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Universidade Federal de Goiás
Câncer de mama

Mamografias realizadas pelo SUS caem 67% no Brasil durante pandemia

Em 24/09/20 12:19. Atualizada em 24/09/20 13:55.

Em Goiás, os números apontam redução de 50% dos exames realizados em relação ao mesmo período do ano passado

Ana Lívia Rodrigues Santos

Com a chegada do pico dos casos do novo coronavírus no Brasil houve a redução das pacientes em consultório para realização dos exames de mama. A afirmação é do professor Ruffo de Freitas Júnior, pesquisador e médico da Faculdade de Medicina da UFG e do Hospital Araújo Jorge e presidente da Rede Brasileira de Pesquisa em Câncer de Mama. Durante a última edição do Café com Ciência, organizado pelo Instituto de Física (IF/UFG), nesta quarta-feira (23/9), o professor apresentou os dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Câncer de mama, que mostram que as  mamografias realizadas no Brasil em mulheres entre 50 e 69 anos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de janeiro a junho de 2020, esteviveram 67%  abaixo, em relação ao mesmo período do ano passado. 

“As pacientes, principalmente aquelas acima de 60 anos, deixaram de comparecer nas consultas evitando que os tumores fossem detectados na fase mais adequada. E pior, eventualmente permitindo que houvesse um crescimento desses tumores”, observou o médico. Em Goiás, houve a redução de 50% dos exames realizados no mesmo período. “O rastreamento do câncer de mama em Goiás pelo SUS que já era ruim ficou ainda pior reduzido pela metade. Isso deve gerar uma situação drástica no futuro próximo das mulheres goianas de maneira geral”, apontou.

Câncer de mama e Covid-19
Ruffo Freitas apresentou pesquisas que mostram não haver relação direta entre tratamentos oncológicos e maior risco de morte por Covid-19

O declínio dos atendimentos e diagnósticos é alarmante, segundo a avaliação do professor, visto que o câncer descoberto precocemente aumenta as chances de cura dos pacientes. De acordo com Ruffo Freitas, em entrevista a Rádio Universitária, aproximadamente 80% das mulheres com diagnóstico de câncer de mama após o tratamento adequado estarão curadas, dependendo do tamanho do tumor. “A detecção precoce nas fases iniciais além de favorecer a um tratamento com cirurgias mais econômicas e eventualmente a não necessidade de quimioterapia, também poderá propiciar chances maiores de cura, que poderão chegar a aproximadamente 95%.”, acrescentou.

Durante a entrevista, ele alertou para que as pacientes não adiem seus tratamentos e assegurou que todas Unidades de Saúde estão seguindo os protocolos para impedir a disseminação do novo coronavírus. Estão sendo observados o uso de máscara de forma obrigatória, o espaçamento entre pessoas, a utilização de álcool para a limpeza e orientação sobre o uso dos banheiros.

Recomendações de tratamento

No início do surto dos casos de Covid-19, setores internacionais que previam dificuldades como essa ocorrida no Brasil publicaram protocolos para realizar tratamentos oncológicos com eficácia mantendo os cuidados necessários, explicou o pesquisador durante o Café com Ciência. “Se porventura a cirurgia pudesse ser postergada com segurança, era melhor fazer quimioterapia ou então endocrinoterapia para depois fazer a cirurgia. Postergando então o tratamento e dando vazão a um tratamento sistêmico no lugar do tratamento locorregional, da cirurgia ou da radioterapia”, afirmou.

No Brasil, de acordo com o professor, basicamente foram seguidas as recomendações internacionais. Ele apresentou um trabalho que desenvolveu em equipe sobre como os especialistas brasileiros estão gerenciando o tratamento do câncer de mama precoce. O levantamento foi realizado com o auxílio de entrevistas com 503 dos 1462 especialistas brasileiros. De acordo com os dados, 43% responderam que mudaram suas condutas do tratamento do câncer de mama logo no início da pandemia. Entretanto, segundo o professor, como os casos ocorreram de maneira desigual, ao longo do surto esse número subiu para 69%.

Em entrevista à Rádio Universitária, o professor destacou a importância do Outubro Rosa para a veiculação das campanhas publicitárias relacionadas à orientação sobre rastreamento e tratamento do câncer de mama. Neste ano, segundo ele, há possibilidade de que o movimento seja impactado pela pandemia da Covid-19, não apenas em Goiás mas em todas as regiões do Brasil. De qualquer forma, ele ressaltou que serão utilizados todos os meios possíveis para divulgação de todas as pesquisas relacionadas ao assunto dentro da UFG e também pela Rede Brasileira de Pesquisa em Câncer de Mama.

Confira a entrevista do professor Ruffo Freitas para a Rádio Universitária:

Fonte: Secom-UFG

Categorias: Saúde FF FM