Pesquisa da UFG mostra que profissionais de Saúde desconhecem sobre doação de órgãos
Foram poucos os profissionais da cidade de Itumbiara que também demonstraram intenção em doar
Bárbara Ferreira
A falta de conhecimento acerca da morte gera temor. E a aversão é refletida na doação de órgãos, também marcada pela desinformação e medo. O tema, apesar de presente no cotidiano atual, é pouco compreendido inclusive por profissionais da área de saúde. Foi essa a conclusão da pesquisa realizada pela Faculdade de Enfermagem (FE) da UFG. A pesquisadora e enfermeira, Anaian Calixto, mediu o conhecimento de 250 profissionais e trabalhadores da Saúde, entre julho de 2018 e janeiro de 2019.
Os dados foram coletados por meio de um questionário aplicado em dois hospitais da cidade de Itumbiara, um municipal e outro privado. A pesquisa, orientada pela professora Regina Aparecida dos Santos Soares Barreto, aponta que metade dos profissionais e trabalhadores da Saúde entrevistados demonstraram não possuir conhecimento sobre o processo de doação e transplante de órgãos, mesmo todos sendo formados em cursos técnicos na área. Além disso, poucos profissionais demonstraram intenção em doar.
A legislação vigente é rigorosa, de acordo com a pesquisadora, ela não deixa brechas ou espaço para o tráfico de órgãos, por exemplo. Portanto, as dúvidas e preconceitos não deveriam ser tantos e tão enraizados. Dessa maneira, acredita-se que para compor uma boa equipe é necessário mais que profissionais capacitados e treinados, mas também, que acreditam e confiam no processo de doação e transplante.
Segundo a pesquisadora, fica evidente a necessidade de conscientização combinada com a implementação de programas educacionais entre os profissionais de Saúde. O Brasil é o único país no mundo em que a doação de órgãos é gratuita, no caso, financiada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a partir de um processo rígido, conceituado e, principalmente, ético.
Conscientização e formação
A doação e transplante de órgãos ainda não faz parte do currículo nas faculdades, o que justifica parte desse limbo de desconhecimento, uma vez que o profissional da Saúde é a referência para o restante da população. “Se o profissional tem conhecimento e confia no processo de doação e transplantes, vai contribuir de forma positiva para a credibilidade, ética e comprometimento do mesmo. Caso contrário, se ele demonstra não confiar e desacredita, isso passa não credibilidade para o restante da população”, afirma Anaian Calixto.
O processo de doação de órgãos é dividido em etapas: a entrevista com a família, a captação do órgão, então a logística e, por fim, a recepção, a implantação no receptor. Um só doador pode ajudar até 10 pessoas com diferentes órgãos como coração, rins, pulmões, fígado, intestinos, pâncreas, ossos, córneas e pele.
Fonte: Secom-UFG