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Universidade Federal de Goiás
ensino remoto

Saúde mental e ensino-aprendizagem têm impacto com ensino remoto

Em 29/03/21 11:43. Atualizada em 29/03/21 11:44.

Palestra gerou a reflexão sobre as diferenças dos indivíduos frente à nova realidade e as novas linguagens do ensino-aprendizagem durante pandemia

Rafaela Ferreira 

A professora Alba da Mata, psicóloga e docente da Faculdade de Letras (FL), participou nesta quinta-feira, 25, da palestra “Pandemia, ensino remoto e o tempo” no YouTube da UFG Oficial. O evento foi mais uma atividade do programa Diálogos em Pesquisa e Inovação Virtual da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI/UFG). Durante a fala, a professora Alba teve como objetivo discutir como o Ensino Remoto Emergencial (ERE) teve impacto no processo do ensino-aprendizagem, além de como lidar com as tarefas do cotidiano nesse cenário pandêmico. 

Com o apoio da Fundação de Desenvolvimento Tecnópolis (Funtec) e da Reitoria Digital UFG, o evento contou com a mediação da professora Rejane Ribeiro, diretora de pesquisa da PRPI. Juntando as temáticas da crise sanitária global e o ensino remoto, a professora Alba da Mata falou da relação entre esses assuntos com as percepções dos indivíduos e o sentido atribuído à passagem do tempo de cada pessoa e finalizou dando dicas de uma melhor gestão das horas diárias no atual contexto.

Palestra ensino remoto

A pandemia da Covid-19 colocou toda a população em uma situação de emergência, onde a vida cotidiana sofreu impactos. A professora da FL, e também psicóloga, deu início a sua fala  expondo as mudanças nos contextos da vida que a pandemia gerou: “A pandemia significa impactos. Nossa forma de viver mudou. Por isso as mudanças são significativas na forma da gente estar no mundo. Envolve nosso tempo, mas também nossos hábitos e comportamentos”, afirmou Alba. 

Essa alteração coletiva da rotina está presente nas mudanças de como os hábitos individuais influenciam o mundo até nas sensações pessoais vivenciadas no dia-a-dia. Com essas transformações gerais, Alba listou algumas alterações nas relações interpessoais, que são os sentimentos, pensamentos e capacidade de atenção/concentração: “É um cenário em que a gente fica impaciente mesmo, porque as emoções e sentimentos são alterados. Vem uma enxurrada de emoções que são contraditórias”, disse ela. Além disso, mudanças no apetite, sono e no próprio corpo podem ter sido sentidas também.

Mesmo vivenciando sentimentos semelhantes, a docente apontou que a pandemia impacta as pessoas de maneiras específicas, conforme suas características e condições de vida. Desde como a pandemia interfere psicologicamente no indivíduo até como ela atinge economicamente. É possível ver as diferentes marcas deixadas por ela, explicou a professora durante a palestra virtual. “A gente já discutia e denunciava as diferenças e desigualdades do país, mas a pandemia escancarou tudo. As diferenças são gritantes, elas impactam de um jeito diferente a vida de cada um nesse cenário”, apontou.

Ensino-aprendizagem

A relação entre a pandemia e o processo de ensino-aprendizagem também foi abordado durante o evento. A relação instituição, professores, estudantes e comunidade foi atingida desde a paralisação das aulas até a adoção do sistema de Ensino Remoto Emergencial (ERE). A professora, e também pesquisadora da área da psicologia escolar e educacional, Alba da Mata explicou que essas mudanças significativas na relação de ensinar e aprender são devido ao período de incerteza, mas também a exigência de uma nova linguagem.

Desta forma, essa linguagem tecnológica atinge a subjetividade do ensinar e aprender. “Não é simplesmente saber usar o computador, mas sim aprender a usar uma nova tecnologia. Em que ela constituiu uma nova linguagem, uma nova forma de se comunicar, de compreender o outro e ser compreendido”, explicou a professora. Com isso, o ERE modificou, tanto para os docentes quanto aos discentes, os modelos de comunicação.

A noção humana em relação ao tempo se alterou com a crise sanitária mundial. Com o trabalho remoto e doméstico, a questão de como a passagem do tempo é sentida pelas pessoas também foi modificada devido a uma nova rotina, o distanciamento social e novas emoções e sentimentos, explicou a professora durante a fala. Alba da Mata falou também de como o indivíduo trabalha essa passagem cronológica de três formas: o tempo físico, ou seja, aquele do relógio, o tempo subjetivo, o sentido pelas pessoas e a percepção que é como se lida, de fato, com esse período. 

Com isso, Alba explica que o cenário altera nossa percepção de tempo e diante de uma pandemia, saber lidar com as horas dos dias ficou diferente. A professora destaca que a pressão para uma maior produtividade e de avaliações sofreu influências durante o isolamento social. Jordana Oliveira, estudante da Faculdade de Nutrição (Fanut), relatou, via chat, essa percepção em seu cotidiano: “Essa questão do tempo é algo real. Como o trabalho e os estudos estão no computador sinto que nunca estou sem trabalhar ou estudar”, relatou a aluna.

Empatia 

Por fim, a palestrante fez algumas orientações para uma melhor gestão do tempo para esse cenário pandêmico. O cuidado da saúde física e emocional, assim como uma organização eficiente das condições de trabalho (ambiente, rotina e método) foram apontados como elementos para um maior cuidado. Ou seja, uma boa alimentação, noites de sono e uma ordenação de um método para trabalhar e/ou estudar influenciam na saúde do corpo e da mente.

Além disso, a sistematização de tarefas também pode ser um recurso para o autocuidado, apontou a professora Alba da Mata. “Cumprir metas pode gerar uma sensação de alívio e prazer. Isso é importante para nossa saúde emocional. Por isso pense metas pequenas, pequenos passos, construir aos poucos”, explicou. As dificuldades de atenção, que são causadas muitas vezes por fatores externos, como barulhos no ambiente doméstico, o computador e a internet podem atrapalhar nesse processo do cuidado pessoal. Por isso, a professora aponta a necessidade de perceber como a pessoa lida com essas questões e trabalhar em cima disso.

Apesar dos cuidados individuais, Alba explica que essa superação não depende unicamente do esforço pessoal. Com isso, a importância da interação social se faz necessária no contexto de isolamento, pois a troca de afetos  é uma alternativa para uma ajuda interna e externa, no final, é um esforço coletivo, pontuou a professora Alba. “A gente precisa pegar um na mão do outro. A gente precisa estar junto. O sofrimento nesse momento é coletivo”, relatou ela ao falar da necessidade de pedir ajuda quando sentir uma pressão maior.

Durante a palestra, também foi abordado como o ERE modificou a relação professor-aluno, onde foi ressaltada a importância da escuta empática. “A empatia não é um sentimento que não é inato, a gente não nasce com esse sentimento, a gente precisa desenvolver. E esse desenvolvimento vai depender muito dos contextos e ambientes que a gente vive e esse ambiente de agora é propício para experimentarmos a empatia”, explicou a professora Alba da Mata, que abordou também a necessidade da afetividade nas relações, ou seja, ser acolhedor, escutar e ser tolerante se faz essencial no atual cenário.

Fonte: Secom-UFG

Categorias: Humanidades FL PRPI