PAPO MUSICAL
"Tico-tico no fubá" - Zequinha de Abreu (1880-1935)
Gyovana Carneiro*
Um sucesso que virou trilha de vários filmes
José Gomes de Abreu, o Zequinha de Abreu (1880-1935), era o primeiro dos oito filhos do boticário José Alacrino Ramiro de Abreu e de Justina Gomes Leitão. Como era o costume da época, a mãe queria que Zequinha fosse padre, e o pai, que se formasse médico.
Diferentemente do que a família esperava dele, aos seis anos, Zequinha já mostrava grande interesse pela música, tirando melodias na flauta e organizando, ainda durante o curso primário, uma banda na escola da qual era o regente.
Na década de 20, durante um baile, apresentou um choro e ficou surpreso com a reação entusiasmada dos pares de dança. Batizou a obra de “Tico-Tico no Farelo”. Como já existia um choro com o mesmo nome na época, composto por Américo Jacomino (1889-1928), Zequinha de Abreu resolveu intitulá-la “Tico-Tico no Fubá”.
Apesar da boa acolhida do choro “Tico-Tico no Fubá” uma gravação só aconteceu quatorze anos depois, pela Orquestra Colbaz, dirigida pelo maestro Gaó (1909-1992).
Ao longo dos anos “Tico-Tico no Fubá” foi interpretado por dezenas de artistas, sua letra sofreu várias modificações e tornou-se um dos maiores sucessos da Música Brasileira no século XX.
“Um tico-tico lá/ O tico-tico cá/ Está comendo todo, todo, meu fubá/ Olha, seu Nicolau/ Que o fubá se vai/ Pego no meu Pica-pau e um tiro sai.”
(Trecho da letra feita por Eurico Barreiros para Tico Tico no Fubá)
A música foi um dos maiores sucessos da década de 1940 e fez parte da trilha sonora de cinco filmes: “Alô Amigos”, “A Filha do Comandante”, “Escola de Sereias”, “Kansas City Kity” e “Copacabana”, quando o choro foi cantado por, nada menos, que Carmen Miranda (1909-1945).
Quanto a Zequinha, mudou-se para a capital paulista, onde se apresentava no Bar Viaduto, na Confeitaria Seleta, em clubes, cabarés, “dancings” e festas. Seu piano, conjuntos e músicas eram muito requisitados. Trabalhava também na Casa Beethoven, atraindo curiosos que passavam na Rua Direita. Como era um costume da época, mostrava ao piano, os últimos lançamentos musicais. Zequinha de Abreu era um autentico “pianeiro”.
Foi neste período que veio a conhecer o editor musical Vicente Vitale, com quem iniciaria uma grande amizade e uma ligação importante – A Editora Irmãos Vitale lançou no mercado vários dos sucessos de Zequinha de Abreu.
Dezessete anos após a morte de Zequinha de Abreu, os cineastas Fernando de Barros (1915-2002) e Adolfo Celi (1922-1986) e a Companhia Vera Cruz homenagearam o compositor com o filme “Tico-Tico no Fubá” (1952) com Anselmo Duarte (1920-2009) e Tônia Carrero (1922- 2018) nos principais papéis. Ainda hoje o Tico-Tico no Fubá faz grande sucesso.
Ouviremos o Tico-Tico no Fubá com a Orquestra Juvenil da Bahia durante o concerto de encerramento da Turnê da orquestra jovem na Europa em 2018 na Philharmonie de Paris. A orquestra apresentou a obra de Zequinha de Abreu com arranjo de Jamberê – integrante do Programa NEOJIBA (Núcleos de Estudos Orquestrais Juvenis e Infantis da Bahia).
Observe a irreverencia dessa apresentação. Os músicos tocam e dançam mostrando toda a alegria e versatilidade da música de Zequinha de Abreu.
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* Gyovana Carneiro é professora da Escola de Música e Artes Cênicas (EMAC) da UFG
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Fonte: Secom-UFG
Categorias: colunistas Papo Musical Emac