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Universidade Federal de Goiás
museu lgbt

Livro propõe cartografia dos museus LGBTs no mundo

Em 18/11/20 17:42. Atualizada em 24/11/20 14:06.

Pesquisa foi desenvolvida na UFG durante a graduação e pós-graduação do autor

O Doutorando em Comunicação pela Universidade Federal de Goiás Tony Boita, graduado em Museologia e mestre em Antropologia acaba de lançar o livro "Museologia LGBT", resultado de suas pesquisas na UFG. Tony é diretor do Museu das Bandeiras na Cidade de Goiás. O livro faz um levantamento cartográfico de mais de uma centena de iniciativas que retratam as memórias LGBT ao redor do mundo. Nesta pesquisa, ressalta Tony, foram encontrados 121 museus, monumentos, arquivos e indicadores de memórias voltados para a população LGBTQI+ na maioria dos países do mundo. Uma das muitas iniciativas brasileiras é o Museu da Diversidade Sexual, criado em 2012 na cidade de São Paulo. "Este é o primeiro museu da América Latina, com essa temática. Há em comum em ambas iniciativas um desejo de visibilizar, preservar e garantir a dignidade humana e o direito a memória as memória pessoas LGBTQI+", explica o museólogo.

tony museologia
Pesquisa do livro foi desenvolvida na UFG durante a graduação e pós-graduação de Tony Boita (Foto: Arquivo pessoal)

 

A pesquisa cartográfica teve início durante a graduação do autor em Museologia na UFG orientado pela professora Manuelina Maria Duarte Cândido e concluído em 2014. Mas foi somente no Mestrado em Antropologia Social na UFG que a pesquisa tomou corpo sob a orientação da professora Camila Moraes Wichers. Após a defesa da dissertação, denominada de "Cartografia das Memórias Desobedientes" em 2018 a banca recomendou para publicação e durante dois anos o livro foi sendo trabalhado e atualizado.

Segundo o pesquisador, há regiões no mundo onde essas iniciativas predominam: "São as regiões no mundo em que existem medidas protetivas e/ou legislações favoráveis às sexualidades não normativas como é o caso das pessoas LGBTQI+. Países onde há punição ou pena de morte a este grupo não foi possível encontrar tais indicadores. Deste modo, a pesquisa compreendeu que países fóbicos à diversidade, também excluí as memórias destes grupos".

O livro pode ser encontrado aqui

museu lgbt

Confira a sinopse:

Os bens patrimoniais e os museus foram, desde os seus primórdios, espaços de identidades moldadas na figura masculina, na heterossexualidade, na branquitude, na propriedade e na colonialidade. Palcos da norma buscaram – e ainda buscam – o apagamento das diferenças, por vezes encenadas em uma diversidade redutora.

Assim, os corpos, os saberes, os lugares e as expressões LGBT têm sido sistematicamente excluídos das políticas patrimoniais e dos museus institucionalizados. Esse mecanismo de negação dos direitos culturais dessa população é revelador de um sistema hetero-cis-normativo, que busca apagar as histórias e as memórias associadas às sexualidades desobedientes.

Construídas entre afetos e resistências, as memórias transviadas ressurgem em iniciativas reveladoras da força e das redes de pessoas travestis, transexuais, lésbicas, bissexuais e gays.

Essa cartografia, portanto, revela um movimento de resistência múltiplo e diverso, com o levantamento de mais de uma centena de iniciativas que positivam as memórias LGBT ao redor do mundo. Cabe apontar que, como indica o autor, “essa cartografia não se refere exclusivamente a territórios e a lugares, mas sim às relações e aos processos de liberdade e resistência de memórias exiladas de sexualidades desobedientes”. Trata-se de uma cartografia social, perpassada por subjetividades, aberta e rizomática.

Pesquisadorxs do campo da memória, do patrimônio e dos museus encontrarão aqui um exemplo de estudo antropológico e etnográfico.

Fonte: Secom UFG

Categorias: Humanidades FCS