Artistas discutem performances musicais e pandemia
Evento online abordou o valor da arte em cenários difíceis como o de isolamento social
Bárbara Ferreira
"A universidade pública ainda trabalha pela performance musical, a realiza, discute a performance musical, a viabiliza e a ensina", afirma o professor Eduardo Meirinhos, diretor da Escola de Música e Artes Cênicas (EMAC/ UFG) no discurso que deu início à cerimônia de abertura do 43° Festival Internacional de Música, na última quarta (18/11). Em sua fala o professor reforça a intenção do evento, feito para os alunos. Mesmo enfrentando uma epidemia mundial que afastou os estudantes da universidade, “a escola tem que se readaptar e o artista se reinventar”, destaca o diretor.
O festival é o mais antigo do Brasil, em edições contínuas, e também, o primeiro festival de música de Goiânia. Inicialmente, foi promovido pelo Conservatório Goiano de Música, que se tornou Instituto de Artes e, hoje, Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás (UFG). Presente na abertura do evento, o professor Edward Madureira Brasil, reitor da UFG, destaca a importância desse histórico de 42 edições, que não poderia ser interrompido, por isso, enfatiza o valor dessa cerimônia acontecer à distância.
O momento histórico, marcado pela pandemia da covid-19, foi tema de discussão no evento. Frequentemente, os artistas são questionados sobre como estariam sobrevivendo em um mundo em que plateia é sinônimo de perigo. No entanto, deveríamos perguntar também: “como estaria a sociedade sem a arte? Essa arte que agora sustenta, em grande parte, a sanidade da comunidade”? A indagação do professor Eduardo Meirinhos evidencia uma dependência recíproca: a arte precisa de gente, assim como a gente precisa de arte.
A edição de 2020 trouxe convidados de diferentes partes do Brasil ministrando aulas, palestras e mesas de discussões, estreando um formato diferente, todo on-line, tratando sobre assuntos que variam entre instrumento, canto, regência, educação musical, música popular e musicoterapia. Já as apresentações, parte necessária de um evento musical, compuseram uma retrospectiva de festivais passados, reapresentando artistas.
O festival contou com a participação de Marcelo Barboza na flauta e Daniel Bolshoi no violão, apresentando as canções do compositor argentino Astor Piazzolla, "História do Tango" e "Café 1930". O músico Marcelo Barboza acredita que o cenário da música brasileira seria diferente se toda capital tivesse algo semelhante a esse festival. Isso porque pensa que, mais que uma troca de experiências musicais ou trabalho com estudantes, o festival representa "sementes de cidadania, boa gestão do dinheiro público e de responsabilidade social", afirma o artista.
A cantora soprano Susana Gaspar, de Portugal, se apresentou juntamente com Nuno Vieira de Almeida, no piano, em 2018 e volta a impressionar os espectadores. A cerimônia de abertura foi encerrada pelo Coro do 42° Festival Internacional de Música, regidos por Vladimir Silva e acompanhados por Maria Caroline Porto no piano, apresentando "É madrugada" de Stella Júnia. Quando o espetáculo aconteceu presencialmente, Vladimir Silva, especialista em prática coral e regência, falou justamente sobre o contato, que foi reduzido nessa edição online. O regente disse que a experiência que é o contato com alunos e professores de diferentes lugares amplia o mundo.
O Festival Internacional de Música Belkiss Carneiro de Mendonça leva o nome de sua idealizadora, em homenagem à pianista goiana, que faleceu em 2005. Teve início na década de 60 e hoje é organizado pela Universidade Federal de Goiás, através da Escola de Música e Artes Cênicas. De acordo com a professora Dra. Gyovana Carneiro, Coordenadora do 43° Festival Internacional de Música, este mostra resistência por meio da ciência e arte ao atual desmonte das universidades e também, à pandemia.
Fonte: Secom UFG
Categorias: Arte e Cultura Emac