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Universidade Federal de Goiás
Gabriel

Doutorado Sanduíche articula dimensão intercultural e internacional da ciência na pós-graduação

Em 29/01/21 11:20. Atualizada em 29/01/21 11:56.

Doutorandos da UFG, Gabriel Caymmi e Barbbara Rocha compartilharam suas vivências no exterior

Talita Prudente (PRPG)

O processo seletivo  do Programa Institucional de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE) está em curso na UFG, com inscrições  até o dia 12 de fevereiro.   O programa é  financiado pela  Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e concede bolsas individuais para que  doutorandos  desenvolvam  parte de suas pesquisas em universidades estrangeiras.

“O doutorado sanduíche é uma possibilidade real que você tem de estudar fora. É uma experiência de internacionalização do conhecimento com um intercâmbio de ideias muito grande”, conta Gabriel Caymmi Ferreira (31), doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais. Entre setembro de 2019 e março de 2020, o cientista vivenciou a experiência PDSE na Espanha ao integrar um grupo de pesquisa na  Universidade de Santiago de Compostela - Câmpus Lugo.

Gabriel

Durante os 7 meses de intercâmbio, Gabriel se encantou não só com a beleza da cidade histórica de 2.500 anos, mas também  com o multiculturalismo de Lugo, que proporcionou encontros do estudante brasileiro com cientistas de diversas partes do mundo. “O câmpus tem uma estrutura excelente, com profissionais de qualidade e um grande número de intercambistas. Conheci gente do Oriente Médio,  da China… Mesmo em uma universidade considerada pequena para os padrões europeus. Isso é o que me surpreendeu e admiro”. Além disso, Caymmi ressalta a vantagem do custo-benefício em usufruir da bolsa em uma cidade interiorana, uma vez que o recurso do doutorado sanduíche é o mesmo em qualquer destino acadêmico do mundo.

Em sua tese, Gabriel analisa a partir de dados censitários a  intensificação da pecuária ao longo do tempo em Goiás, com foco no nível de sustentabilidade da atividade na região. Segundo ele, os estudos em conjunto com outros especialistas em meio ambiente enriqueceram sua pesquisa, trazendo um arcabouço de novas tecnologias para serem utilizadas em Goiás.

“O que eu queria explorar dos professores na Espanha era a metodologia de análise da sustentabilidade para poder lançar um olhar mais amplo e atualizado sobre o tema. A ideia era conseguir montar uma metodologia conjunta. Eu com a expertise da pecuária brasileira, e eles com a expertise de análise da sustentabilidade nos campos espanhóis. Esse foi o grande barato: ter mentes pensantes diferentes das que pensam aqui no Brasil”, enfatiza o cientista.

Antes do doutorado, Gabriel  já estava acostumado com a vida acadêmica  e social fora do país, mas cita algumas dificuldades que podem surgir durante a experiência internacional. “A barreira inicial, é a questão do dia a dia, ainda que sejamos todos ocidentais, temos padrões de vidas diferentes, como a forma com que as pessoas se relacionam. No começo é tudo muito novo então você estranha o seu cotidiano. Basta vencer a barreira da adaptação, nada muito complicado”.

O doutorando comentou ainda sobre o processo de seleção para o PDSE. "Você tem que estar preparado quando a oportunidade surgir. Esteja com os documentos e os contatos com alguma universidade que você tenha interesse já  engatilhados. Uma dica essencial é ter a proficiência de Inglês, ou da língua do país que você deseja visitar, já garantida”. 

Gabriel explica que o contato inicial com a universidade estrangeira pode ser feito através de pontes entre os  orientadores  e as instituições ou simplesmente por um e-mail de apresentação enviado ao grupo científico de interesse. "Percebo uma receptividade muito grande nos outros países com o doutorado sanduíche. O cientista da universidade estrangeira vai  receber um doutorando que irá ajudá-lo em sua pesquisa, sem gastar nada, uma vez que a bolsa é paga pelo governo brasieiro. Esse cientista só tem a ganhar. Geralmente, quando essa proposta é feita, quase ninguém fecha as portas para você”.

Aprovada para o PDSE no mesmo ano que Gabriel, Barbbara da Silva Rocha (30), doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução, passou um ano estudando na Universidade de Girona, na Catalunha, também na Espanha. As memórias mais marcantes da cientista envolvem momentos de interação com pessoas que conheceu durante a viagem. “Cada uma possui histórias de vida e carreira que são inspiradoras”.

Barbbara integra a linha de pesquisa de Biodiversidade e Biologia da Conservação. Em sua tese, ela aborda sobre como padrões nas características ecológicas de peixes podem explicar a dinâmica de suas comunidades ou populações em ambientes afetados por distúrbios ambientais, como secas  prolongadas.

Barbbara

Com uma dinâmica de pesquisa distinta da que estava habituada, Barbbara que expandiu seus horizontes e  aprendeu a pensar e discutir ciência considerando os mais diversos pontos de vista e vivências. “As parcerias científicas que estabeleci ao longo deste processo foram uma rica contribuição para a minha carreira científica. Não menos importante, o doutorado sanduíche foi uma experiência social extraordinária que me possibilitou conhecer pessoas de países e culturas diferentes, além de aprimorar minhas habilidades em falar tanto o inglês como o espanhol”.

Para ela, as principais dificuldades de um doutorado sanduíche estão relacionadas às questões burocráticas iniciais. Segundo Barbbara, as barreiras envolvem desde organizar a documentação de visto e moradia no país até conseguir um bom lugar para se instalar. “Em muitas situações, antes mesmo de ir para Girona, precisei da ajuda de pessoas que já moravam na cidade. No meu caso, houve o adicional de ter enfrentado o início e parte da pandemia por lá. Mas, sem sombra de dúvidas, todas as dificuldades enfrentadas valeram a pena. Diante das experiências que vivi, as dificuldades se tornam apenas pequenos detalhes e histórias para contar”, reflete a pesquisadora.

Barbbara também traz algumas dicas para aqueles interessados em realizar um doutorado sanduíche. “É essencial buscar uma universidade e um coorientador que possam te oferecer suporte adequado e acrescentar algo em sua formação acadêmica. Aproveite ao máximo as oportunidades que esse novo ambiente de pesquisa te proporcionará. Participe das atividades acadêmicas do seu grupo de pesquisa, assim como dos seminários e congressos.” Além disso, ela ressalta a importância de  interagir com toda a comunidade acadêmica para estabelecer networks que tenham impacto no futuro profissional do participante. 

Por fim, a cientista enfatiza a necessidade de se comunicar com outros alunos que também vão fazer o doutorado sanduíche. “Muitas vezes foram eles que me ajudaram a sanar dúvidas que surgiam ao longo de todo o processo. O PDSE permite que alianças e trocas de conhecimentos sejam uma prática consolidada entre os grupos de pesquisa. Espero que muitos outros doutorandos ainda sejam beneficiados com essa oportunidade de crescimento pessoal e profissional”.

Confira o edital completo com todas as orientações e  requisitos do PDSE.

 

 

Fonte: PRPG UFG

Categorias: Institucional PRPG