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Universidade Federal de Goiás
Integridade Acadêmica nova versão

INTEGRIDADE ACADÊMICA

Em 27/01/20 17:09. Atualizada em 28/01/20 14:19.

Orientandos e orientadores: quais os limites desse convívio?

Tatiana Duque Martins*

Tatiana Duque


Por que a formação em nível de pós-graduação se dá na obrigatoriedade de se estabelecer uma relação de orientador e orientando? Quais são as vantagens desse modelo que é seguido mundialmente na formação do profissional da ciência? Quais são as armadilhas?

 

Todos nós, cientistas, vivenciamos continuamente esse modelo de relação mestre-aprendiz, inicialmente e invariavelmente como aprendizes e posteriormente, como mestres. O que percebemos é que nesse modelo, cada nova orientação é um novo processo, com regras e experiências próprias, que dificilmente se repetem em novas orientações estabelecidas. Isso porque essa parceria que objetiva a formação profissional, não está dissociada da formação pessoal: o cientista é o ser criativo, crítico, que é treinado nas artes da ciência, mas também na consciência científica, e isso deve incluir a formação ética do ser.
Por isso, engana-se o orientador que não se acha responsável pelas condutas duvidosas de seu orientando e o orientando que não pactua com as ações de seu orientador e se mantém isento: ambos têm papel-chave na preservação da ciência, através da observação dos preceitos de uma conduta íntegra em todos os aspectos da condução da pesquisa científica e da formação acadêmica.
Cabe ao orientador se aprimorar constantemente, tanto nas habilidades da profissão quanto nos aspectos éticos de sua profissão, para que possa repassá-los da melhor forma possível para o orientando, mantendo-se humilde para que aceite que esse também é um processo em seu próprio desenvolvimento, mas lembrando-se constantemente de que tem a obrigação de se aprimorar para entregar à sociedade o melhor profissional que puder formar.
Também cabe ao orientando absorver o conhecimento provido pelo orientador, questionando-se sobre os aspectos éticos de seus pensamentos e ações, mantendo-se também humilde para aceitar orientações de conduta, mudar de rumos e alerta para buscar informações quando em dúvida.
Não há, em nosso país, regras estabelecidas e bem descritas que definem a ética e a integridade no âmbito da academia, mas há exemplos e documentos escritos que podemos acessar, quando em busca de informações. Por exemplo, a Academia Brasileira de Ciências produziu seu guia de boas condutas (http://www.abc.org/IMG/pdf/doc-4559.html), a FAPESP, no Estado de São Paulo, produziu seu Manual de Boas Práticas (http://www.fapesp.br/boaspraticas/FAPESP-Codigo-de-boas-praticas-cientificas-2014.pdf), o CNPq já publicou suas diretrizes de boas condutas e a UFG está produzindo seus materiais informativos, já à disposição da comunidade no site da PRPI.
Fato é que a linha entre a orientação profissional e o aconselhamento de vida é muito tênue no modelo de formação adotado na carreira científica e a falta de empatia e humildade são os maiores obstáculos que podemos enfrentar. A não observância destes limites, que esbarram no respeito à individualidade de mestres e aprendizes, pode ser desastroso tanto para a formação do novo profissional quanto para o desenvolvimento da ciência.
Nós da UFG contamos com o Comitê de Integridade Acadêmica (CIA) bem formado e informado, atuante e reconhecido nacionalmente e não devemos nos esquivar de buscar informação e orientação em busca da conduta mais íntegra possível.

*Tatiana Duque Martins é Professora Associada do Instituto de Química da UFG e Coordenadora do Comitê de Integridade Acadêmica – CIA/UFG

Fonte: Secom UFG

Categorias: Coluna CIA integridade acadêmica