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Universidade Federal de Goiás
reanimador Fasten Vita

UFG produz reanimador automatizado 

Em 06/10/20 10:16. Atualizada em 07/10/20 12:53.

Protótipo é parte do projeto FASTEN Vita que reúne 11 universidades para produzir equipamentos no combate à Covid-19

Kharen Stecca (com informações do Fasten Vita)

A Universidade Federal de Goiás é uma das parceiras do projeto FASTEN Vita. Uma iniciativa de mais de 40 pesquisadores de 12 universidades brasileiras para oferecer produtos de fabricação rápida a fim de combater os efeitos da pandemia da COVID-19. Os produtos são inspirados em projetos de propriedade intelectual aberta, que são adaptados/aperfeiçoados considerando a realidade brasileira, e ajustados para permitir fabricação rápida e descentralizada. No dia 6 de outubro os pesquisadores responsáveis pela iniciativa na Universidade Federal de Goiás apresentaram o reanimador montado na instituição. 

reanimador Fasten Vita
Foto: Kharen Stecca

Como funciona - O reanimador apresentado é um sistema de suporte de vida automatizado que tem como objetivo permitir que equipes de hospitais e unidades básicas de saúde possam dar um suporte ventilatório inicial a pacientes, até que eles possam ser transferidos para ventiladores convencionais. Ele se baseia no uso de um reanimador manual (popularmente conhecido como ambu). Seu funcionamento consiste na movimentação de pás que pressionam o balão auto-inflável do ambu de modo a fornecer um determinado volume de ar ou mistura ar+O2 (entre 200 e 600 ml por ciclo) a uma frequência (ente 10 e 30 respirações por minuto) e razão entre os tempos de inspiração e expiração (de 1:1 a 1:3) também definidos pelo operador. O sistema permite ainda manter pressões positivas nas vias aéreas do paciente (até 20 cmH2O) e monitora parâmetros como a PEEP (pressão no final da expiração) e PIP (pico de pressão na inspiração). Além disso, o sistema possui mecanismos de segurança para evitar situações potencialmente danosas à saúde do paciente, como pressões excessivas nas vias aéreas, e alarmes para indicar ao operador situações anormais relacionadas à condição do paciente ou funcionamento do próprio sistema. Por último, vale destacar que as partes que estão em contato direto com a respiração do paciente (circuito respiratório) possuem certificação médica para uso em ventilação e os gases exalados pelo paciente são filtrados antes de serem liberados no ambiente (a fim de minimizar risco de contaminação).

A vantagem do equipamento é que não é raro que equipes de profissionais se revezem por horas no manuseio de um reanimador (“ambuzando” o paciente) até que o mesmo possa ser transferido para um ventilador convencional. O VITA tem aplicação direta nesse contexto, tornando a tarefa menos dependente do operador (uma vez que controla automaticamente o volume entregue, a frequência respiratória, etc.) e evitando que os profissionais tenham que realizar um enorme esforço físico (os relatos são que após “ambuzar “um paciente por 30 minutos o nível de fadiga do profissional é altíssimo) e se colocar em alto risco de contágio (o profissional fica muito próximo ao paciente durante a manobra). Além dessa aplicação, existem ainda outras possibilidades como o uso na estabilização e transporte intra-hospitalar.

O custo estimado para o VITA é em torno de R$ 2.500,00 e ainda não há previsão para o uso em unidades de saúde convencionais. Atualmente o projeto está em Fase 2 de testes, na qual o desempenho do sistema está sendo avaliado com a ajuda de simuladores realísticos no campus da saúde da UFS (na cidade de Lagarto, Sergipe). Nos próximos meses, deve ser iniciada a fase de ensaios clínicos (Fase 3), onde o sistema será testado em pacientes em hospitais universitários espalhados pelo país.

Vantagens - O equipamento produzido pelo projeto é construído por impressoras 3D, máquinas de corte a laser ou de usinagem, que podem ser cedidas voluntariamente por pessoas físicas, empresas ou laboratórios. Assim, multiplicam-se as localidades em que os produtos podem ser fabricados. Quando estas máquinas se conectam à rede FASTEN Vita podem receber diretamente do servidor da rede tarefas para executar. Além de despachar as tarefas, o servidor também otimiza a distribuição geográfica entre os pontos de fabricação, permitindo atender mais rapidamente às demandas regionais. Desta forma, ganha-se tempo fabricando os produtos nos locais mais próximos de onde eles são necessários, e pela adesão dos voluntários, ganha-se também escala. Essa produção em escala é possível devido à plataforma de Internet das Coisas (IoT) desenvolvida no contexto do projeto FASTEN, projeto que aborda a manufatura aditiva no contexto da Indústria 4.0. A plataforma IoT habilita então uma “linha de produção” ou “fábricas virtuais” para a fabricação dos produtos nos mais diversos pontos do país. 

O projeto tem engajamento social, já que produtos podem ser fabricados com material de fácil acesso e não requerem treinamento complexo de pessoal, podendo ser rapidamente incorporados em linhas de produção de pequenas empresas, o que pode auxiliar a movimentação da economia local. 

equipe fasten vita
Parte da equipe da EMC envolvida com o projeto Fasten Vita: Professores Daniel Cunha, João Paulo Fonseca e Gélson da Cruz Júnior (Foto: Kharen Stecca)

 

Como ajudar - Para potencializar a resposta do projeto é preciso adesão de interessados em multiplicar as localidades em que os produtos podem ser fabricados. Todos podem ajudar fazendo doações: em material para fabricação, em dinheiro e até na forma de tempo para ajudar o voluntariado. Para se juntar ao projeto acesse aqui:  http://contatofastenvita.inescbrasil.org.br/

Rede Inesc - O projeto é viável graças à existência da Rede INESC Brasil, gerida pelo Instituto de Ciência e Tecnologia INESC P&D Brasil, organização sem fins lucrativos. Os pesquisadores envolvidos no Fasten Vita são filiados às seguintes instituições: Universidade Federal de Sergipe, Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade Federal de Juiz de Fora, Universidade Federal da Bahia, Universidade Federal de Goiás, Universidade Federal do Pará, Universidade Federal do Maranhão, Universidade Federal do Vale do São Francisco, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Universidade Estadual de Maringá, Universidade do Estado de Santa Catarina, PUC Rio Grande do Sul.

Produtos do projeto Fasten Vita - Exemplos de produtos oferecidos pelo projeto: Protetores faciais (face shields), Máscara de ventilação não invasiva – Spirandi, Cabines de Isolamento, cabines de desinfecção de máscaras N95 por radiação ultravioleta (UV) e o reanimador automatizado Vita Pneuma. Este último é decorrente de uma iniciativa portuguesa, o projeto PNEUMA desenvolvido pelo INESCTEC.   

O Reanimador automatizado Vita Pneuma é um equipamento que visa a estabilização e manutenção de pacientes à espera de ventiladores pulmonares convencionais, podenso ser usado também em transporte intra-hospitalar de pacientes. Possui  modo de ventilação assisto-controlado a volume (A/C VCV); ajuste e monitoramento de parâmetros como volume corrente, frequência, razão I:E, PEEP e trigger; alarmes e mecanismos de segurança para evitar pressões altas nas vias aéreas, perdas de pressão, etc.; permite a inclusão de oxímetro externo para monitoramento de SaO2 e frequência cardíaca.
A produção do Vita Pneuma envolve impressão 3D e máquina de corte a laser.
Inspirado em uma iniciativa portuguesa, o projeto PNEUMA desenvolvido pelo INESCTEC

 

Protetores faciais (face shields) são equipamentos de proteção usados por profissionais de saúde e que os protegem de fluídos que possam estar contaminados. Estão sendo produzidos com impressoras 3D e máquinas de corte a laser. A montagem leva poucos minutos, e quando finalizados estão sendo encaminhados para hospitais, clínicas e outras unidades de saúde.

Cabine de desinfecção de máscaras N95 por radiação ultravioleta

Foto: Josafá Neto
As caixas de desinfecção de máscaras descartáveis de filtro N95 eumentam a proteção dos profissionais de saúde de contaminações no ambiente hospitalar. A tecnologia permite a reutilização das máscaras equipamento de proteção individual, que passam por descontaminação por radiação ultravioleta.
A iniciativa original é do Laboratório de Corrosão e Nanotecnologia, em parceria com o Setor de Gestão de Inovação e Tecnologia do HU e a Superintendência de Infraestrutura da Universidade Federal de Sergipe.

   

 

Máscara de ventilação não invasiva – Spirandi

A máscara de respiração não invasiva Spirandi é uma evolução de uma máscara convencional, voltada para pacientes conscientes e com capacidade de respiração espontânea, e que não necessitem de monitoramento constante. Usada em conjunto com a cabine de isolamento, diminui a difusão dos vírus expelidos pelo paciente na respiração, no ambiente hospitalar.

     

 

Construída com materiais de fácil obtenção, como tubos de PVC e uma película de vinil transparente, visa reduzir os riscos de contágio das equipes médicas que tratam pacientes com a Covid-19. Usada em conjunto com a máscara Spirandi, diminui a difusão dos vírus expelidos pelo paciente na respiração, no ambiente hospitalar. Foi inspirada na Cápsula Vanessa, desenvolvida pelo Instituto Transire e Samel Health Tech.

 

Fonte: Secom UFG e Faten Vita

Categorias: Tecnologia EMC Fasten Vita