UFG Doutoral: uma visão contemporânea sobre a formação na pós-graduação
Iniciativa da PRPG auxilia no desenvolvimento da carreira do pesquisador
Thalita Prudente (PRPG)
O Sistema de Pós-Graduação Brasileiro cresceu substancialmente nos últimos 20 anos. Não por acaso, o país está entre os que mais publicam artigos científicos em todo o mundo. Mas para que esse sistema mantenha sua qualidade de atuação e credibilidade são necessárias atualizações que acompanhem as demandas do mundo contemporâneo. Atualizações não só em termos tecnológicos e de inovação, mas também em quesitos metodológicos.
Em busca da modernização desse sistema na UFG, a Pró-Reitoria de Pós-Graduação colocou em prática o Programa de Apoio ao Doutorado da UFG (UFG Doutoral), iniciando uma transformação positiva na formação de novos pesquisadores dentro da universidade.
Idealizado em 2018, o UFG Doutoral parte do princípio de que o processo formativo na pós-graduação vai além da tese ou dissertação. “Particularmente, no que diz respeito à formação de doutorado no Brasil, carecemos de uma abordagem mais interdisciplinar e humanística. Precisamos repensar o significado dos títulos de mestre e doutor”, reflete Laerte Ferreira, pró-reitor de pós-graduação da UFG.
Para isso, são promovidas mensalmente disciplinas, workshops e palestras que introduzem competências e habilidades voltadas para desenvolvimento pessoal, social e profissional de cada participante. A intenção é formar indivíduos que tenham pensamento crítico, empático e estejam aptos a resolver os mais variados problemas da sociedade de forma integrada com diversas áreas do conhecimento.
Eixos temáticos
Dentro dessa perspectiva, o UFG Doutoral trabalha com sete eixos temáticos: Competências para Pesquisa, Comunicação da Ciência, Criatividade e Inovação da Ciência, Ética e Ciência, Gestão de Projetos de Pesquisa, Formação Doutoral e Desenvolvimento Pessoal e Processo de Ensino-Aprendizagem na Formação Doutoral.
Desde 2019 foram realizadas atividades, tanto práticas como teóricas, com destaque para as disciplinas Literacia Científica, Integridade Acadêmica, Relações Interpessoais e Liderança e Cuidado e Manejo de Animais em Laboratório
Programas de formação doutoral, como o criado pela PRPG, já são uma tendência em universidades da Europa. Lucas Zinner, presidente do Conselho da rede PRIDE (Professionals in Doctoral Education), da União Europeia, ressalta que atualmente, cada vez mais doutores procuram empregos fora da academia e isso torna vital a mudança de paradigmas na pós-graduação.
“O mercado de trabalho e a sociedade necessitam de doutorandos com habilidades soft, além de sua experiência disciplinar, habilidades como trabalho em equipe, gerenciamento de projetos e habilidades de comunicação avançadas. Assim, as instituições devem garantir oportunidades para esse desenvolvimento e sua articulação para os graduados”, ressalta Zinner, que abordará o tema em uma palestra promovida pela PRPG e transmitida no YouTube pelo canal UFG Oficial, dia 4 de março, às 14 horas.
Experiência
A pró-reitora adjunta e Diretora Geral de Pós-Graduação Stricto-Sensu, Maria Márcia Bachion, coordenadora geral do programa UFG Doutoral, reflete sobre a importância dos estudantes entenderem a oportunidade oferecida pelo programa e comparecerem às atividades. Ela solicita que os coordenadores estimulem os pós-graduandos a participarem do projeto. "As disciplinas do UFG Doutoral possuem fundamentação teórica e metodológica tão robusta quanto às demais matérias curriculares. Conteúdos como saúde mental na pós-graduação, liderança e relações interpessoais, felicidade da pós-graduação também precisam ser valorizados”, afirma.
Maria Márcia Bachion ainda enfatiza a diversidade e flexibilidade do programa. “Como as disciplinas e as atividades podem ser modificadas e atualizadas com frequência, há a possibilidade dinâmica de entender o perfil de formação que a sociedade demanda e fazer esse aporte complementar”. Além disso, ela explica que os professores que ofertam atividades no UFG Doutoral têm ciência do impacto da formação interdisciplinar e colaborativa, entre os estudantes de pós-graduação nas várias áreas do conhecimento. “Essa descoberta que o estudante faz dessas possibilidades de colaboração dá a ele uma outra visão de mundo”.
Sobre a prática da ciência colaborativa, Denilson Teixeira, Coordenador Executivo do programa UFG Doutoral, comenta sobre a possibilidade de criação de redes científicas nacionais e internacionais, entre universidades e sociedade em geral: "Uma das propostas para 2021, por exemplo, é a implantação da atividade Ciranda de Soluções: respostas da academia aos desafios da governança pública, um projeto em parceria com a Prefeitura Municipal de Goiânia, que tem como objetivo principal o estabelecimento de intercâmbio interinstitucional para o enfrentamento dos desafios de governança pública”.
Consolidação
A fim de fortalecer e oficializar o programa dentro da instituição, foi instaurado o Comitê Consultivo do Programa UFG Doutoral. A primeira reunião do Comitê aconteceu no início de fevereiro, composta por nove docentes, um de cada grande área do conhecimento, e uma representação discente.
Entre os representantes dos PPGs estão os professores Alice Fátima Martins (Faculdade de Artes Visuais), Andris Bakuzis (Instituto de Física), Daniel de Lima Araújo (Escola de Engenharia Civil e Ambiental), Fausto Miziara (Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais), Manuel Ferreira Lima (Faculdade de Ciências Sociais / Museu Antropológico), Mara Rubia Rocha (Escola de Agronomia), Marlon Salomon (Faculdade de História), Menira Borges de Lima Dias e Souza (Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública) e Paulo De Marco (ICB / Departamento de Ecologia). O grupo também conta com o apoio do presidente da Associação dos Pós-Graduandos (APG) e doutorando da UFG, Denner Santos.
Alice Fátima Martins se diz entusiasmada com o programa e o vê como um passo importante e necessário no processo de consolidação do perfil da UFG, voltado para a pesquisa, a produção de conhecimento e a formação qualificada. “Acho que o projeto cria espaços internos, na universidade, de compartilhamento de questões importantes à formação geral em nível doutoral. Essa abordagem transdisciplinar é muito cara para a pós-graduação como um todo. Muitas vezes essas questões não são abordadas na especificidade de cada programa. Ao fazer isso, também abrimos diálogos importantes com outros centros de referência em pesquisa e maior interlocução entre instituições”.
Andris Bazukis coloca em foco outra possibilidade do UFG Doutoral: a formação de networking. Segundo ele, essa capacidade de tentar entender como cada pessoa de uma formação diferente age ou pensa é estratégico para a atuação do profissional no futuro. “Dentro da formação do aluno é interessante ele poder ter acesso a disciplinas com importância mundial, mesmo não sendo da sua área de atuação.
Ele também vai ter a possibilidade de discutir temas de maneira transversal e interdisciplinar. Certamente, os grandes problemas da sociedade são interdisciplinares e demandam pessoas de formação distintas trabalhando em conjunto”, finaliza.
Já Fausto Miziara espera que o UFG Doutoral fomente o intercâmbio de experiências entre os diversos programas de doutorado da UFG, tanto pedagógicas quanto de pesquisa. “Creio que o programa ajudará a estabelecer padrões consensuais de qualidade dos produtos e artigos e propicie uma maior interação com a sociedade, seja o setor produtivo, o Estado ou as organizações do Terceiro Setor.”
Fonte: PRPG UFG
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