Palestra aponta tendências para a criação de aplicativos
Desenvolvedor destacou possibilidade de criar apps que não precisam de download
Gustavo Motta
O auditório Biolkino Pereira da Escola de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Goiás (EECA/UFG) recebeu na manhã de 12 de setembro a palestra “O Universo dos Aplicativos”. O evento foi promovido pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI/UFG) em parceria com o Centro de Empreendedorismo e Incubação (CEI) no âmbito do Programa Diálogos em Pesquisa e Inovação, e foi realizado pelo engenheiro elétrico e programador Matheus Ferraz.
O convidado abordou algumas tendências mercadológicas na criação de aplicativos. “Embora eles sejam associados especialmente à plataformas mobile, os chamados ‘apps’ consistem em qualquer programa que funcione em algum dispositivo”, destacou. Nesse sentido, existe a tendência de que o contato de indivíduos com a tecnologia se torne cada vez maior, o que abre caminhos para a onipresença da tecnologia - um conceito chamado de “computação ubíqua” - que se materializa na existência de tablets, smartphones, sensores e até relógios inteligentes, os chamados smartwatches.
Tecnologia das Coisas
Desse modo, enquanto desenvolvedores pensam em criar tecnologias para prestar serviços a usuários físicos, existe também a possibilidade de se criar aplicativos que atendam às funcionalidades de dispositivos. “Um conceito muito presente na atualidade é a ideia de Internet das Coisas, que significa a conectividade entre indivíduos e dispositivos, compartilhando informações em rede”. Nesse sentido, tecnologias são capazes de receber e transmitir informações - “o desafio para o indivíduo na atualidade é saber como acessar a informação, pois não existe mais a necessidade de saber”.
Um exemplo ocorre com o uso de aplicativos que utilizam localização em GPS (sigla que significa “sistema de posicionamento global” em português): “não é mais necessário saber como chegar a um lugar, basta entender como usar o app para chegar ao mesmo”. Além disso, existem tecnologias que ajudam a controlar a ingestão diária de água, a alimentação, rotinas domésticas e de trabalho, entre outras características da vida cotidiana que se conectaram ao virtual, de modo que “um simples smartphone possui mais memória e habilidades que o computador responsável pela primeira ida do homem à lua”.
PWAs
Entre as tendências atuais para a criação de aplicativos, estão os chamados Progressive Web App (PWA), que são apps abrigados em sites. “Esse tipo de app é acessado no próprio navegador, sem a necessidade de consulta à loja de aplicações e download, o que é favorável ao usuário que não vai precisar gastar espaço na memória de seu dispositivo”. Embora sejam encontrados em navegadores, os PWA utilizam toda a tela do dispositivo, o que cria a sensação de acesso a um aplicativo baixado no aparelho - o chamado aplicativo nativo.
Para o desenvolvedor, o PWA também apresenta vantagens em relação ao app nativo. “Isso porque o custo é menor, visto que existem hospedagens em web que são gratuitas, enquanto que a publicação de apps nativos demanda a criação de uma conta em lojas como Google e Apple Store, o que pode demorar e tem custo elevado”. No entanto, o palestrante também apontou a desvantagem quanto à renderização do aplicativo, ou seja, a velocidade do carregamento da tecnologia em tela, que é mais lento no caso de PWAs. “Além disso, esse tipo de aplicativo não é disponibilizado em lojas, uma vez que não são para download”.
Frameworks e servidores
Considerados como bibliotecas de funcionalidades ou caixas de ferramentas para quem desenvolve aplicativos, os frameworks são tecnologias que podem ajudar desenvolvedores de PWA a adicionar características de aplicativos nativos em suas criações. Isso porque embora o PWA seja de custo menor em seu desenvolvimento, o app nativo tem renderização melhor e pode ser encontrado em lojas - assim, é possível desenvolver um produto que, mais barato, pode ter todas as características de um app convencional. Cordova, React e Phonegap estão entre frameworks que realizam essa tarefa e auxiliam na redução de custos para quem deseja que seu produto final seja um app nativo.
Enquanto o aspecto visual e de interação de um aplicativo com o usuário é chamado de frontend, existe o chamado backend, que consiste na capacidade tecnológica de armazenar e utilizar dados. “Para armazenamento de dados, existe uma série de servidores - um deles é o Firebase, que atualiza informações em tempo real”. Trata-se de uma tecnologia desenvolvida pela Google com múltiplas funcionalidades, desde desenvolvimento de aplicações até expansão de negócios.
Como começar?
“O modelo de negócios que tem mais chance de funcionar é aquele que começa definindo um problema a ser solucionado pela tecnologia”. Desse modo, Matheus Ferraz apontou a necessidade de se pesquisar a ocorrência do problema para saber qual a viabilidade e o retorno que o projeto pode ter. “Você vai entender melhor quem é seu possível cliente, além de saber, a partir do comportamento dele com produtos, como vai monetizar o que criou” - isso porque existem variadas formas de se lucrar com um app, o que varia de acordo com o tipo de aplicação e seu público.
“Existe o caso de jogos, por exemplo, que são disponibilizados gratuitamente, sendo que o cliente compra aprimoramentos”, apontou. Outro caso diz respeito a apps que podem ser baixados de graça em versões limitadas e adquiridos financeiramente com funcionalidades adicionais. “Algo importante para formar o seu público é pensar no maior alcance possível de pessoas mantendo sua estrutura de pessoal e gastando o mínimo possível - divulgação em redes sociais é uma boa opção”, ressaltou.
Após o planejamento do app, com a definição de um problema a ser solucionado e o conhecimento sobre o público, é necessário pensar como vai ocorrer o desenvolvimento da tecnologia. “Muitas vezes a pessoa que tem a ideia empreendedora é quem vai desenvolver, mas também existem casos em que essas atividades são terceirizadas - por isso existem fábricas de software”. Quanto a esse último caso, o palestrante destacou a importância de se criar um manual de atividades, ou seja, um registro de tudo que o app deve fazer.
“Esse registro é chamado de backlog, o qual demanda a explicação e organização das funcionalidades do app”, apontou, destacando a validade de se montar esse registro levando em consideração o conceito de gestão 5W2H, sigla que aponta para os seguintes termos (em inglês): o quê; o porquê; onde; quando; por quem; quanto deve custar e como o aplicativo será desenvolvido.
Fonte: Secom/UFG
Categorias: Tecnologia