
Fake news refletem nos cuidados com a saúde
Semana Nacional do Livro e da Biblioteca aborda a importância da disseminação de informações verdadeiras na crise atual
Amanda Birck
As fake news se espalham 70% de vezes mais rápido do que as notícias verdadeiras. O dado apresentado por Paulo de Oliveira, analista de sistemas, integrou a discussão da mesa-redonda da Semana Nacional do Livro e da Biblioteca da UFG, com o tema “Informação e Saúde nos Tempos da Pandemia”. O evento, mediado pela professora Keyla Rosa, teve também a presença do advogado Murilo Félix e da epidemiologista Edlaine Villela. Com transmissão pelo canal de YouTube da UFG, os participantes abordaram os impactos que o fluxo de informações duvidosas possuem e como refletem nos cuidados com a saúde.
Paulo de Oliveira acredita que a população mundial enfrenta, na atualidade, um fenômeno denominado “era da (des)informação”. Segundo o analista, “ao mesmo tempo em que temos acesso ilimitado a uma quantidade enorme de informações, temos também acesso à desinformação”. Em exemplo aos perigos ocasionados pela disseminação de notícias falsas e a facilidade de enganação, Oliveira apresenta o site brasileiro de registros de domínio da web, onde páginas oficiais e de importância nacional podem ser duplicados e apresentados com links semelhantes aos dos originais, repassados de forma maldosa.
O advogado Murilo Félix refletiu sobre outra questão maléfica ocasionada pela veiculação de informações duvidosas, conhecida como negacionismo. Para Félix, a prática gera alerta por ser realizada, inclusive, por figuras públicas de altos cargos no governo, sendo a população pobre a mais afetada pela desinformação, um efeito colateral do discurso político. “A polarização política incentivou o uso das fake news. Elas possuem como vítima tanto as pessoas que estão desinformadas circunstancialmente, como os meios de informação diretamente que devem concorrer com as notícias falsas e devem gastar tempo as apurando”.
Mesmo com uma parcela de representantes políticos utilizando o método do negacionismo e criando graves repercussões, Murilo Félix comenta ainda sobre o contra-ataque do Congresso por meio do projeto de lei 2.630, que consiste na criminalização das fake news. “As fake news não são crime, elas podem servir como um meio, como o crime de injúria, ou um crime econômico.” As propostas incluem a limitação do número de contas vinculadas a um mesmo usuário e a exclusão de robôs.
Questão de Saúde
O International Citizen Project Covid-19 (ICPCovid), coordenado por Edlaine Villela, é um estudo de base populacional que avalia a adesão da sociedade às medidas de Saúde Pública. Realizado por meio de um questionário com perguntas variadas a respeito das precauções tomadas pelo público, o estudo já coletou informações de mais de 35 mil participantes de todo o território nacional. A coordenadora e epidemiologista comenta, em sua exposição, sobre dados valiosos reunidos pelo ICPCovid, que possui respostas de exatidão a respeito das medidas preventivas e emprego pós-pandemia da população, a reação da informação propagada por veículos de comunicação influenciando boa parte das decisões tomadas pelos estudados.
Segundo Villela, em relação às medidas preventivas tomadas pelos brasileiros e motivadas pelas precauções expostas pela mídia no início da pandemia, 93% dos participantes do estudo respeitavam a regra de permanecer a 2 metros de distância de outra pessoa; 85% ficavam em casa quando apresentam sintomas gripais e 45% utilizavam a máscara facial. Após a instituição da obrigatoriedade do uso de máscara, porém, a porcentagem cresceu para 97%. Villela reflete ainda que a resposta positiva, ao longo do tempo, veio acompanhada de incerteza do público. “Muitas informações distintas foram veiculadas durante esse período e vindas de instituições e órgãos nacionais do nosso país.”
A epidemiologista explica também a respeito de um fenômeno que acompanha o surto de COVID-19: a infodemia, que consiste em um excesso de informações, tanto verdadeiras quanto falsas, que tornam difícil encontrar fontes idôneas e orientações confiáveis quando necessário. A desinformação, segundo Villela, torna-se prejudicial à saúde no contexto atual da pandemia.
O evento comemorativo da Semana Nacional do Livro e da Biblioteca segue sua programação na sexta-feira (30/10), com um treinamento em fontes de informação online e portal CAPES, além de um alongamento dirigido. A transmissão será realizada por meio da plataforma Google Meet.
Fonte: Secom-UFG
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