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Universidade Federal de Goiás
Papo Musical

PAPO MUSICAL

Em 15/09/20 11:50. Atualizada em 15/09/20 12:09.

Concerto N.2 em dó menor para piano e orquestra de Sergei Rachmaninoff: remissão de um compositor

Gyovana Carneiro*


Retrato de Rachmaninoff (1873 – 1943)
por  Konstantin Somov (1869 – 193

Após o fracasso da estreia de sua primeira sinfonia, o compositor e pianista russo Sergei Rachmaninoff (1873 -1943), entra em depressão profunda, permanecendo sem compor por vários anos.

Foi realmente desastrosa a estreia de sua Primeira Sinfonia, op. 13 sob a direção de Alexander Glazunov (1865 – 1936). Na manhã seguinte à estreia, o compositor César Cui (1935 – 1918) escreve: 

“se houvesse um conservatório no inferno, Rachmaninoff iria receber o primeiro prêmio por sua Sinfonia, tão diabólicas as discórdias que ele coloca diante de nós”. 

Segundo relatos, desolado no primeiro momento, o compositor consegue sair da depressão através da hipnoterapia e psicoterapia ministradas pelo doutor Nikolai Dahl (1860 – 1939). O médico russo era especialista em neurologia, psiquiatria e psicologia.  Dahl era também violista amador, chegando a integrar o naipe de viola na orquestra de estreia do concerto opus 18. Foi para o médico que Sergei Rachmaninoff dedica seu afamado Concerto n. 2 opus 18 em dó menor para piano e orquestra.

 


Sergei Rachmaninoff (1873 – 1943)

Nesta obra composta em 1901, marco de sua cura, o compositor reúne aspectos essenciais de sua arte. Sua música fundamentalmente russa demonstra a influência recebida por seu ídolo de juventude Tachaikovsky (1840 – 1893). Rachmaninoff constrói no concerto n. 2, de forma magistral uma melodia lírica expandida a partir de pequenos motivos.

Segundo Rachmaninoff:

“cada movimento foi construído em torno de um ponto culminante. (…) Tal momento deve realizar-se como o romper da fita de chegada ao fim de uma corrida, deve agir como a libertação do último obstáculo material, vencendo a última barreira entre a verdade e sua formulação”.

Sergei Rachmaninoff (1873 – 1943)

Acredito que você leitor, já tenha ouvido as várias versões do concerto n. 2 em dó menor de Sergei Rachmaninoff. A canção popular estadunidense “All By Myself” cujo sucesso foi escrito por Eric Carmen e gravado em 1994 por Sheryl Crow e em 1996 por Celine Dion, é um arranjo temático do segundo movimento desse concerto. O tema do concerto n. 2 foi também popularizado no filme “O Pecado Mora ao Lado” (1956), dirigido por Billy Wilder e estrelado por ninguém menos do que Marilyn Monrroe, Tom Ewel e Evelyn Keyes.

Curiosamente, este concerto também era uma das músicas favoritas da Princesa Diana. Segundo o livro “Diana crônicas íntimas” de Tina Brown, a princesa costumava ouvi-lo ao escrever cartas e em momentos de descanso.

Princesa Diana (1961 – 1997)

Ouviremos o concerto n. 2 opus 18 de Sergei Rachmaninoff interpretado pelo pianista brasileiro Nelson Freire (1944) com a Orquestra Filarmônica de São Petersburgo sob a regência do Maestro Alexander Dmitriev (1935).

Nelson Freire (1944)

 Observe que este concerto inicia com uma série de acordes intercalados por uma nota grave, oscilando lentamente, lembrando um pendulo. Pode ser uma referencia aos pêndulos utilizados em seções de hipnose. Não podemos afirmar ao certo, mas não deixa de ser uma curiosa coincidência.

* Gyovana Carneiro é professora da Escola de Música e Artes Cênicas (EMAC) da UFG

O Jornal UFG não endossa as opiniões dos artigos e colunas, de inteira responsabilidade de seus autores.

Categorias: colunistas Emac Papo Musical