro de Biodiversidade Animal (III EBA) 

Letícia Santos

Mamíferos que possuem capacidade de voar, de dormir de cabeça para baixo e em alguns casos, até de se alimentarem de sangue. Essas características despertam inúmeros mitos e curiosidades a respeito dos morcegos. Apesar de muitas pessoas sentirem medo desses animais, eles possuem uma contribuição fundamental para o meio ambiente. Para discutir esse tema o 3º Encontro de Biodiversidade Animal do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade Animal (PPGBAN) realizou na última segunda-feira (12/08) uma palestra com o biólogo Marcelino Benvindo de Souza. Segundo o pesquisador, por apresentarem alta plasticidade e longevidade e por forragearem em diversos tipos de ambientes, os morcegos podem ser considerados essenciais biomonitores na qualidade ambiental. “Existem inúmeros estudos que comprovam o quanto esses animais são importantes para o meio ambiente”, afirmou.

O controle de pragas e insetos é um dos serviços prestados por esses mamíferos. Na Tailândia, espécies de morcegos que se alimentam de insetos podem impedir perda de 2.900 toneladas por ano de arroz, o que se traduz em um valor econômico nacional de mais de 1,2 milhões de USD ou refeições de arroz para cerca de 26.200 pessoas anualmente. “Um morcego pode vir a se alimentar de 300 a 500 insetos por noite, ao multiplicar esse número por um milhão de morcegos, é nítido a economia que um fazendeiro teria para combater insetos em sua plantação”, afirmou o biólogo. Morcegos também desempenham importância para o turismo. Em algumas partes do mundo, pessoas celebram a vida desses animais. Colônias formadas por um milhão de morcegos são atrações turísticas, principalmente na época em que esses animais saem dos seus esconderijos para realizar a migração. “Morcegos que saem debaixo de pontes, influenciam no turismo local, pois grupos de pessoas chegam de todos os lugares do mundo para poder ver esse momento”.

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Fotos: Natália Cruz

 

Distante do devido reconhecimento que a vida desses animais desempenham para o bem-estar do ecossistema, ações provenientes dos seres humanos colocam em risco a sobrevivência de diversas espécies de morcegos. Segundo Marcelino, o processo de bioacumulação ou biomagnificação ameaça a vida desses animais. Esse ciclo é definido por um aumento da concentração de uma substância ou um elemento nos organismos vivos, como é o caso dos pesticidas despejados nas plantas. Insetos que se alimentam dessas plantas acumulam o produto no organismo, assim, morcegos que se alimentam dos insetos também sofrem com a acumulação de pesticidas. “Todos seres vivos vão sendo contaminados. É um ciclo”, afirmou. Outro impasse que influência no aumento da mortalidade desses animais, envolve a energia eólica. As turbinas de vento para a produção dessa energia sustentável, representam uma grande ameaça para a vida de populações de morcegos. Isso porque esses animais são atraídos pelas hélices e morrem no impacto. “A energia eólica é fantástica, mas é preciso pensar em medidas para tentar diminuir o impacto que ela pode causar na biodiversidade, alguma proteção para não atrair os morcegos”.

Morcegos são reconhecidos por apresentar extensa diversidade alimentar. Algumas espécies são capazes de se alimentar de sangue, outras de frutas ou até mesmo de insetos. Para Marcelino, o que muitas pessoas não sabem é que de 1.300 espécies de morcegos, apenas três se alimentam de sangue e apenas uma dessas espécies já vieram apresentar ocorrências com seres humanos. “Casos com seres humanos são raros e geralmente acontecem com pessoas que apresentam condições de vida e de moradia precária”, relatou. Segundo Marcelino, várias espécies de morcegos são caracterizadas pelo hábito de compartilhar comida entre a sua população, e os que se recusam a realizar tal prática, podem ser expulsos do grupo. “Se acontecer desse animal ficar mais de quatro dias sem se alimentar, eles correm sérios riscos de morrer”, acrescentou.

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Dentre os países que mais apresentam diversidade desses mamíferos, o Brasil e a Colômbia enumeram o topo da lista. Estudos comprovam que existem mais de 183 espécies no Brasil. “Só no Cerrado foram encontradas 118 espécies de morcegos”, declarou o biólogo. Segundo Marcelino, ainda há muito preconceito quando se trata da importância que os morcegos possuem para o meio ambiente. Um dos principais motivos para a perpetuação do preconceito, é a falta de informação e a dificuldade para que esse conhecimento alcance as pessoas. “Infelizmente essas informações não chegam as pessoas, para que assim, elas possam entender o quanto esses animais contribuem para o equilíbrio do meio ambiente,” finalizou.

Fonte: Secom UFG

Categorias: Ciências Naturais