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Universidade Federal de Goiás
Rosemar Rahal

Professora tira dúvidas sobre exame de mamografia

Em 04/02/20 17:00.

Rosemar Macedo Sousa Rahal afirma que exame é o mais eficiente para diagnóstico precoce do câncer de mama

Silen Ribeiro e Thalízia Ferreira

No dia 5 de fevereiro é comemorado o Dia Nacional da Mamografia, o exame mais eficiente para o rastreamento e diagnóstico precoce do câncer de mama e que mais afeta as mulheres brasileiras. Apesar de existir um número suficiente de mamógrafos em todo o país, a cobertura mamográfica ainda é baixa. A professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás e mastologista do Centro Avançado em Diagnóstico da Mama (Cora) do Hospital das Clínicas da UFG (HC-UFG), vinculado à Rede Ebserh, Rosemar Macedo Sousa Rahal, fala sobre a importância do exame e tira as principais dúvidas das mulheres.

Rosemar Rahal

Qual a importância da mamografia para o diagnóstico do câncer de mama?

A mamografia é um instrumento muito importante no rastreamento e no diagnóstico precoce do câncer de mama. Todos os grandes trabalhos realizados com o objetivo de fazer ‘screening’ para câncer de mama foram realizados com a mamografia e mostram que é uma estratégia importante no diagnóstico e na identificação de lesões iniciais e com altas chances de curabilidade.

A mamografia causa dor ou isso é um mito alimentado pelas pessoas?

A mamografia pode sim causar dor ou desconforto, porém deve ser lembrado que esse desconforto é rápido, uma vez que o exame tem durabilidade pequena. Trabalho realizado por nós, na Universidade Federal de Goiás (UFG), mostra um número muito pequeno de mulheres que relata elevado desconforto no exame. A grande maioria das mulheres que faz mamografia aponta desconforto sim, mas que ele é tolerável.

Muitas pessoas acreditam que, devido à radiação, a mamografia aumenta o risco de câncer de mama. Comente sobre isso.

Vários exames, dentre eles a mamografia, utilizam a radiação para sua execução. E todos eles devem ter controle realizado pela Vigilância Sanitária, visando à utilização da dose correta de radiação para a realização desses exames. Esse é um cuidado importante para que o benefício da mamografia se mantenha. Mesmo que exista a utilização da radiação, e nós conhecemos os seus efeitos, os trabalhos mostram claramente os benefícios da mamografia para a redução de mortalidade por câncer de mama.

A mamografia pode ser substituída por outros exames, como a ultrassonografia mamária ou a ecografia mamária?

Não. A mamografia não pode ser substituída por outro exame. Os estudos que foram realizados no mundo para rastreamento de câncer de mama mostram a mamografia como o exame utilizado para esse objetivo. Há lesões identificadas pela mamografia que não são detectadas pela ultrassonografia. Existem microcalcificações, por exemplo, que muitas vezes podem estar relacionadas a um câncer em uma fase muito inicial e curável que podem não ser verificadas pela ultrassonografia. Essa identificação, muitas vezes, é realizada somente pelo exame de mamografia.

Existem cuidados especiais para o período pré-mamografia e pós?​

O mais importante em relação à escolha do momento da realização da mamografia é a idade em que esse exame dever ser realizado e a periodicidade. A recomendação é que mulheres de baixo risco, ou seja, aquelas que não possuam histórico familiar para câncer, devem realizar a mamografia partir dos 40 anos e que ela seja feita anualmente. Essa é a periodicidade recomendada.

Comente acerca da mamografia digital e como ela está sendo usada no SUS. No HC já está em uso?

De forma geral, todos os aparelhos de exames radiológicos evoluíram. Isso não aconteceu de forma diferente com a mamografia. E esse exame existe em clínicas que atendem ao Sistema único de Saúde (SUS). E, no Centro Avançado de Diagnóstico da Mama (Cora), dentro do Programa de Mastologia, o mamógrafo que utilizamos é o digital.

Existem casos de câncer que a mamografia pode não alcançar? Se sim, isso acontece por má qualidade dos equipamentos? E quanto ao preparo dos profissionais? Fale sobre o projeto do Cora de capacitação dos profissionais que realizam o exame em cidades do interior do estado de Goiás.

O exame de mamografia pode ter um resultado falso negativo. Ou seja: uma lesão pode estar no tecido mamário e não ser identificada. Por isso, a importância desse exame ser feito periodicamente, ou seja, uma vez por ano. Com certeza é muito importante que tenhamos equipamentos que estejam adequadamente preparados para sua utilização e que os profissionais, tanto os que realizam a mamografia, que são os técnicos, quanto os que fazem a leitura da mamografia, ou sejam, que dão o laudo desse exame, estejam sim com uma boa qualidade em termos de treinamento.

Foi feito pelo Cora, em conjunto com o Instituto Avon, um trabalho em que vários técnicos de mamografia do nosso estado fizeram um curso de aperfeiçoamento no Hospital de Câncer de Barretos. Esse trabalho foi apoiado financeiramente pelo Instituto Avon. Isso, com certeza, tem uma grande relevância, uma vez que o posicionamento inadequado da paciente durante o exame de mamografia pode ser uma causa de falsos resultados. Tanto o mau posicionamento da paciente no exame de mamografia, como também equipamentos de qualidade ruim podem aumentar as chances de um resultado falso negativo.

Quais as maiores dificuldades que as pessoas encontram atualmente para realizar o exame? Como é a cobertura mamográfica no interior do Estado de Goiás?

Essa é uma questão extremamente relevante e que nós também ficamos sem repostas diante de algumas perguntas. Como por exemplo: temos mamógrafos suficientes não só em nosso estado, como também em todo o Brasil, para todas as mulheres em idade de rastreamento. No entanto, em Goiás, a cobertura mamográfica fica em torno de 11% e, no Brasil, em torno de 25%.

Não conseguimos compreender por que isso acontece, uma vez que o aparelho existe. E uma outra questão é que ele está distribuído em todo o estado. Existe um maior número de equipamentos próximos a capital, mas existe no estado como um todo. O ideal é que o equipamento de mamografia fique a 60 quilômetros ou a 60 minutos da usuária. Em trabalhos realizados pela UFG, pelo grupo do Cora, foi identificado que o equipamento está nessa distância. Então, existe uma distância adequada em todo estado entre a usuária e o equipamento. Quais são as dificuldades para que essa mulher tenha acesso a esse equipamento, acesso à solicitação do exame, uma vez que, tendo realizado esse exame, tenha acesso ao profissional que vai avaliar se esse exame está negativo ou se existe alguma lesão identificada? E uma outra questão: sendo a lesão identificada, para onde essa paciente vai ser encaminhada para que essa lesão possa ser biopsiada?

Infelizmente, existe toda uma dificuldade, uma série de entraves desde o acesso da paciente à mamografia até a realização de uma biopsia para identificação de uma lesão. Todas essas dificuldades fazem com que, por vezes, a paciente chegue em estado avançado, reduzindo a chance de curabilidade de uma doença que é curável se as mulheres tiverem acesso ao exame de mamografia na periodicidade e qualidade corretas.

Quando as pessoas devem se preocupar em realizar o exame?

A mamografia é uma preocupação, com certeza, para mulheres de 40 anos ou mais. Então o primeiro exame deve ser realizado aos 40 anos e, posteriormente, todos os anos. Uma atenção especial deve ser dada para mulheres com idade abaixo de 40 anos que apresentam histórico familiar com risco elevado para câncer de mama, como famílias que tenham mulheres com câncer de mama e/ou de ovário. Para essas mulheres, a estratégia de rastreamento se inicia mais cedo e, por vezes, associada a outros exames, como por exemplo, a ressonância mamária.

CORA

Inaugurado no ano de 2016, em parceria com o Instituto Avon, o Cora do HC-UFG/Ebserh é um moderno centro de pesquisas acadêmica e clínica relacionadas às enfermidades da mama e oferece serviços à população de prevenção primária, secundária, terciária e quaternária (cuidados paliativos), ações de rastreamento do câncer de mama no município de Goiânia e interior do Estado, tratamentos oncológicos, cirúrgicos e reabilitação.

 

Fonte: Ascom do HC-UFG/Ebserh

Categorias: saúde HC FM Câncer de mama mamografia