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Universidade Federal de Goiás
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Polarização política afeta comportamento dos brasileiros sobre a Covid-19 

Em 19/10/20 14:03. Atualizada em 20/10/20 12:29.

Simpatizantes do governo estão menos preocupados com a pandemia e têm menor intenção de se vacinar 

A polarização política no país é um dos fatores mais importantes que explicam as diferenças de comportamento dos brasileiros em relação à Covid-19. Opositores do governo federal estão mais preocupados com a pandemia, sabem mais sobre a doença e têm maior intenção de se vacinarem quando uma droga estiver disponível para a população. Já os brasileiros que avaliam favoravelmente a gestão do presidente Jair Bolsonaro estão menos preocupados, sabem menos e também têm menor intenção de se vacinarem. 

Esses são alguns resultados da pesquisa “A comunicação no enfrentamento à Covid-19”, conduzido pelo Centro de Pesquisa em Comunicação Política e Saúde Pública da Universidade de Brasília (CPS/UnB) em parceria com pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Western University (Canadá). O estudo entrevistou 2771 brasileiros, numa amostra que buscou representar a população brasileira com cotas de gênero, idade, região geográfica e classe social. 

Entre os dias 23 de setembro e 2 de outubro, quando foram feitas as entrevistas, 35,2% dos brasileiros consideravam o desempenho do governo federal “ótimo” ou “bom”, 21,6% diziam que era “regular” e 43,2% avaliavam a atual administração como “ruim” ou “péssima”. Com relação à pandemia, esses três grupos tinham atitudes, opiniões e comportamentos muito diferentes. Entre os mais críticos ao governo, apenas 1,4% não estavam nada preocupados com a doença. Entre os brasileiros mais satisfeitos com o governo, o percentual era cinco vezes maior (8,7%). Já os que estavam muito preocupados com a doença eram apenas 21% dos mais satisfeitos com o governo e mais que o dobro entre os insatisfeitos (44,8%).

quadro 1

Já o nível de conhecimento dos brasileiros sobre a doença foi medido a partir de respostas a uma bateria com 17 questões sobre a transmissão do vírus, os sintomas da doença e os cuidados recomendados por autoridades sanitárias. Foi criado um índice de conhecimento que varia de 0 a 100 segundo o número de acertos. A média da população brasileira nesse índice foi de 74,0. Isso quer dizer que, em média, cada respondente acertou 74% das questões. Entretanto, entre os que avaliam o governo como “ótimo” ou “bom” tiveram um nível de acerto de 69,0% e os que consideram o governo “ruim” ou “péssimo” acertaram 79,3% das questões, ou seja, um pouco além de dez pontos percentuais a mais. 

quadro 2

A pesquisa também questionou os brasileiros sobre sua intenção de vacinação contra a Covid-19, quando a vacina estiver disponível. Novamente, a atitude entre simpatizantes e opositores do governo é muito diferente, em níveis estatisticamente significativos. Entre os que avaliam positivamente o governo, 8,1% dizem que não têm nenhuma chance de se vacinarem, contra apenas 1,7% dos que avaliam o governo negativamente. Entre os mais críticos ao governo, 79,2% dizem que têm muita chance de se vacinar, contra pouco mais da metade (54,5%) dos apoiadores da atual administração.

quadro 3

O estudo também analisou a concordância dos entrevistados com alguns comportamentos em relação à doença, incluindo os associados às três recomendações básicas para evitar o contato com o vírus: distanciamento social, uso de máscara e higiene das mãos. Segundo os dados, os simpatizantes do governo Bolsonaro não se incomodam tanto em ir a lugares onde há muita gente, têm evitado mais o uso de máscaras e não mudaram tanto a frequência com que lavam as mãos, em relação aos brasileiros que avaliam mal o governo. 

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Ficha técnica: Pesquisa “A comunicação no enfrentamento à Covid-19: Identificação de desigualdades informacionais em segmentos sob risco”. Survey realizado pelo IBPAD - Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados, em painel online com 2771 brasileiros convidados de forma aleatória e realizado entre os dias 23 de setembro e 2 de outubro de 2020, com cotas de gênero, idade, região geográfica e classe social. Financiado com recursos do Edital COPEI-DPI/DEX No 01/2020 da Universidade de Brasília e do IBPAD. 

Equipe: Wladimir G. Gramacho (Coordenador do CPS e professor da Faculdade de Comunicação da UnB), Pedro Santos Mundim (Coordenador do CPS e professor da Faculdade de Ciências Sociais da UFG), Emerson Cervi (Professor do Departamento de Ciência Política da UFPR), Mathieu Turgeon (Professor do Departamento de Ciência Política da Western University, no Canadá) e Max Stabile (Doutorando do Instituto de Ciência Política da UnB).

Fonte: CPS UnB

Categorias: covid eleições FCS destaque