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Universidade Federal de Goiás

Entrevista com o arquiteto Marco Antônio de Oliveira

Em 10/12/20 11:11. Atualizada em 10/12/20 11:11.

Concedida à jornalista Carolina Melo, para a matéria Novo prédio do HC: uma história de persistência

Como iniciou o seu envolvimento com a construção, ou mesmo com o projeto de construção do novo prédio do HC?

O projeto, ou os projetos, quando a gente fala do projeto, a gente não fala só do projeto de Aquitetura, mas dos projetos complementares de Engenharia, que são vários. Eles foram contratados em 1999 e no ano de 2000. E na época, com o Cegef, ele acompanhou o desenvolvimento dos projetos. Isso culminou com a primeira contratação que ocorreu lá em 2002. Havia a primeira etapa de execução da obra, né. Nessa primeira etapa da obra eu não acompanhei. Foi só essa primeira etapa, que foi uma pequena etapa, porque era um recurso muito pequeno, na verdade, existia a possibilidade de sair o recurso de 5 milhões, e na verdade só saiu de um milhão e 600 e alguma coisa.

De qualquer forma foi uma obra complicada, porque existia essa possibilidade de o convênio com o Ministério da Saúde que daria o recurso, e esse recurso não saiu. A emenda que era de 5 milhões, saiu de 1 milhão e 600, então entre 2002 e 2004 teve essa primeira etapa e paralisou a obra, primeiro porque não tinha a certeza do recurso, então teve uma época de indefinição. Mesmo as tratativas com a empresa foram num primeiro momento complicado. E aí 2006...

Antes, essa etapa de 2002 a 2004, ela foi só a fundação?

É. foi só parte da fundação. Foi a escavação, onde ficou a vala. E aí, já em 2006, eu era diretor do Centro de Gestão do Espaço Físico, o Cegef, nessa época, até por uma obrigação do convênio com o Ministério da Saúde, nós éramos obrigados a cumprir o que foi programado inicialmente, que era fazer... Estava programado, com 1 milhão e 600, aliás, eu acho que era dois milhõe e meio, nós éramos obrigados, na verdade, a cumprir o que estava no plano de trabalho do Ministério da Saúde. Então nós tivemos que contratar com recursos próprios, porque nem os 2 milhões e meio saiu, só saiu 1 milhão e 600, com recursos próprios, com o próprio orçamento da Universidade, nós contratamos uma parte, que era o término do subsolo, fechou o buraco, uma parte do térreo, a estrutura, e também a estrutura do mezanino, basicamente foi isso. Então, terminar os dois subsolos, térreo e mezanino. Essa foi a segunda etapa. Então ela foi de janeiro de 2006 a agosto de 2007.

Cumprindo uma obrigação do recurso do Fundo Nacional de Saúde, que é um recurso do Ministério da Saúde. Por mais que a gente mostrasse que o recurso todo que tinha sido liberado tinha sido aplicado na obra, eles entenderam que a universidade, como ela programou terminar até o mezanino, que nós teríamos que terminar. Planejamento foi feito numa época, execução depois, e o recurso acabou sendo insuficiente. Então essa etapa foi terminada com o próprio recurso da Universidade. A administração da universidade resolveu fazer essa aporte para que não houvesse mais nenhum impedimento de outros recursos.

O ano de 2008 todo ficou praticamente paralisado.

Em 2009 teve uma emenda parlamentar, de quase 17 milhões, depois passo o valor exato, e teve então uma contratação na tentativa de terminar desde o pavimento subsolo até o oitavo pavimento, que é o primeiro pavimento de internação do HC. São 20 andares. Dois subsolos, térreo, mezanino, e entre o mezanino e o oitavo tem serviços de diagnóstico, UTI, procedimentos cirúrgicos, etc. Então, houve essa contratação. Mas o grande problema dessa obra, desse grande empreendimento, foi a limitação de recursos. Nós nunca tivemos lá no início ou na metade, recursos para terminar a obra toda, então, nós passamos por cinco etapas. E essas etapas cada uma teve um objeto de contratação. Só na quinta etapa é que conseguirmos agora finalizar a obra como um todo.

Chamo de terceira etapa essa que vai de janeiro de 2009 a julho de 2013, com recurso de emenda parlamentar que saiu, e teve uma parte do orçamento da universidade também, que foi pequena, de 1 milhão e 400 e alguma coisa. Nesse momento nós já tivemos um problema com a empresa. Lembrando que pelos anos de 2010, 2012, 2013 nós tivemos problema, teve uma época de crescimento muito vertigioso da Construção Civil, né, e o preço dos materiais começaram a subir demais, mão de obra também, e a empresa, nesse momento, ela não aguentou, então houve uma paralisação dessa obra, em função dessas dificuldades da empresa tocar a obra. A empresa disse que não tinha mais condições e não iria executar a obra. Aí teve um momento de penalização da empresa, enfim.

Mas é importatne ressaltar que todos esses momentos de paralisação, foram momentos de revisão dos projetos, atualização dos projetos. Veja bem, uma obra que começou em 2002 para 2020, não só as necessidades dos usuários mudaram, dos processos de saúde, dos setores que eram sempre perguntados a cada momento, olha, as suas necessidades ainda são essas. Do projeto original para a obra final, nós tivemos três momentos de revisão dos projetos complementares, desde a revisão do layout em função das necessidades dos usuários e também do ... vamos colocar, por exemplo, dos avanços tecnológicos... do projeto inicial, as lâmpadas de iluminação eram fluorescentes, lá pro ano 2000, lá no meio do caminho, 2008, 2009, existiam as lâmpadas compactas, né, mais enconômicas e com vida útil maior, já chegou lá pra 2011, 2012, as lâmpadas eram as leds, né, nós passamos por um avanço, então as lâmpadas são um exemplo. Toda a rede de cabiamento no início era um tipo de cabo, com uma velocidade, nas outras fomos alterando. Isso mostra que esses avanços acabaram contribuindo para que a gente fizesse essas revisões de projeto, essas atualizações, isso acabou sendo importante, porque hoje a gente tem um prédio, do ponto de vista das atualizaçõe, bem atualizados. Eu poderia comentar outras demandas importantes, o sistema de climatização também foi aperfeiçoado, toda a parte da instalação elétrica foi redirecionado, o sistema de enfermaria, geradores, em cada tipo de istalação, houve um avanço significativo. E também acabou mudando locação de equipamentos.

Sem entrar nas etapas, mas mostrando como foi importante nesse momento de paralisação, apesar de ser ruim, mas hoje tempos um prédio com instalação e materiais de muita qualidade, piso, revestimento... uma série de instalações que contribuiram muito para ser um hospital atualizado e com tecnologia.

Foram vários projetos, como citou. Quais são? Como posso ter acesso a eles?

São uma infinidade de projetos.Projeto de fundações, da estrutura de concreto, tem... da instalação elétrica, térmica, da comunicação, parte de circuito fechado de tvs, alarmes, gazes medicinais, tem a parte de climatização, enfim, tem outros projetos... o hidráulico, água quente e fria, placas de aquecimento solar. Ter acesso aos projetos é quinhentas plantas.

E a responsabilidade é do Cegef?

Sim. Nós contratamos os projetos, das etapas das obras, e ao mesmo tempo fiscalizamos.

É um empreendimento muito grande, muita coisa aconteceu, muitos problemas tivemos que superar, não só em função das paralisações, mas também de inserir a inclusão de áreas que não estavam inseridas. Áreas de diagnóstica, UTI pediátrica, a Farmácia Hospitalar ela foi alterada da concepção inicial, alterações na parte de distribuição de alimentos. Para você ter ideia, foi construída fora do edificio a construção de Nutrição do hospital e houve uma interligação, uma passarela coberta, que liga esse setor de nutrição dos alimentos. E uma ala anterior, não só ampliamos, como reformamos. Isso foi numa outra contrataçaõ, que não tem haver com recursos do HC. Mas tinha essa necessidade de ampliar e reformar o setor de Nutrição, mas tivemos que pensar em como interligar com o novo prédio do HC.

Essa comunicação da parte antiga do HC existe e ela é importante.

Sobre as dificuldades. Teve uma que ficou marcada de forma simbólica pra você?

Teve muitos momentos de problemas. A paralisação da obra pela empresa que não deu conta de encerrar. Pois todo momento de paralisação foram momentos complicados que nos deu muito trabalho, trabalho de levantamento e de análise daquilo que faltava . Mas assim as grandes preocupações maiores que nós tivemos foi nessas revisões de projeto adequar as necessidades dos usuários aos recursos e às limitações, porque quando fazia-se revisão, o usuário trazia muitas necessidades que não cabiam naquele setor. Entaõ existia impasse, havia negociação, de forma que isso durava um tempo, e nós éramos pressionados: existe um recurso de medida parlamentar em determinado ano, nós teríamos que fazer a licitação e contratação dessas empresas. Foi muito complicado. A gente chegava no final do ano correndo risco de perder a licitação e o recurso de emendas retornar para o Ministério do Planejamento com o risco de não retornar para e execução desses obras . Foram momentos tensos, nós tinhamos muitas preocupações para não perder o recurso. O governo tem sempre essas limitações de prazos. A partir do momento da contratação pode reprogramar, mas sem a contrataçao não podia reprogramar. Então a gente trabalhava com o tempo muito pequeno e isso acaba gerando pequenos problemas… o processo de projeto necessita de um tempo de maturação, e a gente nunca tinha esse tempo de análise. Mas de uma forma geral, as empresas contratadas, até a empresa que quebrou, eram boas empresas, então a gente tinha um bom relacionamento e isso favoreceu a evolução da obra.

O senhor citou o ano de 1999. Foi nessa data que surgiu a ideia do novo prédio? Como foi a concepção do novo prédio? Você teve acesso a como foi essa história?

Eu não participei da negociação do que seria esse prédio. Mas sim a gente vinha trabalhando com as várias diretorias do HC e mostrávamos... e eles também, claro, entendiam, a necessidade da nova edficação na medida em que o conjunto do prédio do HC foi se transformando em vários puxadinhos e edificações antigas que não atendiam mais as necessidades dos diversos setores e usuários. Esse projeto nasceu no momento em que todo mundo viu que não teria mais condições de ampliar o serviço se não ampliar a área física. Se não houvesse uma construçaõ. A demanda, o número de interações... Num primerio momento chamou-se de Edifífico de Internação, mas com serviços como UTI, centros cirúrgicos, necrotérios, então, uma estrutrura toda para atender esse setor de internação. Mas quem vai poder dizer desse momento é dr Félix que participou desse planejamento de serviços e acadêmico. O prédio tem uma parte ...é um prédio... um hospital de ensino, né, não é só de prestação de serviço. Então até no projeto e na edificação tem um setor que acomoda os diversos departamentos da faculdade de Medicina, clínica médica, cirúrgica, pediatria, cardiologia, Para cada pavimento foi destinado um espaços onde há efetivametne uma parte teórico, de estudos, que stão ali acomodados. Não é simplesmente um hospital de serviço, mas de ensino.

Você fala muito das demandas dos solicitantes. Teve demanda que fou difícl atender ou ficou de fora? De que forma elas deram a carao ao que é o prédio hoje?

É tanta coisa, né. Eu poderia citar ... o grande problema quando cada setor era consultado novamente para mostrar o que precisava, entre equipamentos e espaço, o grande problema era ter um fluxo que não gerasse problema. O setor de contaminação... Dr Félix vai poder te ajudar. Ele é uma pessoa excepcional e um testemunho de todo o processo. Ele começou na primeira diretoria e saiu dessa diretoria e foi convidado pelas outras diretorias a participar do processo de evolução, e da comissão que avaliava o tempo e as necessidades. Ele sempre estava na frente. Ele é o testemunho médico e professor.

Mas vários momentos tivemos dificuldade de atender. Tivemos que tirar um pavimento de internação geral para colocar a UTI pediátrica, que incialmente não estava previsto, mas sabíamos da importãncia. Apareceram várias ideias, e a gente tinha vontade de atender, mas infelizmente a gente tinha não só a limitação de espaço, mas também de recurso.

Várias pessoas questionaram se poderiam ampliar, e de uma forma ou de outra, a gente procurou atender, atender ao máximo, né. Lembro que, especialmente no centro cirúrgico, tinha o problema dos obesos, nós tivemos que adaptar os espaços para o atendimento dos obesos, espaços maiores, não só no centro cirúrgico, mas também na parte de internação do hospital, esse foi um momento também que teve que fazer uma revisão.

Dentro do projeto, por exemplo, a gente fez um projeto que eu não comentei de acessibilidade, para atender pacientes com dificuldades de locomoção de uma forma geral. O Hospital atende essas pessoas. Isso foi também projeto específico e uma preocupação nossa.

Há quem diga que o tamanho é exagero, concorda?

Pelo contrário. Se você for analisar hoje, todos os serviços vão ser implantados, tanto as enfermarias, quanto os quartos na parte de internação... Pela demanda do hospital sempre foi maior do que ele pôde antender. Do ponto de vista de projeto e arquitetura, não tem nada de exagero aí. Inclusive tem pouco número de estacioanamento, que é um problema que vamos ter que resolver. Hoje o hospital Quando você teve em mãos o projeto, o primeiro projeto de chegou na sua mão sobre o novo prédio do HC. O senhor lembra qual foi sentimento, lembrança ou pensamento que vem na memória?

Não só eu, mas a equipe toda do Cegef da época vinha trabalhando, assessorando o hospital na parte técnica, era um trabalho que a gente fazia constantemente nas direções, mostrando que... apesar que aquele momento era de dificuldade, nós tínhamos a necessidade de fazer uma nova construção, inclusive para desafogar a parte antiga e ndar uma nova utilização a parte antiga. No início da construção, quando a gente viu o projeto que tinha que ser contratado, foi um momento especial do ponto de vista dos profissionais de engenharia e arquitetura, que conseguiram junto com a reitoria e as direções do hospital, de chegar no momento de realização de uma obra naquela época, de dois mil, mil metros quadrados, era muita coisa. Desde aquele momento a gente sabia que estava realizando uma obra que ia ser marcante não só para o hospital e para universidade, mas para Goiás, e sua necessidade na área de Saúde. Então foi uma realização profissional muito importante. É o maior prédio da Universidade, náo só de área, mas de complexidade. A grande questão é a complexidade que envolvia e a necessidade de trabalhar com uma equipe multidisciplinar, dos profissionais de arquitetura e engenharia, mas também de entender os profissionais de Saúde, de buscar informações não só dentro do hospital, mas fora.

O senhor citou o dr Félix , além dele, durante esse processo, algum personagem foi expoente assim na construção do HC, que seja na concepção do projeto ou na execução? Houve alguma pessoa que lhe chamou atenção pelo engajamento?

Difícil falar de uma pessoa. Todos os diretores, reitores que passaram por essas fases, a equipe da área técnica do próprio hospital, todo mudo ficou engajado, foi um processo muito coletivo.

Estamos falando de 20 anos, o que vem à tona com a inauguração da obra?

O sentimento é de realização. A gente esquece todos os problemas e vê realmente o que vem pela frente. Foi um processo de muito aprendizado e muito estudo. Foi um milagre, podemos dizer assim, chegar nesse hospital nesse momento com esse potencial todo.

 

Fonte: Secom-UFG