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Universidade Federal de Goiás
Pedro Gomes

Egresso da UFG dirige escola reconhecida como uma das melhores do país

Em 11/10/19 10:26. Atualizada em 11/10/19 16:10.

Diretor do Centro de Ensino Integral Pedro Gomes, José Neto fala sobre a importância de sua formação na Universidade

Luiz Felipe Fernandes

As instituições de ensino superior são agentes fundamentais na formação de professores nas mais diversas áreas de conhecimento. Só nos últimos 10 anos, a Universidade Federal de Goiás (UFG) formou quase 9 mil professores em seus 55 cursos de licenciatura – profissionais como o professor José Neto, que desde 2015 dirige o Centro de Ensino Integral (Cepi) Pedro Gomes, tradicional unidade da rede que recentemente foi destaque na pesquisa nacional "Excelência com equidade no Ensino Médio".

Nesta entrevista para o Jornal UFG, o egresso comenta sobre suas experiências na Universidade, fala da importância da formação oferecida pela instituição e comenta os fatores que colocam o Cepi Pedro Gomes entre as melhores escolas do país.

 

De que forma sua formação na UFG foi importante para a sua atuação profissional?

Concluí minha licenciatura em Filosofia por outra instituição em 2009 como bolsista do ProUni e neste mesmo ano iniciei meus estudos na UFG, na FAV, no bacharelado em Artes Visuais, habilitação em Artes Plásticas. No final de 2012 tive que interromper o curso, tendo-o concluído em 2017. No ambiente da Universidade, em 2012, surgiu o Coletivo Bunker, juntamente com a Julliana Oliveira, que foi professora da FAV e hoje está conosco na escola em que trabalho, e o Ian Alves. Desenvolvemos nosso TCC em coletivo, e agradecemos a Universidade por abraçar esse projeto ousado de escrita. A pesquisa foi orientada pelo professor Odinaldo Costa, pesquisa intitulada "A busca ansiosa do Abrigo: sobre a fragilidade dos laços humanos", a qual foi publicada pela Editora Biblioteca 24 horas, de São Paulo. O ambiente da Universidade Federal de Goiás é profundamente efervescente, participei de grupos de pesquisa, grupos de estudos na Fafil e na FAV. Sou professor de Filosofia da rede estadual desde 2010 e em 2015 fui eleito diretor do Centro de Ensino em Período Integral (Cepi) Professor Pedro Gomes.

Pedro Gomes

Representantes das escolas brasileiras que se destacaram na pesquisa (Foto: Divulgação)

 

Qual o diferencial do Cepi Pedro Gomes que possibilitou à unidade figurar entre os destaques no estudo em questão?

A pesquisa "Excelência com equidade no Ensino Médio", desenvolvida pelo Interdisciplinaridade Evidências no Debate educacional (Iede), Fundação Lemann, Instituto Unibanco e Itaú BBA, mapeou redes de ensino no Brasil que mesmo em condições adversas conseguiram bons resultados. De um total de 5.042 escolas, foram selecionadas 100 instituições, entre as quais se destacou o Cepi Professor Pedro Gomes. Os critérios utilizados para a seleção das escolas foram taxa de aprovação acima de 95%, proficiência em Língua Portuguesa e Matemática (Ideb), nota no Enem e que atendam alunos de baixo nível socioeconômico.

Nosso Cepi é uma escola de tempo integral e atende alunos de 7º ano do ensino fundamental à 3ª série do ensino médio. É motivo de muito orgulho a escola se destacar num estudo que avalia excelência no ensino, mas com a capacidade de fazê-la de maneira equitativa. O centro do modelo pedagógico da escola é o aluno e seu projeto de vida, trabalhamos o protagonismo dos jovens, a retomada da crença de que conhecimento pode ser produzido na educação básica. Temos iniciação científica para o ensino fundamental, em que os alunos escolhem um tema de qualquer área de conhecimento para pesquisar, Projeto Caritas (9º ano) que promove a empatia, a solidariedade e a criticidade, o Projeto Jovens Escritores (1ª série), cuja ação valoriza a escrita, a reflexão autobiográfica dos alunos e produção de um livro impresso ou e-book, a Mostra de Vídeos Direitos Humanos (2ª série), em que os alunos, com base nos artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, confeccionam vídeos, que são avaliados por uma comissão, que ao longo das sete edições tiveram participação de diversos professores da UFG, e Projeto Logos, inspirados nos TCEM do Cepae/UFG, em que os alunos escolhem um tema, um professor orientador, desenvolvem uma pesquisa, escrevem um artigo científico e o apresenta para uma banca de três professores.

O acompanhamento pedagógico é feito por diversos instrumentos que avaliam o aprendizado dos alunos, mas os professores também são tutores de um grupo de estudantes, um trabalho de vinculo, de escuta solidaria, apoio e orientação. Saber quem são os estudantes, de onde vêm, suas dificuldades, sonhos, temores, é importante para apoiá-los no aprendizado. Os professores criam projeto de eletivas, podendo proporcionar abordagens diferenciadas do currículo. Temos vários egressos na UFG em diversos cursos: Medicina, Artes, Filosofia, Biologia, História, Música, Agronomia, mas o mais importante não é a concorrência no ingresso do curso, mas a efetivação do projeto de vida do aluno. A escola não é feita para os estudantes, é feita com os estudantes.

 

Em que medida esse resultado é fruto do trabalho de formação de professores realizado pelas universidades, em especial a UFG?

Participei de programas como Pivic na Fafil e fui, durante vários anos, professor supervisor do Pibid de Filosofia, avaliando currículo, analisando obras didáticas, refletindo sobre didática e avaliação, acompanhando os estudantes. Os professores coordenadores do Pibid reconheceram-nos como colegas de trabalho, possibilitando a ruptura de qualquer verticalidade, e isso tentamos promover com nossos alunos no Cepi. As professoras Adriana Delbó e Carmelita Felício da Fafil são amigas que inspiraram muito, tanto no que tange à metodologia, quanto à paixão pela docência. Recebemos há vários anos estagiários da Faculdade de História, acompanhados pela professora Heloisa Capel, que ao longo dos anos se tornou parte da nossa escola, nos auxiliado de maneira generosa nas reflexões, formações e, claro, na integração real dos estagiários na vida do Cepi.

Professores da FAV sempre estiveram próximos, Manoela Afonso é uma entusiasta da escola, aprendi como aluno nas aulas dela a reconhecer o estudante como pesquisador, e o trabalho realizado em sala como produção de conhecimento. Às vezes é preciso romper o paradigma da hierarquia entre professor e aluno, ou ao menos (re)significá-lo, aprendi isso com muitos desses professores que fizeram a diferença na minha formação. No Cepi Professor Pedro Gomes temos muitos professores formados pela UFG, tanto nas licenciaturas quanto nos programas de pós-graduação, e, portanto, reconhecemos o diferencial desses profissionais, sobretudo na dimensão da pesquisa. Cada docente aqui tem uma história fantástica com a UFG, de professores que os inspiraram, de promoção de oportunidades, de valorização da pesquisa e da importância da escola.

Nossos alunos querem estar na universidade pública e nosso trabalho é alimentar o sonho de que estar lá é, além de possível, um direito deles. O caminho para diminuir desigualdades também passa pelas transformações promovidas pela escola pública e pela universidade pública. Sou profundamente grato a todos os professores da UFG, que fizeram parte da minha formação e que são colaboradores perenes do nosso trabalho.

Fonte: Secom/UFG

Categorias: Entrevista Institucional