Pesquisadoras lançam livro que orienta ensino antirracista de Ciências
Obra apresenta práticas pedagógicas inovadoras que abordam a história e a cultura afro-brasileira
Educar e ensinar para descolonizar as mentes. Este é o propósito do livro Trajetórias de descolonização da escola: o enfrentamento do racismo no ensino de Ciências e Tecnologias. Organizada por Anna Benite (UFG), Marysson Camargo (UFG) e Nicéa Amauro (UFU), a obra apresenta conceitos, reflexões e práticas pedagógicas inovadoras sobre como efetivar as Leis educacionais 10.639/2003 e 11.645/2008 no ensino das Ciências Biológicas, Química, Física, Matemática e das Tecnologias. O prefácio de Nilma Lino Gomes (UFMG), o posfácio de Kabengele Munanga (USP) e o comentário crítico de Katemari Rosa (UFBA), destacam a relevância e o peso acadêmico da publicação.
De acordo com as autoras, o livro faz uma discussão sobre as relações entre a Ciência e suas tecnologias, o trabalho, o surgimento e a manutenção das sociedades, e como estas afetam as ciências que ensinamos na escola: a-histórica e descontextualizada. “Nossas escritas denunciam a rigidez do currículo, o empobrecimento de seu caráter conteudista e a necessidade de dialogar com a cultura e a história africanas e afro-brasileiras como instrumento de articulação desse currículo”.
Fruto de uma parceria entre pesquisadoras e pesquisadores negras(os), membros da Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as) (ABPN), especialmente da área de Ciência e Tecnologia, o livro compõe diferentes textos de áreas de conhecimento da Química, Biologia, Matemática/Etnomatemática e Engenharia. O capítulo de abertura trata sobre “um estado da arte sobre a invenção do racismo e o protagonismo negro no enfrentamento do mesmo”.
“A despeito de uma historiografia pobre e equivocada que insiste em nos descrever, nós, cientistas negros e negras, aqui estamos. Vamos recontar nosso passado e escrever nosso presente, combatendo a invisibilidade em produção de Ciência e Tecnologia dos povos africanos e negros da diáspora. Recusamo-nos a aceitar a invisibilidade de negros/negras como sujeitos sociais e nossa redução à condição jurídica de escravizados e seus descendentes. Por isso, esta obra convida a pensar sobre nossa história, sobre os embates teóricos, metodológicos e conceituais em torno de nossas atuações. Aqui, colocamos em evidência as contendas ideológicas que insistem em nos descrever”, afirmam as autoras. Segundo elas, o livro oferece um rico arcabouço teórico-metodológico para professores e professoras em formação inicial e/ou continuada, que optam por não ensinar uma ciência tão somente branca, masculina e de laboratório.
Fonte: Secom-UFG
Categorias: Humanidades LPEQI IQ