HC-UFG leva mensagens de esperança aos seus pacientes de Covid-19
Projeto visa minimizar o sofrimento decorrente do processo de isolamento dos pacientes e familiares
A ideia de formar um time de comunicação surgiu com o responsável médico pela Clínica Covid do HC-UFG, geriatra e paliativista Ricardo Borges, junto com as equipes de Serviço Social e Psicologia, que observaram o sofrimento dos pacientes internados na Clínica e de seus familiares, por não poderem estar próximos neste momento, já que não são permitidas visitas aos pacientes internados nesta clínica. Assim, a falta de comunicação entre familiares, pacientes e a equipe acabava gerando angústia para todos.
Deste modo, o time de Comunicação surgiu e agregou uma equipe multiprofissional, com uma série de ações de suporte a estes pacientes e suas famílias. “O processo de isolamento é duro e doloroso para ambas as partes. Esse projeto, portanto, tem o papel de contribuir para a humanização e ambiência destes pacientes, que estão completamente isolados, pois não podem receber visitas, estão em um ambiente estressante, que é o ambiente hospitalar, e vivendo a quebra do seu cotidiano”, explicou Nathália Cristina Silva Pereira, terapeuta ocupacional do time de Comunicação do HC-UFG.
Contato com as famílias - O primeiro contato é feito pelo Serviço Social, que realiza o acolhimento, orientação das rotinas e identificação do contexto sociofamiliar. Diariamente, o time mantém contato pelo Whatsapp com os familiares para enviar o boletim médico e auxiliar a esclarecer suas dúvidas e preocupações quanto ao paciente internado. As perguntas referentes ao quadro clínico são repassadas aos médicos do time, que entram em contato por telefone com estes familiares para fazer os esclarecimentos necessários sobre o estado de saúde de cada paciente.
Jornais diários – Diariamente, os pacientes da Clínica Covid recebem jornais especialmente preparados para eles pela equipe da Terapia Ocupacional. Os jornais são distribuídos às 7 horas da manhã, junto com o café da manhã. Essa ação é realizada em parceria com as equipes da Nutrição Clínica e do Serviço Social. “A ideia do jornal surgiu quando uma fonoaudióloga do HC, que atendia pacientes internados com Covid-19, relatou o caso de um senhor que, ao sair da UTI, estava bastante desorientado”, afirmou a terapeuta ocupacional Patrícia Martins Ferreira. “Quando ele saiu de lá, ele não sabia se era dia ou se era noite, nem quanto tempo ele ficou internado na UTI. Ele não tinha notícias da família e não sabia o que estava acontecendo no mundo”, afirmou. A partir de então, Patrícia Ferreira começou a fazer jornaizinhos para ele. “A fonoaudióloga me dizia o que ele gostava de ler, o que ele queria saber de notícias e eu, então, preparava os jornais e deixava na porta do quarto”, disse.
A ideia do jornal cresceu e as terapeutas ocupacionais do time passaram a confeccionar jornais para outros pacientes da Clínica Covid. “Começamos a entrar em contato com as famílias para saber o que cada paciente gostava, mas percebemos que estávamos abrangendo um número pequeno deles e nós queríamos abranger toda a Clínica. Por isso, passamos a confeccionar jornais comuns, que trazem informações locais e do mundo e notícias diárias, direcionados a todos pacientes da Clínica, com os objetivos de trazer orientação relacionada ao tempo e espaço e promover estímulos cognitivos a pacientes, pois muitos ficam apáticos e confusos durante o tempo de internação”, afirmou Patrícia Ferreira.
As publicações trazem brincadeiras, jogos, piadas, receitas e notícias atuais que não tratem de tragédias nem de doenças. “No jornal diário também publicamos informações com orientação quanto ao Auxílio Emergencial do Governo Federal, auxílio-doença e outros direitos do paciente”, afirmou Emmeline Dias Simões Maia, assistente social do time de Comunicação do HC-UFG.
“Essa é também uma ação de humanização, por isso o jornal recebeu o nome de “Aconchego”. A nossa ideia foi levar um pouco de aconchego e de conforto a estas pessoas, mesmo que não possamos estar presentes fisicamente dentro da clínica”, ressaltou Patrícia Ferreira.
Envio de mensagens em forma de letterings - Outra ação muito positiva do projeto é o envio de mensagens de força e de esperança coladas às refeições. A ideia partiu da terapeuta ocupacional Nathália Pereira e a ação tem como objetivo fazer letterings de mensagens positivas. “Todos os dias, nós imprimimos, recortamos e decoramos as mensagens e as afixamos nas tampas das marmitas para serem entregues com as refeições”, afirmou Patrícia Ferreira. Inicialmente feita para os pacientes da Clínica Covid, a ação passou a ser realizada também na UTI Cirúrgica, onde estão internados os pacientes mais graves de Covid-19, e na UTI Médica, pois as visitas estão suspensas nas duas UTIs.
Um diferencial do jornal e das mensagens é que eles são ajustados também para quem não é alfabetizado. “Quando o Serviço Social entra em contato com a família para fazer o boletim psicossocial e ocupacional, perguntam sobre a escolaridade do paciente. Isso nos permite identificar quais pacientes são analfabetos e ajustar o jornal e as mensagens para estes pacientes com imagens e figuras em vez de textos”, destacou Patrícia Ferreira.
Correio elegante - Para os pacientes que não possuem celular, o time de Comunicação tem feito o contato com os familiares e reunido as mensagens, que são enviadas via Whatsapp para o time, repassando-as aos pacientes em forma de “cartinhas”. “Já fizemos uma ação no Dia das Mães, agora fizemos o mesmo no Dia dos Namorados, em que solicitamos aos familiares que nos encaminhassem mensagens pelo Whatsapp e as transformamos em “cartinhas” para os pacientes, como uma espécie de “correio elegante”, afirmou Emmeline Maia.
Atendimento direto aos pacientes da UTI - Na UTI, onde estão internados os pacientes mais graves, a Terapia Ocupacional realiza o atendimento direto aos pacientes. A terapeuta ocupacional Patrícia Silva realiza o trabalho de mostrar aos pacientes mensagens motivacionais, fotos e vídeos repassados pelos familiares. Todo material enviado pelos familiares também é utilizado para a realização de estimulação de pacientes em coma que não estejam com sedação.
Mensagens para os profissionais de saúde - A Terapia Ocupacional também tem feito um trabalho direcionado aos profissionais, com a fixação nos murais da Clínica Covid e da UTI de mensagens de motivação para as equipes, além da realização de sessões de auriculoterapia com aqueles que têm interesse.
O feedback dessas ações está sendo muito bom e positivo, segundo as terapeutas ocupacionais. Como elas não podem entrar na Clínica, elas conseguiram ter feedbacks depois que os pacientes receberam alta. “Já tivemos pacientes que tiveram alta da Clínica Covid e foram para a Clínica Médica e disseram que sentiram falta dos jornais diários e das mensagens coladas nas marmitas, pois essas ações foram muito importantes para eles quando estavam isolados e sozinhos”, destacou Nathália. A terapeuta ocupacional Patrícia Silva também recebe várias mensagens de agradecimento de familiares pelo trabalho realizado com os pacientes das UTIS, que não podem receber visitas.
A Terapia Ocupacional iniciou uma terceira ação do projeto, em parceria com as crianças em tratamento de hemodiálise no HC. “Elas estão confeccionando caixinhas com mensagens positivas para serem entregues aos pacientes que receberem alta da Clínica de Covid-19”, afirmou Nathália.
Fonte: Ascom do HC-UFG/Ebserh
Categorias: Saúde