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Universidade Federal de Goiás
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UFG aprova projetos na chamada MAI/DAI do CNPq

Em 10/12/20 10:47. Atualizada em 10/12/20 11:22.

A universidade vai receber R$1,1 milhão na forma de bolsas de doutorado,  bolsas de mestrado e bolsas de iniciação tecnológica industrial

Por Talita Prudente (Comunicação-PRPG)

A pesquisa acadêmica e o mundo empresarial convergem quando o assunto é desenvolvimento e inovação. A universidade é um espaço que promove essa convergência. Um exemplo disso é a UFG, que reafirmou o seu potencial científico, tecnológico e empreendedor ao receber aprovação no Programa de Mestrado e Doutorado Acadêmico para Inovação - MAI/DAI, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Lançado em 2018 para estimular a interação entre academia e indústria, o programa auxilia na execução de projetos na pós-graduação desenvolvidos de acordo com demandas empresariais. As empresas parceiras ainda contribuem de forma financeira ou econômica com as pesquisas, porém, com a vantagem do co-financiamento do CNPq.

A proposta encaminhada ao CNPq pela Pró-Reitoria de Pós-Graduação (PRPG), em conjunto com a Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI) recebeu nota máxima nos critérios de relevância e experiência da instituição com Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I). A UFG também se destacou nos quesitos infraestrutura, estratégia, grau de inovação e potencial de impacto regional.  

Para além das bolsas, o pró-reitor de pós-graduação da UFG, Laerte Ferreira, ressalta que o incentivo representa uma oportunidade para o crescimento e institucionalização do Programa MAI/DAI da Universidade Federal de Goiás. “O CNPq está nos ajudando a lançar essa semente. Nosso maior objetivo é criar um grande programa que solidifique a rede de interação entre a pós-graduação e as empresas. A nossa expectativa é que ao longo dos anos esse programa se torne sustentável. Talvez ano que vem tenhamos bolsistas sendo financiados totalmente pelo setor privado”.

Os 9 projetos aprovados pelo CNPq, associados a 8 empresas nacionais, envolvem estudos e criação de novas tecnologias que vão de encontro às vocações econômicas do Estado de Goiás e do Brasil, com ênfase para o agronegócio e produção de alimentos, medicamentos e aproveitamento sustentável dos recursos naturais do bioma Cerrado. 

cana-de-açúcar Albrecht Fietz  Imagem de <a href="https://pixabay.com/pt/users/fietzfotos-6795508/?utm_source=link-attribution&amp;utm_medium=referral&amp;utm_campaign=image&amp;utm_content=5525004">Albrecht Fietz</a> por <a href="https://pixabay.com/pt/?utm_source=link-attribution&amp;utm_medium=referral&amp;utm_campaign=image&amp;utm_content=5525004">Pixabay</a>

Um dos projetos é coordenado pelo professor Alexandre Siqueira Coelho, do Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas . Em parceria com a empresa Jalles Machado, referência no setor sucroenergético de Goiás, o grupo pretende viabilizar um modelo de predição das características físico-químicas da cana de açúcar, abrindo caminho para a avaliação da biomassa em larga escala de maneira rápida, precisa e de baixo custo. 

A expectativa é de que essa nova tecnologia otimize a cadeia produtiva, desde o melhoramento genético até a utilização da cana-de-açúcar pela indústria, de forma que facilite a identificação correta dos pontos de colheita e evite desperdícios.

 

A UFG atua de forma influente na economia açucareira do Brasil. Ela é uma das dez universidades federais que integram a Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Sucroenergético (RIDESA). A rede é responsável pela sigla RB, tipo de cana-de-açúcar cultivada em mais de 65% dos canaviais do país.

 

Outra pesquisa PD&I em curso é coordenada pela professora Eliana Martins, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, em cooperação com a empresa farmacêutica Aché. O projeto emprega nanotecnologia no desenvolvimento de novos medicamentos e formulações que melhoram a resposta terapêutica das substâncias ativas no organismo, podendo inclusive diminuir efeitos colaterais de vários deles.

Nanotecnologia de despoluição

Eliana relembra que o Centro de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação em Fármacos, Medicamentos e Cosméticos da UFG (FarmaTec) foi concebido no contexto da aproximação entre a universidade e as empresas do setor industrial farmacêutico, ainda no final dos anos de 1990. Desde então, o laboratório desenvolveu dezenas de projetos e atividades tanto em parceria quanto por contrato com empresas brasileiras e do exterior. 

“Essas colaborações são sempre um aprendizado bilateral e a oportunidade de envolver estudantes de pós-graduação nestas relações é importante. Tenho certeza de que os resultados irão atestar que iniciativas que estimulam a cooperação entre universidade e indústria, contribuem para encurtar o caminho para o desenvolvimento científico e tecnológico do País”, diz Eliana Martins.

A professora conta que foi convidada para compor o conselho científico do Nanotechnology Innovation Laboratory Enterprise (NILE), laboratório de desenvolvimento e inovação com foco em nanotecnologia criado pela Ache junto com a Ferring Pharmaceuticals em 2017.  “Eu e o coordenador do NILE, Dr. Samuel Vidal Mussi, fazemos parte do conselho diretor do Brazilian Local Chapter of the Controlled Release Society, com centenas de membros entre estudantes e cientistas da academia e da indústria, o que também tem contribuído para o fortalecimento das interações e discussões científicas”.

Uma união que ultrapassa as fronteiras de Goiás também se dá no Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento da UFG (Lapig). O professor Manuel Eduardo Ferreira, do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais, conduz um projeto vinculado à empresa tecnológica Santos Lab, situada no Rio de Janeiro.

A equipe trabalha com técnicas de sensoriamento remoto através de drones e satélites, aliada a modelagens espaciais e informações geográficas do banco de dados do Lapig, para monitorar áreas agrícolas e de pastagem no Cerrado. A proposta é agregar dados sobre uso do solo (em várias escalas e sensores), recursos hídricos, cobertura vegetal nativa, meteorologia e cadastro rural, visando a otimização da produção com ações sustentáveis do setor agroindustrial.

Pastagem Brasil

“A Santos Lab nos procurou em 2019 para colaborar com uma plataforma de serviços digitais voltada para produtores agrícolas, incorporando produtos de pesquisa do Lapig, sobre o bioma Cerrado. O intuito é analisar áreas com potencial para conservação e produção, atendendo aos critérios da Agricultura 4.0, que combina elevada tecnologia e práticas de manejo mais sustentáveis”, explica Manuel.

O professor enfatiza a importância para a manutenção de serviços ambientais que o Cerrado oferece, como regulação climática, água e biodiversidade. “A agricultura moderna, que visa agregar valor ao seu produto, já incorpora esse cuidado na sua produção. Ela não pode ignorar esses ativos ambientais; pelo contrário, ela precisa aumentar a produção, mantendo esses ativos conservados, até para a sua própria sustentabilidade”.

Para reforçar os cases de sucesso com o setor industrial, o Laboratório de Genética de Microrganismos (LGM), do Instituto de Ciências Biológicas (ICB/UFG) assinou um acordo com a Ballagro Agro Tecnologia para o desenvolvimento de um novo bioproduto, que tem como matéria prima o fungo Waitea circinata, presente em raízes de orquídeas do Cerrado. 

O fungo controla doenças do arroz, tomate, soja e cana-de-açúcar e foi descoberto em 2010 a partir de uma pesquisa coordenada pela professora Leila Garcês de Araújo, do Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento de Plantas (PPGGMP) e do Programa de Pós-Graduação em Agronomia (PPGA). “As descobertas mais recentes partiram da iniciação científica. Temos alunos de todas as áreas:  agronomia, biologia, biotecnologia... Sem os discentes nada seria possível. Todo esse conhecimento tem que ser devolvido para a sociedade e o bioproduto atende desde o pequeno até o grande produtor”, conta a coordenadora.

A professora Mara Rúbia da Rocha, do PPGA, foi quem incentivou a parceria com a Ballagro. Ela trabalha há anos com projetos de PD&I e ressalta que a maioria das empresas do setor agrícola estão aderindo aos produtos biológicos, principalmente no contexto do manejo dos nematóides. “A população dos nematoides está aumentando nas culturas em geral e eles atacam as raízes das plantas. O produto químico perde o efeito a longo prazo, além de ser tóxico aos indivíduos e prejudicial ao meio ambiente. O biológico controla os patógenos de uma forma mais equilibrada e sustentável”, explica Mara Rúbia.

Mara observa que o grupo de pesquisa está na linha de frente, ajudando a melhorar e desenvolver a agricultura do Brasil com foco no ensino. “Quando eu apresento aos meus alunos exemplos de produtos que estão na vanguarda, eles ficam entusiasmados. É um bônus que a gente tem, pois interagimos com pesquisadores de todo o mundo e levamos essa experiência para a sala de aula, formando estudantes com opiniões embasadas e com uma visão empreendedora”.

Ecossistema de inovação

O compromisso da UFG com o desenvolvimento social, cultural e econômico reflete nos diálogos que a universidade mantém com os diversos grupos e setores da sociedade, com participação antiga e efetiva da esfera industrial. A instituição carrega um portfólio com várias parcerias e resultados que deram origem a patentes, publicações técnico-científicas, prêmios e certificações. Pfizer, Embrapa, Ifood.com, Petrobrás, e WWF Brasil são algumas.

O pró-reitor de pesquisa e inovação Jesiel Freitas explica que todo conhecimento produzido nos centros universitários é um patrimônio à disposição da sociedade. Mas parte dessa produção, para chegar às pessoas, precisa se transformar em produtos aplicáveis. Para isso, centros de pesquisa se envolvem com empresas, que adquirem o direito de produzir em larga escala e comercializar as soluções.

Segundo Jesiel, esses contratos ganharam força com o Decreto nº 9.283/2018, que regulamenta o Novo Marco Legal de Ciência, Tecnologia e Inovação (Lei Federal nº 13.243/2016). Entre outras garantias, ele autoriza ICT’s públicas e agências de fomento a participarem do capital social de corporações privadas e facilita a negociação da transferência de tecnologia entre as instituições.

Ele ressalta os benefícios mútuos advindos desse ecossistema. “Quando a empresa estabelece esse contato, ela acessa um instrumental atualizado para inovar e se destacar no mercado. Laboratórios, ferramentas e recursos humanos de altíssima qualificação.  Por outro lado, essa conexão gera novos questionamentos na universidade e amplia as perspectivas futuras de trabalho ou de empreendedorismo dos alunos e pesquisadores”.

O pró-reitor de pós-graduação, Laerte Ferreira, completa que “tanto as pesquisas aplicadas quanto as básicas são importantes e necessárias, mas quando a empresa se aproxima da universidade ela provoca alunos a desenvolverem investigações pensando em necessidades do mundo real, contribuindo para a formação de recursos humanos de excelência. Outro ponto é a ampliação do leque de contatos e intensificação do networking dos participantes.”

 

Por meio da Fundação de Apoio à Pesquisa (FUNAPE) a UFG mobiliza mais de 100 milhões de reais por ano, boa parte oriunda de parcerias com mais de 70 empresas nacionais e internacionais. 

 

O Programa MAI/DAI - UFG surge justamente para articular e formalizar as parcerias já existentes, bem como estimular novos contatos. Segundo Laerte Ferreira, a elaboração do programa visa ampliar as contribuições da UFG para a solução de problemas regionais e nacionais nas áreas de produção de alimentos, inovações terapêuticas e farmacológicas, biotecnologia e inteligência artificial.

Além disso, o programa pretende ampliar as competências profissionais dos jovens graduandos, mestrandos e doutorandos, expondo-os a um universo mais amplo de pesquisa. Outro objetivo é a arrecadação de incentivos para as atividades científicas, tecnológicas e de inovação desenvolvidas no Parque Tecnológico Samambaia e nos laboratórios multiusuários da UFG. 

Jesiel Freitas explica que as empresas interessadas em participar do programa podem entrar em contato direto com o grupo de pesquisa ou com as pró-reitorias da UFG. “Vamos estabelecer um acordo de cooperação com a empresa. Algumas parcerias têm alto potencial de gerar royalties e patentes. Daí, será feito um acordo de transferência de tecnologia, um contrato”, esclarece.

As decisões relacionadas a pedidos de registro de propriedade intelectual contam com assessoria do Comitê Interno de Propriedade Intelectual (CIPI), constituído por sete membros, todos doutores e representantes das diversas áreas de conhecimento.

Suporte técnico

A pesquisa na UFG é apoiada por um expressivo conjunto de laboratórios instalados, com excelente infra-estrutura e equipamentos de última geração, sendo que muitos destes laboratórios são do tipo multiusuários, com fácil acesso à aparelhos, docentes, técnicos e alunos qualificados.

Junto com a busca por novas parcerias MAI/DAI, a UFG também tem atuado para estimular o empreendedorismo na sua própria comunidade acadêmica. O Parque Tecnológico Samambaia, com área total de 179 mil m2, abriga centros de P&D voltados para a prestação de serviços tecnológicos especializados e  conta atualmente com quatro empresas residentes (Agbitech Controles Biológicos, Centro de Soluções Analíticas, Nelore Myo Genética Bovina e Imaginie Tecnologia Educacional). 

A universidade também mantém empresas incubadas no Centro de Empreendedorismo e Incubação (CEI/UFG) e no Centro de Excelência em Inteligência Artificial. “Queremos mostrar para o mundo empresarial e industrial de Goiás que a universidade é capaz de gerar inovação e soluções com viabilidade comercial. Estamos de portas abertas para receber o setor industrial”, finaliza o pró-reitor de pós-graduação Laerte Ferreira.

Fonte: PRPG UFG

Categorias: Pesquisa Institucional