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Universidade Federal de Goiás
cidades

Pesquisa da UFG analisa a qualidade ambiental de Goiânia  

Em 29/10/20 14:51. Atualizada em 29/10/20 14:51.

Condições sanitárias, climáticas e hídricas ainda são impasses para o bem estar dos goianienses

Por Talita Prudente (Coordenação de Comunicação da PRPG-UFG)

Goiânia  está entre as 10 cidades mais populosas do Brasil segundo o censo 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com 1.536.097 habitantes. O rápido crescimento da capital e a má ocupação e apropriação dos espaços provocam desequilíbrios no ecossistema da cidade, que interferem diretamente no bem-estar da população.

A  professora Karla Maria Silva de Faria, do  Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da UFG (PPGCIAMB), conceito 6 na CAPES, coordena um grupo de pesquisa que investiga justamente a realidade da qualidade ambiental de Goiânia, indo ao encontro do 7° objetivo das Metas do Milênio (Qualidade de Vida e Respeito ao Meio Ambiente) e de duas importantes legislações brasileiras: o artigo 225 da Constituição Federal e o artigo 2 da  Política Nacional de Meio Ambiente.

“Devemos ter consciência que a qualidade de vida está atrelada à qualidade ambiental e perpassa a integração entre meio abiótico (ar, água e solo), meio biótico (seres vivos) e o meio antrópico”, destaca Karla Maria, doutora em Geografia com ênfase em Geoecologia, Planejamento Ambiental e Geoprocessamento.

 

 

“Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”.

“Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana”.

 

Os estudos iniciados em 2019 no Laboratório de Geomorfologia, Pedologia e Geografia Física da UFG analisam as condições ambientais da capital e formulam estratégias de baixo custo de monitoramento e  mitigação dos impactos do inchaço urbano, especialmente daqueles associados ao uso dos solos e recursos hídricos de Goiânia. O método já foi apresentado à prefeitura da cidade para cooperação do poder público com a implementação das estratégias na capital.

A professora exemplifica que cidades com infraestrutura relativa a saneamento ambiental e conforto térmico minimizam gastos na área de saúde, bem como na resolução de problemas causados direta ou indiretamente por impactos ambientais. ”Anualmente, acompanhamos as reclamações sócio-urbanas quanto a chuvas intensas que comprometem tráfego, moradias, ou a reclamação  quanto às temperaturas elevadas. Esses dois extremos comprometem o dia-a-dia urbano não apenas quanto à mobilidade, mas também quanto à saúde física e mental e à economia. “, completa.

Karla Maria também chama atenção para outros desequilíbrios ambientais que, segundo ela, “passam despercebidos pela população”, como os vinculados à poluição sonora ou visual. Segundo ela, há uma justificativa corrente de que esses impactos são produtos da urbanização, mas essa interpretação não pode ser simplesmente normalizada, em vista dos prejuízos causados aos indivíduos e ao orçamento do poder público. “Atender a qualidade ambiental é garantir recursos que podem ser mais bem investidos em outras áreas”, reflete.

Apesar  da importância da questão ambiental nas áreas urbanas, a professora diz que o assunto ainda é  visto pela população como algo que diz respeito apenas às áreas rurais ou unidades de conservação, não implicando a responsabilidade dos moradores dos grandes centros urbanos. Por isso, o projeto de pesquisa realizado no PPGCIAMB possui uma extensão que  envolve a sensibilização e conscientização ambiental, conduzida nas escolas municipais em projetos temáticos.

O programa da UFG possui as linhas de pesquisa "Monitoramento e análise de recursos naturais" e "Conservação, desenvolvimento e sociedade", e estará com edital aberto para mestrado e doutorado entre os dias 11 e 25 de novembro.

Plano ambiental

Goiânia sustentou por vários anos títulos como “Cidade das Flores”, “Cidade mais arborizada” e  “Cidade Sustentável”, ligados a projetos de requalificação ambiental e urbana como promoção da construção de parques, realocação de famílias que estavam em áreas de risco, ampliação de redes de água tratada, ampliação e implantação de rede de coleta de resíduos domiciliares e de coleta seletiva.

Porém, Karla Maria coloca que apesar dos ganhos ambientais que a cidade adquiriu,  precisamos ter consciência que diversas obras públicas e privadas não conseguem garantir as normativas ambientais já estabelecidas, consagradas e necessárias.

A professora expõe que um plano ambiental ideal para Goiânia se inicia na valorização e instrumentalização dos técnicos que estão nos órgãos ambientais, de planejamento e de obras, que conhecem a cidade e todos os projetos já aprovados e que estão próximos de serem implantados.

Essa valorização resulta no conhecimento da realidade ambiental da cidade, no mapeamento dos gargalos do sistema de drenagem e arborização urbana, na qualidade das unidades de conservação e nas alterações de zoneamentos e inadequações dos índices urbanísticos e ambientais.

Perspectivas políticas

Ao analisar  os Planos de Governo dos atuais candidatos das eleições de 2020 de Goiânia, Karla Maria observou que a maioria das propostas são generalizadas e escassas como  a busca da sustentabilidade, da implementação e da política de resíduos sólidos

Segundo a professora, a temática ambiental não é destacada em todos os documentos registrados no TRE e, em alguns planos, a justificativa e a proposição de ações demonstram total desconhecimento de assuntos e temáticas ambientais da capital.

São listadas ações anteriormente apresentadas em outras campanhas de governo que não foram implementadas em função de ausência de tecnologias adequadas à realidade do município, inclusive financeira. “A implantação da política de resíduos sólidos, nem deveria aparecer como promessa de campanha, pois se trata de uma obrigação do município implementá-la”, considera Karla.

Fonte: Secom UFG

Categorias: Ciências Naturais PPGCIAMB