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Universidade Federal de Goiás

Entrevista Reitor Edward Madureira (2006 - 2010/2010 -2014 // 2019- 2022)

Em 10/12/20 09:30. Atualizada em 10/12/20 09:33.

Íntegra concedida à jornalista Ana Flávia Pereira, da Rádio Universitária, para a matéria Novo prédio do HC: uma história de persistência

Como é que o senhor ficou sabendo sobre a construção do novo prédio do HC, em que pé estava, quais foram os encaminhamentos dados a partir de então, conta um pouquinho como foi esse início?

Bom Ana Flávia, já na campanha para eleição de reitor de 2005, esse era um tema recorrente. Por diversos fatores naquele momento a obra estava parada, com a fundação praticamente da obra feita e as primeiras estruturas de pilares lá no chão e numa condição muito... podemos dizer assim, desagradável, um lugar onde havia buracos, na época da chuva água empossava e aquilo não combinava com o hospital universitário, com o ambiente de universidade e desde essa época a continuidade dessa obra me mobilizou no sentido de envidar esforços para que a gente conseguisse retomar a obra.

Havia uma discussão com, com o Fundo Nacional Da Saúde sobre a destinação de um recurso para aquela fase inicial da obra e a gente começou ainda antes da posse a se inteirar um pouco dessa situação. E sem dúvida nenhuma é uma agenda né, uma obra, que mobiliza muitas pessoas, mobiliza muito a sociedade e tornou-se uma das prioridades da nossa gestão àquela época logo que assumimos a Reitoria no dia 6 de janeiro de 2006.

A gente tem buscado aí resgatar um pouco dessa história de construção do novo Hospital das Clínicas. O senhor disse que na campanha eleitoral já viu o interesse por essa discussão e quando assumiu a gestão da Universidade também assumiu esse compromisso com Hospital das Clínicas. O que o senhor pode relatar sobre essas etapas anteriores. O que o senhor sabe por exemplo dessa primeira etapa, a Fundação, quem começou como é que começou, por que parou, o senhor sabe datas para gente situar historicamente?

Olha, Ana Flávia, talvez falte alguns dados, mais precisos né, mas a gente sabe que o sonho de ter um bloco de internação que dê dignidade às pessoas e dê dignidade aos profissionais de saúde, aos pacientes, compatível com a grandeza do nosso Hospital das Clínicas, com o nível de complexidade, é um sonho muito antigo, que certamente ele remonta ao século passado. Pessoas começaram a pensar e a projetar isso muito antes da primeira iniciativa, vamos dizer assim, mais concreta de conseguir recursos para a fundação.

A primeira emenda destinada a construção da obra é por volta de 2002 ou 2003 quando se conseguiu um recurso, posso não estar muito preciso nos números, mas se não me engano algo próximo a R$ 3 milhões que era o suficiente para dar início àquela obra. Isso no mandato da ex-reitora, professora Milca Severino Pereira, mas eu imagino que o projeto vem ainda da época do mandato do professor Ary Monteiro do Espírito Santo e as primeiras tratativas nessa direção.

Inclusive o professor Ary era médico, professor lá da Faculdade de Medicina, né?

Sim. Foi diretor do HC também. Ele é um personagem que eu inclusive sugiro que seja ouvido nessa... nessa história que está sendo recontada, com a proximidade da inauguração do HC.

A ideia de construir esse novo prédio do HC tinha esse tamanho?

Olha, do tempo que eu estou envolvido com a obra sim, o projeto ele estava pronto com esses 20 andares, nós não modificamos o projeto, apenas fizemos readequações porque nós tínhamos um projeto que era mais antigo e que o avanço da Engenharia e o avanço da Medicina exigia readequações no projeto. Então foram feitas readequações nesse período em que buscávamos recursos para dar continuidade a obra. Então alguns ajustes foram feitos. Mas desde que eu conheço a obra, que eu me envolvi com ela, ou seja, ali em 2005, já era um prédio de 20 pavimentos com mais de 46 mil metros quadrados de área construída.

Então o projeto sempre foi ousado?

Sempre foi ousado. É um projeto ousado na medida da grandeza da nossa universidade, das nossas Faculdades da área de saúde né e do hospital que já existia desde os anos 60 e, ali, atendeu e atende milhares e milhares, se não milhões de pessoas.

Nesse princípio, qual era o sentimento que existia?

Olha, um sentimento assim de muita desconfiança no sentido de ser um sonho inalcançado pela grandeza da obra, pela dimensão, pela dificuldade de se conseguir recursos. Então uma sensação de que não seria possível, que aquilo não se concretizaria porque era muito para as possibilidades da UFG enquanto instituição que sempre conviveu com recursos muito escassos, com muitas dificuldades de natureza orçamentária. O próprio Hospital das Clínicas carregava um endividamento, então as pessoas olhavam para aquilo, para aquele projeto, aquela iniciativa e viam com uma certa desconfiança de que esse sonho não seria alcançado. Então esse era o sentimento mais ou menos geral, mas é claro que algumas pessoas em particular acreditaram na ideia, na proposta, e claro que me deram o estímulo necessário para ir atrás dos meios para a gente conseguir viabilizar essa obra.

E como foi essa luta para conseguir o dinheiro e inclusive para mudar esse sentimento que reinava dentro da Universidade Federal de Goiás?

Primeiro, a gente argumentava, sempre com muito cuidado, de que era possível sim, que em outros estados as bancadas de Deputados Federais e senadores eram muito próximas às Universidades e conseguiam viabilizar obras estruturantes em outros locais. Esse era o argumento ponto de partida da argumentação sempre tendo cuidado de dizer que seria muito difícil, mas se nós perseverássemos, se nós trabalhássemos com muita determinação, com muita responsabilidade, a gente conseguiria alcançar o objetivo. Mas para isso também foi essencial ter uma equipe técnica muito competente no antigo Cegef, hoje Seinfra, à época comandado pelo arquiteto Marco Antônio de Oliveira, que foi uma peça fundamental, extraordinária, na garantia da qualidade técnica do projeto e também dos processos licitatórios. Não podemos também deixar de mencionar o trabalho sempre muito cuidadoso e sempre muito atento da nossa procuradoria federal da AGU, na época ainda comandada pelo saudoso dr. Everaldo Bezerra e também na Proad o Professor Orlando que depois veio a ser reitor. Essas pessoas e suas equipes foram chaves no sentido de demonstrar e trazer credibilidade para proposta.

Nós precisávamos de credibilidade técnica, de credibilidade do ponto de vista jurídico e de todo o processo envolvido na licitação da obra e é claro e precisávamos fazer um movimento muito consequente, muito responsável em direção à bancada de Deputados Federais e senadores. Eu na época muito pouco conhecido nesse meio jurídico, mas algumas pessoas foram me apresentando gradativamente para bancada. E aí eu destaco dois parlamentares que foram importantes nesse processo: o deputado federal Vilmar Rocha e o deputado federal Rubens Otoni. Os dois deputados foram gradativamente me apresentando para bancada e à época o coordenador da bancada era deputado federal Jovair Arantes e nós fomos degrau a degrau conquistando a confiança, trabalhando para que as emendas né, já que o orçamento da Universidade não permitia fazer uma obra dessa magnitude, mesmo na época do Reúne, onde a gente teve recursos, mas os recursos eram muito vinculados à expansão da graduação, então uma obra dessa estruturante na área da saúde ela tinha que ter aporte extra, que poderia do Ministério da Saúde, do Ministério da Educação, mas nós optamos pelo caminho da bancada. A bancada já naquela época existiam tanto as emendas individuais, que cada deputado destina de acordo com seu projeto, e a emenda da bancada que era um recurso que ficava para decisão do conjunto da bancada. Naquela época as emendas de bancadas não eram impositivas como hoje, nem mesmo as emendas individuais eram impositivas. As emendas poderiam não ser pagas.

E isso claro que trazia também uma certa instabilidade para gente né. Às vezes você conseguia convencer a bancada num determinado ano de colocar uma Emenda e a emenda não era liberada e causava uma frustração enorme em nós no processo de licitação. Porque para gente fazer a licitação da obra por etapa, a gente precisava também cumprir alguns critérios né. Aquela etapa tinha que ser concluída, então não poderia ser um recurso muito pequeno, você tinha que ter um recurso que permite você terminar por exemplo tantos andares, e aí você tinha que esperar esse dinheiro ser liberado, e aí era um sufoco enorme, porque geralmente as emendas eram liberadas no finalzinho do ano e você precisava estar com tudo preparado para poder não perder o recurso né, então sempre foi uma ginástica enorme. Primeiro no momento de convencer a bancada que é mais ou menos setembro , outubro do ano anterior, aí convenceu a bancada, a emenda foi para o orçamento. Aí no outro ano você trabalhava para liberar a emenda, e para liberar emenda era uma novela, você conseguia liberar no finalzinho do ano e aí a gente teve solavancos, podemos dizer assim, na construção dessa obra. Às vezes a obra andava porque tinha um recurso, às vezes a obra parava por falta de recurso, tivemos problemas com empresas que ao longo do processo de construção do hospital entraram em dificuldades, não pela obra do hospital, porque o nosso pagamento sempre foram muito em dia, até porque ela recursos já né do orçamento né, e quando eles eram empenhados eles ficavam nos restos a pagar e no ano seguinte era só fazer as medições da obra e fazer o pagamento. Mas algumas empresas tiveram dificuldades em função de outras obras e abandonaram. E aí era uma outra dificuldade enorme que a gente tinha que aproveitar esse recurso que já estava empenhado para poder ser utilizado uma nova licitação. Então aí entra o professor Orlando de novo, dr. Everaldo, essas pessoas que foram decisivas no desenrolar dessas dificuldades de natureza técnica mesmo, né, então, foi... a obra andava, parava, e cada vez que ela parava, as pessoas entravam de novo processo de descrença, mas ela foi chegando num ponto e chegando numa conformação tal, que a bancada se via na obrigação de aportar os recursos para a continuidade da obra, né, porque não podia mais deixar parar a obra depois de uma certa altura. Então a bancada de alguma forma se tornou uma grande aliada né, e por isso a gente vai cuidar nessa inauguração de convidar os parlamentares de cinco legislaturas que de alguma forma contribuíram para que a obra estivesse pronta. Porque isso foi o contínuo né, um contínuo que teve algumas paradas pelo meio do caminho em função disso que eu acabei de relatar para você.

Professor, ouvindo tudo isso que o senhor está dizendo, a impressão que fica é a de que foi um grande malabarismo e também um grande empenho, uma dedicação enorme, porque são muitos anos são muitos processos, então eu acredito que deva ter acontecido aí muita coisa importante, muita história interessante que marcou esse processo de construção. Conta pra gente uma dessas histórias que marcou de forma especial esse sonho realizado?

Olha, são muitas. E eu acho que têm muitas pessoas que podem contar histórias interessantes. É importante assim a dinâmica dessas emendas, a partir de uma certa altura elas viraram impositivas né, e uma certa altura diminuiu-se o seu número de emendas possíveis. Teve um ano que nós disputamos com todos os municípios e com governo Estado de Goiás para onde queria a emenda de bancada, porque só era possível naquele ano, eu não vou me acordar exatamente qual ano, ter uma única emenda de bancada para o estado pelo Estado de Goiás. E era uma Disputa se fazia anel viário de não sei qual cidade, duplicação de não sei qual rodovia e uma série de outras obras importantes, e eu lembro muito bem que a gente fazia plantão literalmente no Congresso Nacional na época das reuniões de bancada. Talvez não tinha uma pessoa mais presente no Congresso Nacional, claro com exceção dos parlamentares, do que eu juntamente com professor Tasso que sempre me acompanhada nessas andanças, em algumas delas também o superintendente do hospital hoje dr José Garcia, e a gente ali peregrinando, andando, sem hora, né, literalmente perseguindo os deputados, né, que se reuniam em determinados plenários lá no Congresso. Eu lembro que a fama nossa de persistência correu longe e fez escola né. Eu recordo muito bem do desembargador Helvécio, do Tribunal Regional do Trabalho, que também entrava na disputa por recursos de emenda de bancada para construir a sede do TRT aqui e ele também conseguiu construir a sede e as pessoas sempre diziam que a UFG fazia escola nessa perseverança, nessa luta. Uma passagem que eu me lembro bem foi no dia 31 de dezembro nós também fizemos plantão na Reitoria, eu e o Professor Orlando. Uma dessas ocasiões nós saímos da reitoria, Goiânia já estava iluminada com os fogos da passagem do ano, mas nesse dia deve ter sido 2008/2009, na passagem de ano de 2009 ou de 2009 para 10, a gente conseguiu quase 6 milhões de reais na última hora conversando com o secretário executivo do MEC à época, o Henrique Paim. O Paim ligou para gente, Edward você dá conta de empenhar 6 milhões aí, eu falei um minuto Paim, peguei outro telefone liguei para Orlando, Orlando a gente consegue empenhar 6 milhões, conseguimos. E aí em poucos minutos o recurso estava empenhado e a gente salvou, talvez naquela época, a maior arrancada do Hospital das Clínicas. O Professor Orlando nos mandatos dele como reitor, ele conseguiu o volume de recursos que foi o suficiente para terminar a obra. Foi de uma emenda de praticamente 100 milhões de reais, que permitiu dar continuidade na obra até o fim, é claro que depois da emenda empenhada existe uma outra luta no governo que é pelo financeiro liberar o recurso mesmo para fazer os pagamentos. Iso também deu muito trabalho e de novo os parlamentares foram muito importantes, eu lembro desse mandato, do deputado federal Daniel Vilela ir comigo na Casa Civil né, para poder liberar os recursos para gente fazer os pagamentos da obra. Então Ana Flávia têm histórias aí de muita dedicação mesma, muita determinação. Mas a gente quando olha para obra hoje, a gente vê que valeu muito a pena né. A gente conversa com as pessoas hospital, todos se orgulham muito de ver aquele gigante ali né. E quem tem oportunidade de andar lá por dentro como eu tive oportunidade de fazer isso, a gente se impressiona.

Eu imagino que depois de 20 anos, agora inaugurado na sua gestão, o sentimento que vem à tona deve ser muito bom.

Sim. É aquela sensação literalmente do dever cumprido, de ver se materializar um equipamento de saúde que não deve nada para nenhum hospital privado do mundo, não vou falar nem do Brasil. Dificilmente no Brasil a gente tem um hospital privado com a qualidade daquilo que... esse hospital vai dispor. E o que é mais importante né, é um hospital 100% Sistema Único de Saúde, 100% gratuito né e que vai atender a população mais necessitada o nosso estado e claro que vai atender a população de outros estados também, porque o Hospital das Clínicas hoje já faz isso. E atender com qualidade de atendimento, com dignidade e com excelência técnica, de equipamentos e de tudo que diz respeito a uma boa prática de saúde de alta complexidade.

O sentimento é de dever comprido, trabalho de muitas anos. Imagino que deve ser muito bom o sentimento.

Sem dúvida nenhuma, a gente compartilha e celebra essa conquista, que é uma conquista não só da universidade, é claro que a universidade será muito beneficiada, pois teremos um ambiente de formação de profissionais muito especial. Teremos também um ambiente de pesquisa extraordinário. Em cada pavimento têm salas de estudo, alguns pavimentos têm auditório, justamente para discutir casos, para fazer aulas teóricas, tem repouso adequado para os residentes e médicos, ou seja, dignidade para as pessoas que estão lá. Os pacientes né, as enfermarias Ana Flávia são enfermarias de apenas dois leitos né.

Diferentemente das enfermarias que a gente tem hoje que às vezes tem 10, 12 leitos, até 15 leitos. Temos assim dignidade para o paciente. Todas as questões de segurança muito bem estudadas. A central de esterilização eu diria que é uma das mais modernas da América Latina e provavelmente do mundo com as possibilidades de esterilização de material de controle de infecção do melhor padrão possível. É um hospital Como eu disse anteriormente não deve nada para nenhum hospital do mundo. Então nós só temos que nos orgulhar de ter conseguido, apesar do tempo né, tempo excessivamente longo, mas isso é característica do nosso país mesmo, um tempo excessivamente longo a gente conseguir concluir essa obra e a partir de agora né a população vai contar com esse equipamento de saúde sem padrão de comparação né, 100% SUS né, é importante reafirmar isso né, atendimento integral de saúde de alta complexidade, sem a pessoa pagar um centavo daquele que é mantido pelo governo federal e em um hospital público né e de excelência. A medicina Goiânia ganha, a medicina brasileira ganha, a UFG ganha e a formação de profissionais de Saúde do Estado de Goiás ganha porque por ali passam Profissionais de Saúde né, médicos enfermeiros nutricionistas fisioterapeutas, de várias outras instituições também. Então é um grande presente para cidade de Goiânia para o Estado de Goiás e porque não dizer que o país.

Professor, voltando um pouquinho, muitas vezes a gente ouvia durante a construção do prédio novo do HC, que por alguns momentos a construção ficou parada, então a gente ouvia comentários das pessoas dizendo que a administração era negligente e que a obra estava abandonada, parada, que a gestão não interessava, e o que a gente percebe com seu relato é que na verdade nunca aconteceu isso, né professor?

Nunca. Essa obra foi prioritária desde o início. E eu tenho certeza que no reitorado que me antecedeu da professora Milca também foi prioridade. A questão é que no país a burocracia da liberação de recursos, da aplicação de recursos, das fontes de recursos possíveis, ela é algo insano, né. E que exigiu muita determinação, muita, muita energia né, muito compromisso e exigiu muita capacidade de convencimento político né, porque como eu reafirmo, essa é uma obra do legislativo, por incrível que pareça, o Executivo tem a possibilidade da infraestrutura, mas o Brasil tem essa característica. O legislativo acaba assumindo responsabilidades em função desse dispositivo que são as emendas, que cada vez se torna mais presente no nosso dia a dia. E aí não cabe nem discutir se isso é o melhor ou não. Esse é o caminho que tem e que nós trilhamos. Mas junto com isso vem a burocracia do orçamento, o papel né e a participação não menos importante dos órgãos de controle né, porque obras desse tamanho chamam atenção dos órgãos de controle e eles fazem um acompanhamento pare-passo dessas obras né. E nós tivemos que lidar com toda essa complexidade. Então para quem não tá no dia a dia da gestão que não conhece esses caminhos que a gente tem no estado brasileiro, muitas vezes podem ficar com essa impressão né. A obra parou, é porque o dinheiro acabou, é porque a obra tem problemas na concepção, tem problemas de projeto, então assim, e aí não se controla a imaginação das pessoas. Mas vencido todas as etapas a obra está lá, prontinha, já tá sendo usada alguns andares inclusive, né, para o Hospital das Clínicas Covid de maneira emergencial, alguns andares foram destinados a essa ação. Então temos lá enfermarias e leitos de UTI para tratamento de pacientes com Covid. Ou seja, o hospital já funciona muito aquém da sua capacidade, mas de forma emergencial. Mas a partir de Quatorze de Dezembro ele já funciona como hospital das Clínicas, conforme a sua concepção original do seu projeto.

Esse novo prédio vai ocupar um papel importante na Saúde Pública de Goiás, vai ser importante alavancador aí do ensino da pesquisa né então é uma grande obra, é uma grande conquista, né. Sem dúvida, Ana Flávia, é a maior obra da história da UFG. Como uma obra única é a maior de todas, é a mais complexa de todas, porque é um hospital e com ele toda a complexidade que tem um hospital, centro cirúrgico, central de esterilização, salas de recuperação, UTIs enfermarias...

Lavanderia, cozinha...

Tudo que envolve um hospital, e junto disso perspectivas extraordinárias se anunciam. Nós tivemos uma visita de um secretário de atenção especializada de Saúde do Ministério da Saúde recentemente que se entusiasmou de implantar aqui um centro de transplante multivisceral, que envolve vários órgãos do nosso organismo, poderá ser implantado aqui né. Apesar de nossas equipes estarem prontas para fazer transplantes de rim, de fígado, de córnea, mas agora vem a possibilidade de outros órgãos né, como o intestino, pâncreas e outros órgãos serem também transplantados. Então é uma... são possibilidades que se descortinam aí em função do tamanho dessa obra. A obra então abre para gente a possibilidade de tratamento saúde cada vez mais complexo e de formação de profissionais cada vez mais sofisticado. Isso torna ou consolida Goiânia como um grande centro médico do País.

E quando Hospital das Clínicas Hospital ficará em pleno funcionamento com seu 600 leitos e fazendo todos os procedimentos que ele é capaz de fazer?

Inicialmente nós temos no Hospital das Clínicas antigo 260 leitos. Uma capacidade perto de 300, mas em função de algumas adequações 260 leitos. Então a ideia nesse primeiro momento é já colocar em funcionamento 300 leitos nesse novo hospital. As pessoas perguntas o que será feito do antigo. O hospital antigo ele vai ser aproveitado para inúmeros outros serviços que estão estrangulados na universidade. Serviços de ambulatório, de Diagnóstico, uma série de atividades que a gente não tem condições de fazer, a estrutura do prédio depois de readequada, de reformada, poderá ser utilizada para atividades de saúde né complementares ao novo HC. Quando ao funcionamento pleno do HC com seus 600 leitos, isso entra no planejamento da Ebserh, que é a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, que hoje nos auxilia na gestão, fornece a mão de obra para funcionamento do hospital. É uma mão de obra contratada por essa empresa, que é uma empresa também 100% SUS, não é OS, uma empresa do governo federal e que provê mão de obra. E aí a gente depende do planejamento da Ebserh em relação a mão de obra. Nós sabemos que mais de 300 leitos vão exigir aí bastante médico, bastantes enfermeiros, bastante profissionais de saúde, de uma maneira geral, auxiliar de enfermagem, técnico de enfermagem, enfim, são uma série de profissionais que estão envolvidos. Certamente mais de dois mil novos postos de trabalho serão necessários para o funcionamento pleno e nós vamos trabalhar nessa perspectiva, no planejamento junto a Ebserh. E claro que também alguns equipamentos. A gente conseguiu algum recursos nessa pandemia para ampliar os equipamentos para poder atender mais pacientes nesse novo hospital. Então devemos dar uma avançada significativa No que diz respeito a equipar esse prédio novo. Para funcionar os 300 leitos nós já temos equipamentos suficientes, mas precisaremos de mais equipamentos, e de pessoal. Mas é claro que isso o remete a uma discussão que está acontecendo em Goiânia hoje né. A gente percebe que até o primeiro turno das eleições todos os candidatos falavam em construir Hospital novo em Goiânia. E aí eu deixo sempre a pergunta no ar: Goiânia precisa mesmo de mais hospitais ou precisa de colocar em funcionamento a capacidade instalada que está aqui. Então essa sem dúvida é uma das conversas que a partir do dia 1 de janeiro de 2021 será pauta da Reitoria da UFG, juntamente com a superintendência do HC, juntamente com o secretário ou secretária municipal de saúde e o futuro prefeito de Goiânia.

Ou seja, a luta não acabou. A batalha tem outros rounds ainda.

Sim. E nunca vai terminar. Teremos outros desafios naquele espaço né, com o Hospital novo a multiplicação de serviços em torno daquela região vai acontecer naturalmente né, e teremos muitas discussões ainda, que vão inclusive extrapolar o ambiente da Universidade Federal de Goiás.

Professor, o senhor quer dizer mais alguma coisa?

Certamente têm muitas histórias que eu não vou me lembrar que agora. Eu me comprometo assim que eu lembrar de uma história a gente gravar mais um pedacinho para completar essa entrevista. Mas o sentimento é esse né de muita alegria mesmo né de proporcionar aos profissionais de saúde e à população um equipamento de altíssima qualidade e que da dignidade das pessoas. Eu quero contar uma historinha aqui sim que eu me lembrei agora. Na entrada do hospital, nós temos, quem tá entrando no saguão do hospital nós temos do lado direito uma parede enorme, que pede né uma obra de arte naquele local. E eu não hesitei em chamar o diretor da faculdade de artes visuais, professor Bráulio, para conhecer aquela parede e que ele então motivasse profissionais nossos professores nossos a realizar uma obra de arte que marcasse essa construção e que também desce o carimbo forte da UFG naquele espaço. Isso aconteceu ainda no ano passado e as professoras Selma Parreira e Eliane Chaude aceitaram o desafio e concederam um painel em azulejo absolutamente encantador, colocando alí imagens de claro que estilizadas de plantas medicinais do nosso Cerrado, Então você entra se prepara com aquele painel maravilhoso com aquelas figuras né pintadas no azulejo e que marcam muito as pessoas que passam por ali. Então fui questionado por pessoas do Hospital das Clínicas que não achava que deveria ser assim, que tinham outras ideias de colocar e de pessoas que não gostaram. Mas cada pessoa que entra ali, e que me acompanhou em visitas, e que viu esse painel,é... a primeira coisa que eles comentam é a beleza e o impacto que aquela obra causa nas pessoas. Então tenho certeza que as pessoas que irão passar por ali, sem a necessidade de compreender e explicar o que significa aquela obra de arte, vão sentir o que as professoras e as nossas artistas tentaram transmitir. Então eu me orgulho de ter feito dessa forma né, de encomendar e de encomendar para pessoas da UFG marcar de forma única aquela obra que é o Hospital das Clínicas. E uma outra coisa também que eu insisti muito com o Marco Antônio, com o pessoal da hoje Seinfra né, é que a gente ao entrar ali no HC e conversar com os pacientes né, eles literalmente adoram o fato de serem bem atendidos ali. Mas se você perguntar para qualquer um deles, nenhum deles, ou raramente, eles vão saber que estão no hospital da Universidade Federal de Goiás. Então fiz questão de que nas Quatro faces do prédio os letreiros trouxessem a marca HC, a marca Eberh e a marca Universidade Federal de Goiás. Na luta que nós travamos da essencialidade da nossa instituição, a comunicação é fundamental. Então eu já recebi de amigos inúmeras fotos do prédio à noite iluminado com aquelas luzes né, e trazendo a marca da UFG de maneira bastante realçada naquela obra. Então isso também foi uma, poderia dizer, uma exigência né da Reitoria, uma exigência no sentido de que às vezes há alguma resistência no sentido de... aos dois fatos que eu contei aqui né, se apresentar como UFG, de valorizar os nossos artistas, os nossos personagens né, no prédio né, e a gente conseguiu implementar isso. E também no saguão do prédio ainda tem uma coisa que eu quero mudar, vou te revelar aqui. Foi feito lá numa coluna, uma foto maravilhosa e mais do que justa do Professor Francisco Ludovico, que à época ele foi primeiro diretor da faculdade de medicina, foi professor da UFG e ele que conseguiu junto ao governo do Estado a doação do antigo Hospital Geral para Universidade Federal de Goiás. Então ele é o fundador, um dos fundadores da UFG, fundador do curso de medicina, e um dos fundadores do hospital. Mais do que justa uma homenagem com uma foto numa coluna lá maravilhosa para uma pessoa que nos deixou não faz muito tempo, uma pessoa adorada. Mas eu quero colocar mais uma foto lá do lado, que é a foto do primeiro reitor da UFG, Professor Colemar Natal e Silva. Eu já estou encomendando com os arquitetos para ver como podemos fazer essa homenagem também ao fundador e primeiro reitor da Universidade Federal de Goiás, porque ao cuidar da nossa história a gente está também olhando para o futuro de inúmeras gerações que irão passar e usufruir desse bem extraordinário que a gente consegue entregar no próximo dia 14.





Fonte: Secom-UFG